"Ela observa a mamãe tomar um drink
Em um copo de bico que é pink
Por conta disso você não imaginaria
que ela desmaiaria embaixo da pia."
A manhã na casa da Cry Baby começou um pouco mais cedo naquele dia, Mônica acordara antes do inesperado, com uma pontada de dor de cabeça apesar de que menos forte do que o habitual, havia bebido menos na noite passada e adormecera no sofá. Algumas coisas ainda giravam dentro da sua cabeça, e poucas faziam sentido. A postura acolhedora de Margareth em relação a ela era por um lado muito estranha, elas nunca foram intimas, embora nunca tivessem tido problemas uma com a outra, mas as palavras de Margareth faziam-na pensar com clareza, a erguiam do chão e ela podia ter alguma confiança, e por um lado estava feliz com Margareth, ela sim poderia ser uma grande amiga. Há momentos em que sentia uma completa exaustão psicológica e é como se não houvesse nada em que pudesse se agarrar, e isso era muito ruim pois ela era mulher e deveria ser forte, deveria ser alguém em que as outras pessoas se apoiassem, principalmente seus filhos, mas quando o pior acontecia, era muito difícil manter o foco, e na maioria das vezes, ela apenas caía.
Daniel sempre dizia "É muita pressão", "Não aguento isso tudo" " Não estou preparado pra ser pai" "Não há nada que eu possa fazer, me sinto preso nesse casamento", e Mônica apenas assistia aquele show de horrores, ele alguma vez pensou em alguém a não ser ele mesmo? Ele realmente achava muito difícil? E ele sabia que o peso era muito maior pra ela? Mas havia alguma esperança. Daniel disse que queria conversar com ela nesse dia, eles iriam sair pra jantar e talvez pudessem resolver as coisas, deveria ser a primeira vez em muito tempo que eles apenas conversariam como pessoas civilizadas, era um passo muito importante em um casamento quase à beira do desastre.
Mônica tomou banho, arrumou-se muito dedicadamente e fez o café da manhã antes que Sam e Annie acordassem. Ela subiu até o quarto de Sam para saber o porquê demoravam tanto mas o filho não estava lá, apesar de que a cama permanecia desarrumada, e perguntou-se desde quando isso acontecia sem que ela percebesse, mas não podia culpá-lo, qualquer mãe responsável notaria a ausência de um filho. Uma lágrima desceu em sua bochecha.
Foi até o quarto de Annie, ela já estava de pé e arrumada.
-Vai tomar café, filha?
Ela me encarou, surpresa.
-Sim, eu já estava descendo pra fazer.
-Oh, não precisa, eu já fiz.
-Já fez? Como?- falou, confusa.
-Como eu sempre faço, querida. Eu não sabia que você já sabia fazer o seu próprio.
Disse Mônica um pouco surpresa, mesmo sabendo que era mentira, fazer o café da manhã cedo era um dos hábitos que havia deixado a algum tempo.
Ambas desceram até a cozinha.
-Então, filha, o que você acha da Sra. Margareth?
Annie desviou imediatamente o olhar de sua mãe.
-Ela parece gentil, por que mamãe?
-Não é nada, penso o mesmo que você. Ela tem se mostrado bastante gentil conosco.
-Sim. - disse sorrindo.
Cry baby encarava a mãe como se tentasse desvendar algo em seu olhar.
- Não está mais sob o efeito do xarope, mamãe?
Ah, o xarope pensou Mônica
-Não, filha. Estou em ....processo de recuperação.
-Recuperação?
-Sim, significa que tenho que ficar longe do xarope por bastante tempo.
-É sério? - ela sorriu
-Claro que sim. Você vai me ajudar, não é mesmo?
-Claro, mamãe.
A garota pareceu satisfeita.
Elas passaram o resto do café da manhã em silêncio.
Mais tarde enquanto Mônica esperava ansiosa, Sam acabara de chegar em casa, se encontrava bastante agitado, o cabelo despenteado e as roupas muito usadas e amassadas, não se via ali o garotinho de antes.
-Onde estava Sam?
- Na casa de um amigo... -ele fez uma pausa- jogando video-game.
-E precisava ser tão cedo da manhã?
Ele pareceu confuso.
-Não achei que ligaria.
-Eu ligo, não acha que tenho o direito de saber onde você anda e com quem?
Ela tentou desviar o olhar dos olhos extremamente vermelhos do garoto.
-Como eu iria saber? Você nunca se importou antes.
Ambos ficaram em silêncio.
Talvez ainda há tempo de consertar as coisas, ela pensou.
-Quer ir ao supermercado comigo, querido?
Ele olhou confuso, procurando sentido nas palavras da mãe.
-Porque não leva a Annie?
- Quero que você vá comigo.- falou, de maneira firme.
-Não estou afim - ele disse, por fim.
- Eu insisto
Ele bufou
-Fazer o quê?
Mônica pensou rapidamente.
-As compras do mês, e eu... eu preciso de pilulas novas.
-Pilulas ?
-De dieta.
-Você tem várias dessas pilulas no armário.
-Sim, mas, lançaram novas no mercado, e eu preciso tê-las.
Ele revirou os olhos.
-Se eles te disserem pra se matar, você vai tentar?
Ela paralisou.
-Olha como você fala com a sua...
-Olha mãe, quer saber? - disse, impaciente - Que se dane! Não vou a lugar algum.
Ele se virou e foi para o quarto, sem olhar pra trás. E mesmo que olhasse nada teria mudado, Mônica permanecia na mesma posição tentando absorver o que tinha acabado de acontecer.
Quando chegou a hora do jantar ela não poderia estar mais nervosa, arrumou-se da melhor maneira que pôde pensando em tudo o que aconteceria e se seria do jeito que imaginava, tentou esconder todo o nervosismo por trás de alguma maquiagem.
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MY NAME IS CRY BABY
ФанфикE você nunca imaginaria que mesmo ela não sendo a mais feliz ou a mais completa ela ainda estaria por perto. As vezes perdia o controle e trocava o cérebro com o coração para enfim desmoronar. Mas mesmo com a sua falsa família perfeita ou mesmo sem...