Sorte em ter você [EM PAUSA]

13- M O M

Capítulo narrado por Blair

O meu sangue corre rapidamente em minhas veias, fazendo o meu coração aumentar o ritmo. Sentia como se ele fosse sair pela minha boca à qualquer instante. Essa sensação diminuiu conforme eu afundava meu rosto nas costas de Nick, mantendo meu corpo seguro e enlaçado ao dele, para evitar todo e qualquer possível acidente.

Nunca havia andado de moto até hoje. Até o brilhante dia que precisei ser salva por um -quase- desconhecido. Desconhecia a sensação de liberdade. Desconhecia o ardor que se dá conforme a adrenalina fica em um nível elevadíssimo no nosso sangue. Não conhecia o direito de fazer o que quisesse, sem que meus pais precisassem dar piti por tudo e ameaçar tomar de mim uma das poucas coisas que fazem os meus dias parecerem fazer sentido.

Estávamos em alta velocidade e eu sentia um pouco de receio, mas o corpo de Nick estava tão rígido que senti confiança. Senti que ele sabia o que estava fazendo. Fui afastando o meu rosto do corpo dele conforme fui me acostumando ao vento espalhando o meu cabelo e o fazendo bater forte contra a pele do meu rosto e quando consegui manter o rosto em uma distância razoável, de modo que até conseguia apreciar a cidade, ouvi Nick dizer:

- Grita, Blair! - ele ordenou, com uma voz cheia de emoção.

Eu ri, sem entender.

- Por que eu faria isso? - perguntei, falando alto para que ele pudesse me ouvir claramente.

- porque é muito legal. - era notável a empolgação em sua voz. - Vai, experimenta!

Me senti contagiada pela agitação dele e gritei junto com ele assim que a nossa visão ficou escura, de forma que a pista se baseava em uma imensidão negra com uma parte iluminada pelo forte farol de uma moto. Estávamos dentro de um túnel. A minha voz saiu de dentro da minha garganta com precisão, exigência, necessidade. Naquele instante foi como se minhas forças tivessem sido renovadas. Cada dor, sentimento contrário, pensamentos obscuros e depreciativos, pareceu ir embora e se diluir no ar daquele ambiente escuro.

Me senti liberta. Tive uma pequena noção do que é ser livre.

Conforme o túnel ia clareando, mostrando que o fim estava próximo, nossas vozes foram perdendo a intensidade, até que só restou risadas estéricas.

- Isso é incrível! - disse, de maneira audível.

Senti Nick manerar na velocidade, levando a moto com mais calma na pista.

- Eu avisei! - falou e pude ver um sorriso orgulhoso nascendo nos lábios dele, através do pequeno retrovisor.

Ficamos em silêncio por todo o resto do caminho e mantive-me ocupada observando o céu, que clareava em um tom degradê que ia do azul mais escuro até uma cor meio alaranjado, que simbolizava o sol prestes a surgir sobre os nossos corpos. Estava distraída e me assustei quando a moto parou de repente, me trazendo de volta a atmosfera. Estávamos em frente a uma cafeteria, que realmente estava aberta.

- Caramba, não sabia que locais assim ficavam abertos à essa hora! - Disse, saindo de cima da moto com a ajuda de Nick.

- Muitos lugares ficam abertos à essa hora, não é só em NY que isso acontece. - Ele disse, com um sorriso escondido no canto dos lábios.