Não confie em sociopatas.

180 12 0
                                    

CHANYEOL POV.

Eu não saberia dizer o que era, mas aquele rapaz realmente tinha algo que me fazia lembrar dos roxos. Por que diabos ele era azul? O que isso significava? Fiquei por alguns minutos, apenas o observando, analisando cada detalhe de seu rosto. Seu nariz fino, sua pele alva e sem nenhuma imperfeição sequer, mas o que mais me chamou atenção, foi seu sorriso absurdamente lindo. Aquilo fazia um contraste com seu rosto, - que tinha uma expressão séria -, o deixando realmente fofo. Apesar do mesmo não aparentar ser.

- Se você tirar uma foto, eu acho que dura mais. — fui tirado de meus pensamentos, ao ouvir a voz do outro. Eu realmente não tinha notado que fiquei tanto tempo o olhando, e aquilo fez com que minhas bochechas tomassem um leve tom avermelhado.

- Me desculpe, menino azul. - sorri envergonhado, e ainda meio sem jeito por não saber exatamente como chamá-lo. Talvez avatar não fosse uma ideia tão ruim. - Eu nunca te vi por aqui. É novo? - perguntei, franzindo o cenho. De uma hora pra outra, estavam aparecendo pessoas diferentes naquele lugar e aquilo realmente me preocupava. Eu costumava conhecer todo mundo. Será que eu estava ficando antisocial?

O outro garoto permaneceu calado, mesmo depois de minha pergunta. Por um segundo, eu cogitei que talvez ele não tivesse escutado, mas a expressão de tédio que ele fazia pra mim, me fez perceber que ele não estava nem um pouco afim de conversar. Eu realmente estava ficando ruim em abordar as pessoas. Suspirei frustrado, coçando a nuca e me levantando, pronto pra sair dali, até sentir uma mão em meu pulso, me fazendo olhar de volta para onde o garoto sentava.

- Espera, fica aí. - ele falou e eu me sentei rapidamente, não querendo perder a oportunidade de uma possível conversa. - É, eu sou novo aqui.

- E por que está em um sanatório?

BAEKHYUN POV.

Não, eu não tinha o mínimo interesse em falar com aquele menino, mas talvez ele me fosse útil. Eu precisava de informantes aqui dentro, mesmo que fossem informantes indiretos.

- Bipolaridade. - batuquei os dedos na mesa, enquanto olhava para Chanyeol. Eu não poderia simplesmente falar que tinha sociopatia. Ele tinha cara de quem já estava muito tempo aqui dentro, então deveria saber muito bem que não se deve confiar em sociopatas. Eu precisava que ele confiasse em mim. - Sabe como é, meus pais cansaram de todas as minhas crises e me colocaram aqui dentro.

- Oh, isso é realmente ruim, mas você não é o único aqui dentro, então não se preocupe. - sorriu, e aquilo quase me fez querer vomitar. Por que ele sorria tanto? Ugh.

- A quanto tempo está aqui dentro, ChanYeol-ssi? - apoiei meus cotovelos na mesa, e meu rosto em minhas mãos, ansioso pela resposta. - Você fala como se já tivesse uma longa estadia nesse lugar.

- E realmente tenho. Quer dizer, é mais tempo do que eu consigo contar. - o menino parecia um pouco cabisbaixo, mas mesmo assim continuou. - Aqui, um dia parece uma eternidade, então eu não saberia dizer a quanto tempo exatamente, estou aqui dentro.

- Entendo. E você conhece muitas pessoas?

- Sim, bastantes. Praticamente todas, na verdade. - riu, e então eu olhei em volta, analisando todos aqueles rostos desconhecidos pra mim. - Eu costumo pesquisar sobre as pessoas, de acordo com suas cores. Cada cor representa uma personalidade diferente, e aqui existem as mais diversas cores.

- E o que azul representa?

- Eu não sei, você é o primeiro azul que vejo. Ri falso, passando uma falsa simpatia.

Para eu ser o único azul que ele tinha visto, obviamente essa cor não representava boa coisa.

- E por isso veio falar comigo? Para pesquisar? - cruzei as pernas, ajeitando minha postura e apoiando minhas mãos sobre meu colo. Ergui uma das sobrancelha, ao ver o garoto quase pular da cadeira, pelo som estrondoso do raio que provavelmente atingiu algum lugar perto dali. Eu gostava de raios. Eles machucavam as pessoas. Eu gostava de machucar as pessoas.

- Ugh, amargo. - reclamou, e aquilo me fez franzir o cenho, enquanto eu o olhava de forma confusa. Aquele garoto era mais estranho do que parecia. Afinal, o que era amargo? - Enfim, não foi exatamente por isso...

- Ok. Vamos esquecer isso. - balancei as mãos em frente ao corpo, como se pedisse para ele esquecer. - Vamos ver se você é realmente bom em pesquisar. Aquele garoto ali. - apontei para um menino baixinho e loiro, que tinha acabado de entrar naquele refeitório e parecia procurar alguém ou alguma coisa. - Fale-me sobre ele.

Na mesma hora, ChanYeol olhou para trás, na direção da porta, e novamente aquele enorme sorriso cheio de dentes apareceu em seu rosto.

- Yu Kwon? Ah, ele é um dos amarelos. 15 anos. Esquizofrenia. Família deplorável. Abusado pelo irmão e agredido pelo pai. Um garoto adorável, apesar de seus surtos. - disse, enquanto permanecia olhando para o tal Yu Kwon.

- E aquele?

- Lee Sungyeol. - olhou para o garoto pra quem eu apontei. - Preto. Encrenqueiro. Psicopatia. 23 anos. Irmão do WooYoung e realmente uma pessoa desprezível. - suspirou, voltando a me olhar. - Você não vai querer andar com ele, acredite.

Balancei a cabeça em afirmação, dizendo que estava entendendo tudo, enquanto eu fazia uma nota mental de tudo o que ele me falava sobre os outros louquinhos. Em pouco tempo falando com esse menino, já pude perceber que era fácil tirar informações dele, então eu não podia confiar nele. Tsc, patético.

- E aquele outro? - apontei para um cara alto, de cabelos rosa, que olhava para o menino Yu Kwon sem pudor algum. Aceitavam pedófilos nesse lugar?

- Quem? - ChanYeol olhou na direção de meu dedo e sorriu, outra vez. - Ah, aquele é o Kibum. Kim Kibum. 25 anos. Sociopatia. Verde. Amor platônico pelo Yu Kwon, mas é o galanteador daqui. - voltou a olhar para mim, se aproximando um pouco mais apenas para sussurrar algo. - Não confie nele.

Bingo! Como eu imaginei. Mas é claro, qualquer pessoa sabe que não se deve confiar em um sociopata. ChanYeol soltava as informações facilmente, e aquilo facilitaria muito a minha vida ali. Eu gostava de conhecer as pessoas, sem ser conhecido. Por mais que eu gostasse de toda aquela falação do outro garoto, o fato de ele me contar as coisas tão facilmente, de certa forma, me irritava.

As pessoas realmente precisavam aprender a fechar a boca.

Olhei em volta mais uma vez, animado com os próximos dados que iria receber, e minha cara fechou, juntamente com meu punho, assim que meus olhos pararam em um rosto mais do que conhecido por mim.

Não, não podia ser. Até aqui essa figurante me seguia? Só falta me dizer que meus pais a mandaram aqui pra me vigiar. Respirei fundo uma, duas, três e até quatro vezes, conseguindo me acalmar minimamente na última vez. Meu sangue fervia só de saber que estava no mesmo local que ela, e ChanYeol pareceu perceber isso, pois na hora ele olhou na mesma direção que eu. Eu devia ter me livrado dela quando tive a chance. ChanYeol se virou pra mim, e eu pude perceber um ponto de interrogação estampado em seu rosto. Ele iria perguntar.

- Por que está olhando assim para a YooNa?

Sᴀɴᴀᴛᴏʀɪᴜᴍ; {chanbaek}Onde histórias criam vida. Descubra agora