Capítulo narrado por Blair
Senti o pesar do atrito do meu corpo contra o corpo de Nick. Caímos juntos na areia fria da praia, eu fiquei por cima dele e tive esse prazer apenas por alguns segundos. O vento batia forte contra os nossos corpos unidos, enquanto tudo parecia cooperar para que Nick conseguisse se vingar de mim não só por ter jogado areia em seu rosto, mas por todas as outras coisas ruins que eu possa ter feito a ele, como, por exemplo: fingir que o beijaria e fazê-lo ficar de quatro por mim. Admito, amei ver as reações que posso causar nele.
Com ele por cima, era a minha vez de ficar vulnerável. Sabia que não tinha como fugir daquilo, até relutei, mas as forças meio que desapareceram e sentir o corpo dele sobre o meu também não é uma coisa péssima. Na verdade, é mais do que ótimo. Coloquei as mãos no rosto para impedi-lo de me acertar com areia, mas parecia inútil já que ele conseguiu tira-las de lá rapidamente. Com o rosto descoberto, eu simplesmente me preparei para receber a areia que Nick pretendia jogar em meu rosto; fechei meus olhos em um ato praticamente involuntário.
Com os olhos fechados tive todos os meus demais sentidos aguçados, o som do mar batendo nas pedras pareceu ainda mais alto e o contato dos nossos corpos pareceu ainda mais intenso. Senti minha respiração travar conforme os segundos iam passando e nada era deferido contra o meu rosto, mas nem cheguei a ousar abrir os olhos, permaneci com eles bem selados. Os toques de Nick fizeram meu corpo estremecer, e mais uma vez, eu cedi. Simplesmente cedi aos toques dele. Não entendia como mas Nick e eu tínhamos um elo muito forte, algo nele era diferente de tudo que já tinha visto, vivenciado, sentido... Sabia que ele era diferente pelo simples motivo de transmitir a mim sensações diferentes. Com seus dedos em meus lábios eu senti uma breve nostalgia, aquele toque me fez lembrar da sensação de ter os seus lábios nos meus e eu me contive, até poder vivenciar tudo mais uma vez.
Nick uniu nossos lábios, arrancando para si todo resquício de ar que havia preso em meus pulmões. Consegui fazê-lo largar as minhas mãos e levei elas até o rosto dele, explorando cada vez mais dos seus lábios carnudos que possuíam um poder avassalador. As mãos dele percorreram o meu corpo, e naquele momento eu decidi que deveríamos parar. Separei os nossos lábios e respirei ofegante no rosto dele, enquanto sentia o seu olhar em mim, naquele momento ele analisava atentamente o meu rosto e eu me senti julgada, mas de uma boa maneira.
E, então, um clima estranho surgiu entre nós, porque nenhum dos dois sabia ao certo o que falar.
- Sabia que você não conseguiria. - eu disse, em um tom provocativo.
Empurrei-o pelo peito, o afastando do meu corpo. Por mais que não quisesse. Nick ergue uma sobrancelha e colocou a mão no peito, fingindo que estava ofendido e se sentou ao lado das minhas pernas, e, então, me sentei também. Nossos olhares se encontraram mais uma vez, quis esconder um sorriso mas foi impossível. Mordo os meus próprios lábios, não queria transmitir um sorriso tão incrivelmente empolgado e parecer afoita.
- Alguém já te disse o quanto você é maluca? - Ele perguntou, com uma voz suave e natural.
- Você já. - Eu digo, tirando a mecha de cabelo que é jogada em meu rosto por causa do vento.
- Você é maluca. - Ele repete, aproximando-se mais de mim. - Eu gosto disso.
Fiz uma nota mental sobre o quanto precisava me segurar para não ceder mais uma vez, mas ao mesmo tempo parecia tão inútil, afinal, àquela altura do campeonato eu já tinha infligido todas as minhas regras. Eu ouvi as suas palavras, mas eu deixei elas serem diluídas no ar, porque eu já estava perdida demais no rosto perfeito dele para me preocupar com suas falas. Quando dei por mim estava com os dedos no queixo dele, os guiando por todo ângulo que deixava ele tão incrivelmente perfeito. Ele tentou falar alguma coisa, mas eu o impedi de proferir qualquer palavra sequer, era tarde demais pra tentar resistir.
O beijo foi se aprofundando mais, enquanto eu tentava manter a minha mente sã. A mão de Nick pousou sobre minha cintura, e me impulsionou contra ele com um simples aperto que veio acompanhado de um breve puxão. Enrosquei meus braços ao redor do pescoço dele, enquanto suas mãos faziam um interessante caminho desde a minha cintura até o meio das minhas costas. Separei nossos lábios por falta de ar, mas não ousei afastar os nossos rostos.
- Sabia que não iria conseguir. - Ele repetiu, me fazendo rir despreocupadamente em seu rosto.
A leveza que sentia era simplesmente incomensurável.
...
Desvencilhei o capacete da minha cabeça com cuidado, enquanto Nick saía de cima da sua moto e se colocava de pé ao meu lado. Voltar para o acampamento era a última coisa que eu queria depois de notar o quanto Atlantic City pode ser um ótimo lugar, quando não se está preso em um acampamento pateticamente irritante, mas eu não tinha mais nenhum lugar para ir. Eu não tinha nenhuma opção melhor.
- Então,... - proferi, esticando o capacete de maneira desajeitada para ele. - Obrigada por ter me salvado mais cedo. - agradeci, soltando um curto riso no final. Um riso que fez Nick rir.
- Tem certeza que quer ficar aqui? - ele perguntou, com uma certa preocupação que nunca tive o prazer de conhecer. - bom, você estava fugindo daqui hoje cedo. Não parece ser um ambiente agradável.
- Para ser sincera, esse é o último lugar onde eu gostaria de estar, mas, é o único lugar que eu tenho para passar a noite.
- Poderia ficar comigo. - ele disse, me fazendo corar violentamente.
Por mais que a ideia fosse tentadora, eu tenho minhas regras e eu sei que não funcionaria. Nem em um milhão de anos essa ideia daria certo. Ergui uma sobrancelha e o olhei com uma expressão duvidosa, querendo explicitar o quanto aquela ideia estava totalmente fora de cogitação.
- Meus pais morreriam. - Eu citei, colocando as mãos na cabeça. Eles seriam capazes de me matar se eu passasse uma noite fora do acampamento.
- Onde seus pais, Blair?- ele perguntou, colocando as mãos sobre a cintura e me olhando de forma provocativa.
- Nick, eu não posso. Eu adorei o dia que tivemos hoje, mas ficar com você pelo resto da noite seria abusar da sorte. - Eu expliquei. - E, à essa altura do campeonato os meus pais já devem saber da minha "fuga" e devem estar pensando em uma série de maneiras de me matarem sem serem descobertos.
Nick ficou calado. Talvez quisesse falar alguma coisa mas não achasse apropriado, não sei. Ele abaixou os olhos, como se procurasse alguma coisa de útil para me dizer e quando os olhos dele reencontraram os meus eu vi o quão confuso ele aparentava estar. Não sei o motivo ao certo, mas a minha reação foi puxa-lo para um abraço forte.
Ficamos abraçados por alguns segundos, enquanto toda a atmosfera parecia propícia a nós dois. O odor de Nick era simplesmente inebriante e ele entrava em minhas narinas com uma força incontrolável e adorável, de certa forma.
- Obrigada. - Consegui pronunciar, assim que nos separamos.
Ele sorriu em despedida e eu comecei a me afastar, enquanto o ar parecia começar a ir embora dos meus pulmões mais uma vez. Ficar naquele lugar era a cada segundo mais difícil.
- Adeus, maluca. - Ele praticamente gritou, me fazendo virar na direção dele.
"Adeus" sempre me pareceu uma palavra tão forte, com um peso tão maior do que um simples "tchau" ou "até logo". Para mim, o "adeus" é usado em situações em que você sabe que nunca mais verá aquela pessoa, como se os seus caminhos nunca mais fossem se encontrar. Estranho pensar que nunca mais noz veremos novamente. Mesmo que nós tenhamos nos conhecido ainda hoje, parece que Nick é algum tipo de super-herói, que irá me proteger de todos os males.
- Adeus, babaca. - Me despedi, sorrindo amigavelmente.
E então, eu me virei sabendo que aquela era a última vez que eu o veria em minha vida. Naquele momento eu soube que nós nunca mais nos encontraríamos, por mais que algo lá no fundo me dissesse o contrário e eu quisesse acreditar acreditar, não consigui.
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Sorte em ter você [EM PAUSA]
RomantizmBlair Lil Collins é uma garota sensível, que fora criada para ser uma mulher de grande influência, já que no futuro assumiria os negócios da mãe, uma estilista de muito prestigio. Mas Blair nunca foi como sua mãe, nunca quis atenção da maneira que s...