Capítulo 11-O Escolhido de Toivo

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- O quê? - perguntei, gaguejando.
- Você é o escolhido de Toivo! - disse a mulher loira, ainda emocionada.
Fiz que não com a testa franzida.
- Desculpe, mas... O que está acontecendo? - disse, olhando para todos.
- Você ainda não entendeu? - perguntou a outra mulher. - Você encontrou Toivo - me mostrou o diamante.
O quê?
- O nome da pedra é Toivo? - apontei.
O homem-cavalo se aproximou e disse:
- Sim. Toivo está na pedra, esta que pertence a ela.
Franzi a testa.
- O quê? Como assim? A pedra pertence à... Toivo e Toivo está dentro dela?
Assentiram. Fiquei atônito.
- Como uma mulher está dentro de um diamante?
- É uma longa história - continuou o homem-cavalo. - Como se chama?
Olhei para todos, desconfiado e hesitante.
- Kalevi. Kalevi Hietala.
Eles fizeram menção, quase alcançaram seus joelhos com a cabeça.
- Senhor Hietala - disseram em uníssono e tornaram eretos.
Por que alguém se curvaria diante de mim? O que isso tem a ver com ser o escolhido de Toivo?
- Deixe-me com as apresentações - disse o homem-cavalo. Girou a cabeça para a mulher loira. -Esta é Kirsi. Água - para o outro lado, estava a mulher com o diamante em mãos. Pequena, porém atraente, olhos castanhos escuros e cabelos brancos e lisos que não alcançavam o ombro. - Esta é Sanna. Ar - o outro homem que estava na ponta era um pouco mais alto que eu, esguio, de cabelos curtos e crespos, rosto fino com aparência engraçada. - Este é Hannu, fogo, e eu me chamo Antti, terra.
Uma tela infinita de "o quê?" estava passando na minha mente.
Olhei para todos eles com um olhar indecifrável e perguntei:
- Quem são vocês? E por que os elementos depois de seus nomes? São seus apelidos?
- Nós somos os dominadores.
Franzi a testa. De novo.
- São o quê?
- O que você acha? - perguntou Kirsi. No momento em que a olhei, tive tempo somente de perceber sua mão indo em minha direção, levantando água do chão de mármore branco e me molhando inteiro. A água fria não me deixou tão em choque como o fato dela ter conseguido tirar água do chão movendo o braço. - Entendeu agora?
Sem ter o quê nem como falar, fiquei com a boca aberta, sem reação. Eu estava molhado, além de confuso - se bem que eu ainda não tinha secado a água do resort -. Todos riam de maneira graciosa. Antti pegou no braço da mulher que me jogou água e lhe disse:
- Tudo bem, Kirsi, acho que ele já entendeu.
Ela abaixou a mão enquanto ele se aproximava de mim.
- Escute, criança - ele colocou a mão em meu ombro. Tão grande e rude que parecia uma luva de baseball. - Vou apresentar-lhe o seu quarto, depois que você se vestir adequadamente, iremos te explicar tudo.
- Me vestir adequadamente? - olhei para baixo para me garantir que minha bermuda ainda estava no meu corpo. - Mas eu não estou despido.
Ele sorriu.
- Para nós, sim. Vamos, Hietala.
Somente quando eu estava acalmando, eu notei as estruturas do palácio. As paredes - interiores e exteriores - eram feitas de pedras grandes e cinzas; em contraste com o chão de mármore branco com pequenas estrias pretas mas que ainda refletia tudo como um  espelho; a luz entrava por vitrais coloridos, cada um tinha uma cor , rosa, azul, verde, roxo... A porta era constituída de duas madeiras e pareciam pesar duas toneladas e em sua direção, uma escada, que se dividia em duas a partir de um lance e subia, formando um corredor que se unia logo acima da porta; o corrimão parecia não ter fim, e era vernizado, muito brilhante.
Antti, que ainda insistia em chamar de homem-cavalo mentalmente, me guiou pela escada com as mãos nas minhas costas. As outras pessoas continuaram no mesmo lugar, e eu somente entendia "finalmente", "Toivo", "garoto", "jovem" e alguns risos. Depois de subir o primeiro lance de escada, subir mais alguns degraus e caminhar pelo corredor, olhei para o lado e notei que o homem estava rindo sozinho.
- Antti... Eu queria entender a felicidade de vocês, mas... Eu não faço a menor ideia do que está acontecendo, onde estou, quem são vocês. Vocês agem como se sentissem minha falta mas para mim, vocês são completos estranhos.
- Conforme o tempo passar e te explicarmos, você terá todas estas respostas.
- Eu vou ter que esperar quanto tempo para entender como você se transforma em um cavalo? Aquelas pessoas também eram aqueles animais?
Paramos em um quarto onde conseguíamos ver praticamente tudo dentro do palácio, desde o começo da escada até o teto. Minha perspectiva era de que o quarto ficava em cima da porta de entrada.
Antti suspirou e olhou para mim.
- Nota-se que está ansioso por respostas. Pois bem, Hietala - ele apontou para a porta do quarto -, neste quarto há um livro que tem as respostas que você quer. Talvez ele possa te dar mais perguntas do que soluções, mas para isso estamos aqui.
Dei de ombros.
- Aproveite o seu novo quarto enquanto eu lhe busco vestimentas adequadas.
Ele sorriu, fez menção e foi para um corredor e entrou em um quarto que um cavalo estava desenhado em uma maneira rústica em um escudo em cima da porta. Retornando a atenção para o que seria meu quarto, abri a porta, esta que chegou até a parede, permitiu que eu tivesse uma visão ampla do cômodo, mesmo por fora. Entrei, muito desconfiado, colocando cautelosamente pé ante pé, e notava que tudo ali tinha um estranho cheiro de coisas guardadas, como móveis que não viram luz durante um bom tempo. O quarto era muito espaçoso, e... cinza, por causa das pedras e ao mesmo tempo colorido por causa dos vitrais. A cama era simplesmente grande, caberia mais ou menos três da minha, e havia um pano transparente que era pendurado no teto e descia suavemente até o chão, fora isso, uma mesa, um guarda-roupa pequeno, uma cadeira com costas e assentos estofados - tudo de época - enchiam todo o cômodo, deixando espaço para um círculo pequeno de pedras no chão, que eu não entendi sua funcionalidade. Só do fato da porta estar aberta, um pouco de ventilação chegou no cômodo e uma pequena porcentagem de pó estava indo embora. Neste momento, tive a impressão de que a sujeira fosse se grudar no meu corpo ainda molhado.
Ouvi um suspiro e me girei sobre os calcanhares, era Antti, que olhava para todos os cantos do quarto com certa melancolia.
- Este quarto nunca mais foi aberto depois que Toivo saiu daqui. Espero que ele possa ter tanta vida como tinha antes.
- Quem é Toivo?
- Foi a mulher que deu vida, e que deu a vida para essas terras. Todas as pessoas que estão aqui, estão por causa dela. Se não fosse por ela, você nunca estaria aqui.
- Sério? Ela foi uma deusa?
- Bom, para algumas pessoas sim, para outras ela era uma rainha, mas na verdade, ela era somente a escolhida para cuidar de todos.
- Como assim? Como ela poderia ter sido três coisas ao mesmo tempo?
- Ela não era essas três coisas, mas as pessoas a endeusavam somente porque ela protegia a todos. Ela só cumpria suas ordens de escolhida de Maa Toivo.
- Maa Toivo? É onde estamos?
- Exatamente.
Abaixei a cabeça, tentando imaginar se exisitia um lugar chamado Maa Toivo no meu país, mas era muito improvável.
- Eu adoraria responder suas perguntas, mas, estou desconfortável em ver um homem desnudo.
Dei um sorriso rápido e artificial, tentando me acalmar. Não estou perto de casa, não estou perto de realidade nenhuma.
- Você provavelmente não tem o mesmo corpo que eu, então, eu pedi para que o Hannu lhe emprestasse algumas roupas.
Só neste moento, eu percebi que ele estava com um conjunto de roupa no braço, eu só via preto e branco.
Engoli seco e senti o desespero tomar o meu corpo novamente.
- Antti, o que está acontecendo? - falei rápido demais.
Ele relaxou os braços.
- Hietala, acalme-se, você está bem - ele se aproximou, colocou as mãos em meus ombros e olhou profundamente em meus olhos. - Quando você perceber, vai entender que está no lugar que deveria estar. Não há perigo aqui, pelo menos não conosco aqui.
Ele tirou as mãos de mim e colocou as roupas contra meu peito até eu segurar.
- Quando você se vestir adequadamente, podemos conversar melhor, aproveite para ler o livro que está em cima daquela mesa também.
Assenti.
- Tudo bem. Eu vou sair. Talvez seja melhor se ficar sozinho, Hietala.
- Por favor, me chame de Kalevi.
Ele olhou para mim e sorriu.
- Como quiser.
Ele saiu e fechou a porta. Por alguma razão, eu comecei a tremer, e parecia que até o interior do meu corpo tremia. O que aconteceu comigo? Onde eu estava? Girei a cabeça e o livro estava em cima da mesa, havia tanta poeira que o móvel e o livro pareciam ser a mesma coisa. Hum. Talvez ele tenha as respostas que eu preciso, mas será que vai me responder por que eu fui parar aqui?



Hey fellas! Finalmente voltei com o livro pq encontrei pessoas muito legais e que vão me dar motivação, agradeço principalmente à BananaAckles por ter conversado comigo sobre isso.
E sobre o livro que o Kalevi vai ler? Alguma expectativa? Acham que ele vai se dar bem com os dominadores? Quero feedback, comentários e estrelinhas, isso é muito legal :)

O Escolhido de Toivo - Livro IOnde histórias criam vida. Descubra agora