XV. Hiding from the past

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OCTAVIA

A briga rapidamente saiu do controle e antes mesmo que eu pudesse saber o que diabos acontecia já trocava socos com uma garota qualquer, quando finalmente conseguiram separar todas nós, tivemos que ficar sentadas no pátio, enfileiradas e sob o atento olhar de quatro guardas.

Busquei Lexa e as demais, porém não encontrei nenhuma, não mencionei, mas achei aquilo incomum. A briga saída do nada também era algo estranho, como se houvesse sido proposital... Balancei a cabeça negativamente.

"Você está parecendo a Emori, criando teorias malucas" me convenci e abandonei aquela ideia.

Já estávamos sentadas naquele pátio há quase duas horas e o sol começava a desaparecer no horizonte, tudo bem que havíamos feito merda, mas não era comum nos castigarem daquela forma, nos forçando a ficar sentada no chão por horas a fio sem nos dizerem absolutamente nada.

- Eu preciso usar o banheiro – choraminguei na direção de Indra, que me lançou um olhar vazio.

Alguma coisa estava acontecendo no prédio administrativo, aquela movimentação toda, ainda mais àquela hora, não era comum, tampouco estarem nos forçando a permanecer ali como se fossemos responsáveis por algo muito mais grave que uma mera briga.

Bufei raivosamente e escondi o rosto com as mãos.

- Parece que alguém morreu – Olivia, a menina que estava ao meu lado sussurrou ao meu ouvido.

Franzi o cenho em confusão e a fitei um pouco incrédula.

- O que? – olhei de esguelha na direção dos guardas, tendo certeza que nenhum nos escutava.

Olivia olhou por cima do próprio ombro e indicou a fileira que estava mais atrás.

- Elas ouviram os guardas cochichando que alguém morreu dentro da gaiola – revelou e ficou a brincar com um graveto, fazendo linhas sobre o solo.

"Emori!" me sobressaltei no exato minuto que aquela ideia me ocorreu.

- Quem morreu?! – supliquei em completo terror, ficando de joelhos e praticamente implorando aos pés de Indra. Todas as demais garotas calaram-se imediatamente, e ficaram a acompanhar a cena, como se esperassem eu levar outra surra. – Foi a Emori? Cadê a Emori? – de repente respirar tornou-se impossível, como se meu peito estivesse sido preenchido com concreto.

Não poderia ser a Emori, quem a mataria?! Por favor, que não fosse a Emori. Fazia uma prece silenciosa, enquanto Indra me encarava num ar ameaçador, um aviso velado para eu nunca mais repetir tal ato.

- Não foi a Emori, detenta, agora volte para o seu lugar e cale a boca – rosnou na minha direção e, mesmo que ainda fosse difícil respirar, senti uma onda de alívio me envolver.

"Clarke e Lexa?" pensei, mas dessa vez não tive coragem de perguntar.

**

CLARKE

Minhas mãos pálidas suavam compulsivamente e por mais que eu tentasse enxugá-las, elas prosseguiam úmidas. Fiz alguns exercícios mentais estúpidos, como se aquilo fosse, de alguma forma, ajudar minha situação, mas de nada adiantou, pois quanto mais livre minha mente se tornava, mais fácil as lembranças do corpo de Cage vinham à tona.

O cheiro parecia ter impregnado sobre meu corpo, invadindo e se incorporado ao meu DNA. Eu me sentia suja... Mas acima de tudo, eu me sentia vivendo num loop.

Cerrei os olhos e me apoiei contra uma parede, respirando profundamente. As imagens de Cage se confundiam com as do meu pai, os cheiros misturavam-se e a sensação de impotência era exatamente a mesma.

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