Capítulo Dois

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A desgraça do meu sonho só podia ser uma premonição! Estou parada no sinal de trânsito o que parece uma eternidade e nada do vermelho pular para o verde. Já estou atrasada sete minutos e eu sei que tenho tolerância de quinze, mas com essa lerdeza com certeza não chegarei a tempo.

Meu despertador tocou incessantemente, mas simplesmente não acordei. Júlia vai para a universidade só mais tarde por isso também não me acordou. O que me fez despertar foi minha gatinha Aloha, que veio pedir comida. Seus pelinhos negros fizeram cócegas em meu nariz me obrigando a abrir os olhos e lá está ela com a patinha em minha boca com os olhões verdes me encarando.

Levantei e olhei para meu despertado quase tendo um AVC. Joguei uma água rápida no corpo já escovando os dentes, vesti a roupa que já havia separado na noite anterior (uma calça jeans escura com uma blusa de manga comprida azul marinho) e desço escadaria abaixo arrumando minha bolsa no ombro direito, enquanto tirava meu longo cabelo castanho escuro de dentro da blusa. Só passo na cozinha para pegar o sachê de Aloha e coloco no seu pratinho parando apenas para beijá-la entre suas orelhas. Corro para garagem e tiro meu carro, um popular preto fosco de segunda mão que era do meu tio, e sigo rumo à universidade.

Finalmente o sinal abriu e tento dirigir de uma forma civilizada, mas logo percebo que a movimentação está pequena e arranco o carro com tudo. Agradeço a Deus em voz alta por encontrar uma vaga com facilidade e disparo a correr pelo campus sem me importar com os outros acadêmicos a me olhar. Passo pelo prédio da diretoria, do refeitório e enfim ao meu prédio.

Ainda tenho dois minutos. Meus cabelos já estão voando ao meu redor, entrando em minha boca que está aberta buscando mais ar, já que estou correndo e não sou lá uma pessoa muito resistente, apesar de ir à academia todos os dias da semana, tirando os domingos, mas é só para ficar com um corpo legal, não é um esporte ou um estilo de vida para mim e por isso não pego tão pesado.

Vejo a porta de minha sala e quase choro, falta um minuto! Forço as pernas e graças a Deus consigo chegar a tempo. Só não contava que alguém iria abrir a porta me fazendo entrar aos tropeços para dentro do ressinto. Meus cabelos, bolsa e materiais são jogados para frente, pelo menos não caiu nada, mas quando jogo meus cabelos para trás afastando do rosto e olho ao meu redor era preferível estar deitada na minha cama agarrada a minha gata.

Aline, a que abriu a porta, está me olhando com os olhos castanhos claros arregalados e tentando segurar a risada. Os meus colegas estão me encarando com um ar cômico e noto Felipe, meu melhor amigo homem, tentando não sorrir. Ele sempre achou uma graça meu jeito desastrado, mesmo quando meus tropeços não tenha nada haver com esse meu "probleminha" de coordenação motora, os outros alunos simplesmente acostumaram por isso nem esboçam mais reações fortes.

Ouço um raspar de garganta proposital mais ou menos próximo a mim e sinceramente não estava preparada para o meus olhos estavam registrando.

Um homem alto, creio que deva ter uns bons 1,90 de altura, os cabelos loiros meio acinzentados com as laterais mais curtas e mais para o centro da cabeça com fios lisos e maiores caindo um pouco sobre a testa, os lábios cheios, os músculos aparentes sob a blusa de manga cinza escuro e a calça de alfaiataria preta um pouco justa e os olhos! Nossa aqueles olhos... pareciam duas piscinas de puro verde esmeralda.

Fico apenas ali com as pernas semi- flexionadas e a boca aberta encarando.

- A senhorita não irá se sentar? – Sua voz é grave, rouca e um pouco incrédula.

- An... Claro! – Digo baixinho e de forma acanhada, mas não me movo. Ele apenas fica a me olhar com os braços cruzados, batendo um pé impacientemente esperando.

Eu não resisto a vocêOnde histórias criam vida. Descubra agora