Capítulo Cinco

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Senti-me inútil. Como aquele homem pode me odiar a esse ponto? Tento ser simpática e gentil e só levo patada! A conversa leve que tive com Vinicius pouco antes de ver Heitor não amenizou nem de longe o que viria com aquele professor demoníaco. Como vamos nos suportar até o final do período eu ainda não sei, mas vai haver muitos conflitos e pode ter certeza, todos iniciados por ele. Porque Deus tá vendo que estou tentando!

- Foi tão ruim assim? – Felipe pergunta baixinho assim que me sento ao seu lado. – Vinicius fez algo?

- Não, ele é ótimo. – Respondo com a voz tristonha. – Foi o idiota ali na frente que me fez ficar assim... – Aponto com o queixo para o belo homem a frente da sala terminando de lançar o slide no quadro.

- O que ele fez dessa vez? – Meu amigo indaga sem muita preocupação. Na cabeça fértil dele minha relação com Heitor é de amor&ódio.

Relato o que aconteceu e ele me olha como se eu fosse um animal raro em exposição.

- Sinceramente querida, não sei por que ele tem essa aversão a você e ainda mais sem nem conhecer seus dotes desse jeito. Porque você é uma criaturinha maravilhosa e ele, bem, é quase inacreditável que esse deus grego, lindo, forte, gostoso... – O interrompo com um raspar de garganta e ele volta ao ponto da conversa. – Sim, voltando. Ele é tão educado e inteligente. Não entendo porque ele te trata assim.

- É eu também não... – Solto desanimada e volto minha atenção à aula.

A matéria é tudo que sonhei. Hoje ele explicou divinamente (claro) o primeiro capítulo e já informou que na próxima semana estaríamos iniciando nossa primeira aula prática! Isso é tão empolgante e ao mesmo tempo aterrorizante. Vou ter que passar mais tempo com meu inferno astral, que infelizmente é lindo de morrer e que me atrai como um imã atrai um metal. Aquele homem me inferniza até nos sonhos e isso vai me fazer cometer uma loucura, como riscar o carro maravilhoso dele. Fiquei curiosa, por isso pesquisei na internet, já que não entendo nada de carro além de dirigir e vi que é uma Range Rover Evoque 2015.

Enfim, a última aula é dele e por isso já me arrasto até meu carrinho popular com Felipe e encontramos Júlia no meio do caminho até o estacionamento. Ela estava conversando com um professor muito bonito dela, mas quando vi a expressão em seu rosto de derrota ao vir em nossa direção, já sei que ele é gay.

- Ele é gay não é? – Pergunto só para fazê-la sofrer.

- Mas é obvio! O vejo direto na casa noturna, a Frida sabe? Vou lá sempre às sextas-feiras. – Felipe fala primeiro todo sorridente mexendo no cabelo. Júlia apenas revira os olhos e deixa para lá. – Ah Jú, tu não sabe o quanto tá chovendo na horta de nossa gatinha aqui! – Ele diz entrando no banco de trás tocando meus ombros assim que sento no banco do motorista.

- Aaaan, conta isso direito! – Júlia já está virada para mim esperando.

- O que? Não tenho nada a relatar, quero é saber também dessa chuva ai que Lipe falou! – Respondo me esquivando ligando o carro já saindo. Eles reviram os olhos e dou apenas de ombros.

- Ela tava de falando com Vinicius antes da aula e o professor notou ela novamente. – Despacha Felipe.

- Que história mal contada! Vinicius, ok, me chamou para sair, mas não sei se vou aceitar. – E continuo rapidamente para que Júlia (agora com os olhos esbugalhados de descrença) não me interrompa. – E Heitor não me "notou" ele brigou comigo de novo, o que é totalmente diferente. Ele é um grosso e idiota!

- Está aí o motivo para sair com o Vini! Ele vai te fazer esquecer aquele trouxa do seu professor, um trouxa muito gostoso, diga-se de passagem... – Ela começa a divagar.

Eu não resisto a vocêOnde histórias criam vida. Descubra agora