Capítulo 1 - A Governanta

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      Condado de Westwood, 1876

    Zelda arrumou as pregas da simples saia cinza do conjunto de viagem que usava. Estava tentando parecer o mais arrumada o possível após a longa viagem que fizera para chegar até ali.

A residência de Lorde Peterson ficava encravada em meio ao longínquo porque de Westwood, um lugar distante de tudo, principalmente das anotações londrinas.

A carruagem desligou-se da estrada passando pelos portões gradeados numa espécie de estilo gótico que assustaria qualquer donzela da alta burguesia.

O carro deu a volta em uma fonte redonda, parando de frente para a propriedade.

Ela desceu e esperou que o condutor trouxesse sua bagagem para só então se aproximar da porta imponente da mansão.

Por fora o lugar tinha uma leve aparência de desleixo. Alguns arbustos por podar, limo subindo pelas pedras rústicas que compunham a fachada da casa, a fonte no pátio carecia de uma boa limpeza. Limo infestava todo o mármore branco do qual era constituída...Estava quase se arrependendo de ter aceitado o emprego como tutora da criança Peterson, mas sua família dependia dela e do generoso salário que tal posição oferecia.

 Como não havia sinal de criado para recebê-la bateu à porta. Um longo par de minutos se passou até que Zelda ouvisse passos vigorosos se aproximando por detrás da barreira de madeira maciça.

 A porta se abriu, revelando uma senhorinha baixa e de bochechas rosadas. A mulher usava o clássico uniforme de empregada, vestido preto, avental e touca imaculadamente brancos. Os cabelos grisalhos lhe escapavam por entre os babados e os olhos verdes muito francos a examinaram minunciosamente.

- Pois não? - A senhorinha perguntou, secando as mãos no já mencionado avental.

 Zelda inclinou a cabeça para o lado, confusa. Não haviam sido informados de sua chagada?

- Eu sou Zelda Hudson, a nova governanta. - tentou demonstrar-se descontraída.

 A velha mulher pareceu processar por alguns instantes a informação que acabara de receber. Quando finalmente se manifestou esboçou surpresa.

- Oh céus! Que modos os meus! Srta. Hudson, entre! - a mulher deu espaço para que ela passasse - Eu sou a sra. Barden, Edith Barden.

 Zelda fez uma rápida reverencia, adentrando no hall em seguida.

 As paredes eram revestidas com austeros painéis de madeira escura e lustrosa, mais ou menos do mesmo tom do taco no chão. A esquerda um aparador exibia orgulhosamente a réplica de uma embarcação com dois mastros. Seu novo patrão herdara uma companhia marítma ou coisa assim.

- Querida dê-me sua capa. - a senhora voltou a se manifestar - Emma...EMMA?! - gritou.

 Uma jovenzinha uniformizada apareceu apressada, fazendo uma reverência atrapalhada para a recém chegada.

- Menina, vá chamar Tom! Peça que ele leve a bagagem da srta. Hudson até seus aposentos, depressa!

 A menina pôs-se a correr desgovernada, desaparecendo atrás de uma porta camuflada na parede.

- Srta. Hudson me perdoe por toda esta confusão. É que temos passado por uma certa...falta de pessoal para gerir a casa.

- Não há porque se desculpar, sra. Barden. Estou acostumada a casas atarefadas.

 Sendo a mais velha de cinco irmãos ela entendia perfeitamente de trabalho pesado. Talvez por isso a patroa de sua mãe a houvesse indicado para o trabalho. Provavelmente a sra. Hudson rasgara elogios a primogênita, que realmente tinha jeito com crianças e livros.

A Megera (Degustação)Onde histórias criam vida. Descubra agora