II. The Beginning

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CLARKE

Era noite quando o ônibus estacionou. As luzes do pátio estavam acessas e nas guaritas guardas armados olhavam para baixo com desprezo, como se não passássemos de um bando de vermes, queria ter me sentido mal, mas não senti.

Uma mulher de traços sérios nos "guiou" pelas instalações. Dela eu pude inferir duas coisas: seu nome era Indra e ninguém é louco o suficiente para ficar em seu caminho. Úteis informações.

O local era estranhamente limpo, bastante distinto da imagem mental que formei. As paredes são de um branco vivo, as camas perfeitamente organizadas, os uniformes imaculadamente limpos... Parecia um acampamento militar. Outro lugar que fui mandada antes de finalmente enfrentar meu destino.

- Detenta 091, Griffin – Indra falou e eu dei um passo à frente.

A negra me avaliou com desdém e só então indicou a beliche, saindo logo em seguida na companhia das outras duas garotas.

"Bem vinda ao lar, Clarke." refleti mentalmente e fiquei parada ao lado da cama, sem saber ao certo o que fazer em seguida.

- Você é a garota nova!

Uma vozinha estridente me tirou dos meus pensamentos. Girei nos calcanhares a fim de encará-la.

- Sim... Acho que sim, meu nome é Clarke – respondi um pouco incerta.

- Octavia – apresentou-se afavelmente – Emori, Luna e Lexa – apontou para cada uma enquanto falava.

Emori e Luna forçaram um sorriso e me cumprimentaram em retorno, mas não Lexa. Sua cara imparcial não revelava nada.

- Então, o que a traz aqui?

Octavia não tinha freios, ou bom senso, mas parecia alguém confiável, talvez fossem aqueles olhos gigantescos, ou aquele ar angelical que ela exalava.

Ri solitariamente da pergunta, como se eu tivesse tido escolha sobre minhas novas acomodações.

- Beber e dirigir – respondi calmamente.

Todas franziram o cenho, em estranhamento.

- Mas isso não leva ninguém para o reformatório – Luna constatou.

- Leva se você acertar alguém – concluí e sentei sobre a cama. – E vocês? – perguntei como se fosse algo casual. Uma conversa no pátio da escola.

Octavia sentou-se no chão, com as costas encostada contra a cama e Emori repetiu a ação.

- Assalto – apontou para si mesma – Incêndio – apontou para Emori – Tráfico e brigas – Luna – Hacker – apontou para Lexa.

Apesar de simplificado foi bastante "educativo" saber com quem estaria lidando, afinal, teríamos que dividir aquele espaço e os três beliches.

- Legal – falei na falta do que responder.

A garota alta, Lexa, crispou os lábios e rolou os olhos, eu podia ouvir claramente sua mente dizendo "idiota", enquanto ela passava por todas e subia na sua cama.

- Não ligue para ela, ela brigou por mim e mesmo assim não falou comigo por três dias – Octavia sussurrou baixinho, enquanto ela própria ia tratar de outros assuntos. Era uma espécie de "intervalo" pelo que pude notar.

Fiquei calada, apenas escutando o respirar calmo de Lexa, ou os ocasionais movimentos que ela fazia, tão sutis quanto sua própria existência.

- Me desculpe por dizer que o que fizeram é "legal" – falei baixo, mas torcia para que ela pudesse ouvir – Quando fico nervosa falo coisas estúpidas – concluí sinceramente.

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