Capítulo Vinte e Oito

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- Oi, Heitor? – Atendo a ligação sussurrando e espero ele responder, mas só o escuto bufando. Reviro os olhos. – Eu não posso falar alto, meus pais estão no quarto ao lado. – Digo passando pela porta a fechando.

- Eu entendi. – Diz com a voz dura e me recolho. Ele é tão grosso desnecessariamente. – E então? – Pergunta e já sei o que é, porque ele não para de me ligar para saber disso.

- Sim, hoje depois que levantei. – Digo simplesmente e mordo o lábio com força. Heitor parece ter mais medo de uma gravidez quê eu. Até parece que ele perderia algo se isso acontecesse, é claro que um filho é uma benção, mas definitivamente não seria uma agora.

- Tudo bem, eu disse que viria. Você que é apressada. – Ele sorri e solto o ar que nem percebi que segurava e sorrio junto. – Você vai ficar bem, é só descansar. Nos vemos na segunda. De volta as aulas garota. – Bufa novamente e penso que irá desligar, mas não o faz e suspiro.

- É eu sei, só levantei agora para comer, já estou me deitando. – Informo. – É, meu último semestre. – Sinto um vazio e me pergunto o que farei depois disso. – Eu só sei estudar, – Sorrio. – O que farei?

- Fica tranquila, vai fazer o mestrado e depois doutorado. – Observa e assinto mesmo ele não podendo ver.

- É. – É só que posso dizer e ouço alguém chamando por ele do outro lado da linha.

- Eu tenho que ir, parece que uma das éguas prenhas está entrando em trabalho de parto. Mais tarde ligo para você. – Ele grita algo para a pessoa e desliga a ligação simplesmente.

- É eu também estou com saudades Heitor. – Declaro por fim para o celular ao ver a tela piscando informando que a ligação acabou. – Que romântico. – Ironizo me aproximando da janela para afastar as cortinas.

Uma mensagem de Júlia aparece na tela do celular quando o coloco no batente da janela e respondo rapidamente. Ela vai vir aqui e ainda não falei sobre o que aconteceu no sítio desde o dia que cheguei à casa dos meus pais e olha que ela tentou me arrancar algo a todo custo, mas eu só queria me ver livre das garras do "será?" para poder contar algo.

Faz quatro dias que cheguei. Meus pais e os animais continuam os mesmos, agora Pedro... Ele está da mesma forma, mas agora vejo um respeito grande demais que não existia antes de eu partir. Ainda não tive cabeça para saber o que é. Só tenho mente e tudo voltado para o que aconteceu naquele dia...

Depois de tomar a pílula e ela encontrar minha corrente sanguínea minha cabeça começou a latejar. Uma náusea profunda tomou conta de mim e sinceramente me segurei muito para não colocar nada para fora.

- Se vomitar, vai ter que tomar a pílula novamente meu bem. Calma. – Heitor disse quando quase perdi o controle.

Uma fraqueza me abraçou e Heitor teve que me segurar porque não conseguia me firmar.

Eu não imaginei que ele pudesse ser tão prestativo ou carinhoso. Heitor passou a tarde cuidando de mim e assim que peguei no sono e os efeitos colaterais diminuíram, ele montou os equipamentos sozinho.

Assim que terminou foi ao quarto e me levou para tomar um banho com ele e o próprio fez uma comida leve para nós. Devido à chuva os homens nem pisaram os pés na propriedade e agradeço por isso. Não seria algo fácil de explicar a eles o meu mal súbito.

Na hora de dormir, ele me levou para seu quarto. O meu ainda estava uma zona, já que ninguém teve tempo para isso.

Heitor tirou minhas roupas e me vestiu em uma camiseta preta de algodão grosso dele, parecia mais um vestido, mas eu gostei. Calcei umas meias e ele vestiu apenas uma calça de moletom cinza.

Eu não resisto a vocêOnde histórias criam vida. Descubra agora