Capítulo 1- Pitter & Jonas

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Foi tão bom acordar e perceber que ele ainda estava lá ao meu lado, me olhando com aqueles olhos verdes como se quisesse me proteger do mundo.
- Bom dia, Jonas - disse  olhando para ele.
- Bom dia, Pitter, como dormiu?
- Estando ao seu lado tudo fica ótimo. - respondi.
Demos um breve beijo e nos levantamos, fizemos nossa higiene pessoal e fomos tomar café na padaria. Essa era nossa rotina desde que conheci Jonas. Eu jamais havia olhado daquela forma para outra pessoa, seja ela homem ou mulher - sim, eu já fui casado e me separei têm dois anos.

Vou contar como foi tudo até aqui.

PASSADO:
- Sandra, já estou cansado dessas suas crises de ciúmes, você está acabando com o nosso casamento, ninguém estava me olhando no bar, não! - Eu disse, já revoltado com mais uma cena de ciúme de Sandra, minha esposa.
- OK, Pit! Não vou falar mais. Eu sempre sou a errada. Aquele "viado" estava dando em cima de você mas eu sou a errada, como sempre.
- Ele não estava dando em cima de mim, não, Sandra. Ele só estava feliz e me abraçou, não sou preconceituoso igual você não, ok!?
- Tudo bem, só cuidado para não virar ''viado'' também, tá? Porque aí eu me separo de você.

Aquilo foi a gota d'água para mim. Me segurei para não meter a mão em Sandra pois essa era minha real vontade naquele momento. Porém, só de pensar que eu perderia minha razão e meus princípios, apenas bufei e tomei a decisão mais certa da minha vida.
- Eu quero o divórcio, Sandra e, quero o mais rápido possível.
- Está louco, Pit? Para, amor, foi só uma discussão.  Não precisa disso, eu te amo. Vá deitar e tire isso da sua cabeça, ok?
- Não, Sandra. Eu quero o divórcio e pronto. Eu quero você longe de mim. Já chega de toda essa situação, eu cansei. Foram 10 anos te agüentando, agora basta.
Sandra começou a chorar e assim foi durante todo o período de divórcio, o qual ela fez questão de complicar ao máximo. No fim, tudo deu certo.

Faziam-se 8 meses do divórcio. Me mudei para São Paulo e comecei a trabalhar numa mecânica - que é minha área. Um certo dia, eu estava sozinho na oficina terminando os ajustes no motor de um possante quando ele chegou. Eu nunca havia reparado em um homem, assim, com malícia mas ele - Meu Deus - era lindo, com seu cabelo um pouco grande, olhos de um verde vivo com um corpo magro e uma linda bunda. Sim, ele é muito lindo mas eu fui bruscamente tirado dos meus devaneios quando ele pigarreou e chamou minha atenção:
- Ãh, Ãh! Boa tarde! Preciso de uma troca de pneu mas não vi nenhuma borracharia por perto, você faz esse serviço para mim?
- Ah, sim. Me desculpe, claro! Você tem o estepe  do seu aí para substituir?
- Sim, tenho sim, é que eu não sei trocar - disse ele todo envergonhado por não saber trocar o pneu de seu próprio carro

Eu ri e o tranquilizei:
- Relaxa, isso é normal. Nem todo mundo sabe !
- Sim, é verdade. Quanto fica? Vocês aceitam cartão? Porque eu só estou com meu cartão de débito aqui. - disse ele, ofegante.
- Aceitamos, sim. Fica tranquilo.
Então, fui trocar o pneu de seu carro - lindo por sinal, um Kia soul vermelho todo de couro por dentro e bem cheiroso também - e ele acertou o valo. Só cobrei 20 reais pois não era nada difícil trocar um estepe. Mesmo assim, ele me deu seu cartão para caso um dia eu precisasse dele, eu ligasse.
Já havia se passado algumas semanas até que ao colocar uma calça do serviço para lavar eu encontrei o cartão de Jonas. Então, eu liguei meio com receio, ele atendeu no segundo toque:

- .... Alô! Quem é? - perguntou ele, todo calmo.
- Oi, sou eu, o mecânico. Meu nome é Pitter. Quero te chamar para tomar uma cerveja com os moleques aqui.
- Ah, claro que eu vou mas você pode me deixar aqui quieto, sabe? É uma pena ter que deixar para outra ocasião
- Ei... Calma, cara. Só liguei para te chamar para um happy hour. Tudo bem, se não puder, vou entender.
Ele ficou mudo e depois, respondeu:
- Si... Sim .. Eu vou ! Me pega aqui em casa ? Estou sem carro.
_ Ok, pode deixar! Manda o endereço por SMS, ok!?
E, assim, ele me mandou o endereço de sua residência. Era num bairro vizinho e bem chique mas eu nada disse. Apenas fui para casa e me arrumei. Tomei um banho caprichado e coloquei uma box preta apertada, uma calça jeans slim preta, um sapatenis preto, uma camisa de gola V preta com uma caveira  destacada em semi couro no meio e fui bem cheiroso.

Cheguei na casa de Jonas já eram 20:45. Ele me atendeu ainda com a toalha na cintura e eu tive ali minha primeira ereção com um homem. Entrei em sua casa. Era simples: uma sala pequena com um rack, uma TV de 32 LED e um conjunto de sofás branco gelo, tudo bem arrumado. Ele pediu para que eu o esperasse na sala que ele já terminaria e poderíamos partir para o bar. Esperei Jonas por quase 15 minutos até que ele apareceu usando uma Polo amarela, uma calça Destroyed preta bem justa e All Star preto. Estava lindo, meu Deus, eu quis muito beija-lo mas eu não podia, eu era hétero

Jamais havia sentido atração por outro homem e além do mais não sabia se Jonas curtia.
- Vamos - disse ele, todo sorridente.
- Sim, Vamos - Ri timidamente - Tem noção de onde quer ir ?
- Pode ser algum barzinho na Vila Mariana, não é?
- Sim, pode ser - respondi

Seguimos viagem até um bar na Vila Mariana e nos sentamos numa mesa na calçada.
- Casado .....? - ele perguntou observando-me ao responder.
- Separado.
- Hum... Filhos ?
- Não, foram dez anos de um casamento que foi destruído pelo ciumes da minha ex mulher .
- Ah, sim, você é um ..... É ! - Ele queria falar algo mas estava com um semblante de medo ou receio
- Pode falar, pô!
- Bom, eu ia dizer que eu a entendo. Vocêcê é um homem muito atraente e o ciúme dela talvez fosse por isso

Confesso que me senti um adolescente quando finalmente consegue a garota que quer quando o ouvi me elogiar.
- Rá! Eu sou bonito então ? Bom saber que você me acha bonito ainda. Aliás, você é lindo.
- Ah. - ele esboçou um leve sorriso - Obrigado !

A conversa à partir desse ponto foi normal: sobre esporte, carro, mulher e sobre nós.  Fomos embora eram duas da madrugada, o deixei em casa e segui para minha. Deitei e fiquei pensando em como a vida nos prega peças: Eu, um cara que já foi casado se sentindo atraído por um menino que teria idade para ser meu filho.

 Deitei e fiquei pensando em como a vida nos prega peças: Eu, um cara que já foi casado se sentindo atraído por um menino que teria idade para ser meu filho

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