Você pode me chamar de avatar.

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               BaekHyun POV.

   — Façam o que quiser, não é como se fizesse alguma diferença. — falei frio, impedindo que qualquer emoção além de total indiferença soasse por minha voz. — Essa casa já é um hospício, só falta colocar um letreiro na frente da porta para anunciar aos vizinhos.

   E pela vigésima vez naquele dia, um tapa foi desferido no meu rosto. Meu pai me olhava com raiva, como se a qualquer momento ele fosse voar em cima de mim e arrancar meus olhos com um garfo. Minha mãe permanecia parada na porta, me olhando com... pena? É, pena era uma ótima forma de descrever o jeito que ela me olhava. Eu não precisava de sua pena, e de nada que viesse dela. Afinal, nunca tive muita coisa mesmo; nem mesmo amor ela foi capaz de me dar. Aquilo tudo só me fazia perceber o quanto o ser humano é um ser desprezível. São apenas fantoches, e como todo bom fantoche, eles precisavam de alguém para controla-los. Eu fazia questão de ser esse alguém. Você ficaria impressionado se soubesse o que uma pessoa é capaz de fazer para ganhar algumas notas coloridas.

    — Você está doente, BaekHyun. — e finalmente ela disse algo desde que entrou naquele quarto. Pena que foi algo totalmente estúpido. — Lá você vai se tratar, e quem sabe você consiga voltar pra sua família.

    — Família? Espero que não esteja falando de vocês, porque a última coisa que vocês são, é a minha família. — disse, e me virei indo em direção a cama. Tsc, família. Aquilo era a família pra ela?

    Eu já devia ter saído desse lugar faz tempo, mas não queria perder toda a diversão. A diversão de ver minha mãe acordada até altas horas da madrugada, esperando seu marido chegar em casa com o cheiro de outra mulher. A diversão de ver meu pai indo a falência por causa do pouco rendimento da empresa. A diversão de ver a máscara de "família feliz" cair do rosto deles. Obviamente eles sabiam que isso não iria demorar para acontecer, e que seria eu que puxaria essa máscara. Eu os deixaria chegar no topo do mundo, para que a queda fosse ainda maior e mais dolorosa. Para que isso não acontecesse, eles decidiram dar um fim nesse problema. No caso, me mandar para um sanatório.

    Para eles eu era um louco. Louco por achar que não existia pessoas boas. Louco por não acreditar que o ser humano é capaz de mudar. Louco por usá-lo apenas para conseguir algo que eu quero.

   Por que isso era considerado uma doença que existia em apenas algumas pessoas? Afinal, todos os humanos são seres controladores, que querem apenas chegar o mais alto o possível, e não se importam em quantas cabeças eles terão que pisar para conseguir isso.

      — Não me importo qual seja o seu conceito sobre família. — rolei os olhos e cruzei os braços, esperando que o poderoso chefão acabasse de falar. — Os médicos virão ter buscar daqui a pouco. 

[...]

    Aquele lugar era bem maior do que eu imaginava, e com certeza seria bem pior do que eu achava. Por que tantos seguranças? O que já tinha acontecido aqui, para que existisse tantos homens guardando os corredores? O que precisava ser tão protegido?

    Já fazia mais ou menos uma hora desde que eu tinha chegado naquele sanatório. Como um lugar conseguia ser tão branco? Ugh. Depois de passar pela sala do tal médico que me falaram o caminho todo pra cá, vesti as roupas que me deram e resolvi explorar o lugar. Chovia, e o barulho da chuva lá fora, fazia com que um pequeno sorriso frio brincasse em meus lábios. Eu gostava da chuva. Gostava da forma como ela caía, porque era isso que eu fazia com as pessoas em minha volta. Eu as derrubava.

    Parei em frente a uma enorme janela, toda fechada por vidros. Advinha só o que tinha bem ao lado dela?

   Isso mesmo, um segurança. 
     
   Sorri forçado para ele, e voltei minha atenção para as gotas de água que escorriam pelo vidro. Era uma bela imagem. O céu estava escuro, e pelo barulho e a forma como as árvores balançavam lá fora, o vento estava realmente forte.

    — Agora só falta uma queda de energia para realmente parecer uma filme. — coloquei as mãos nos bolsos da calça moletom cinza, para esquentá-las. Voltei a caminhar pelos corredores, e a forma como aqueles homens me olhava como se eu fosse meter a cabeça na parede a qualquer momento, realmente me irritava.

    Agora eu já estava em uma espécie de refeitório, e ali eu já pude ver alguns louquinhos se alimentando. Em especial, um estava me olhando. Por que ele estava me olhando? O garoto parecia hipnotizado, como se não estivesse ali. Com certeza era louco. O olhei de forma raivosa, e no momento que o mesmo percebeu meu olhar, murmurou algo que eu realmente não entendi. Mas de toda forma, ele estava me olhando e eu não me agradava daquilo. Se eu iria reclamar com ele? Claro que não. Acho que se ele tem um mínimo de inteligência, deve saber que ninguém gosta de ser observado daquela forma. Andei até uma mesa vazia, e puxei uma cadeira para eu sentar.

    E olhem só, eu não precisei ir até ele, porque ele mesmo veio até mim.

    — Você é azul. — ele falou e eu ergui uma das sobrancelhas? Azul? Do que ele estava falando? Que diabos de doença era essa que ele tinha? O rapaz continuou me analisando de cima abaixo, e eu estava fazendo de tudo para não o agredir. Mas afinal, se eu vou ficar ali, por que não ter um pouco de diversão, não é mesmo? — É a primeira vez que vejo alguém azul.

   — E é a primeira vez que alguém me diz que sou azul. — passei uma falsa simpatia em minha voz e cruzei meus braços, olhando de forma sugestiva para o garoto moreno. — Eu deveria mudar meu nome para Smurf?

    — Yah, me desculpe por isso. É que eu realmente me surpreendi. — o rapaz coçou a nuca, visivelmente envergonhado com aquilo. Tsc, patético. — Qual o seu nome, menino azul?

     — Você pode me chamar de avatar.

Sᴀɴᴀᴛᴏʀɪᴜᴍ; {chanbaek}Onde histórias criam vida. Descubra agora