O Garoto e a Garrafa

Capítulo 7

Tudo estava girando ao redor da sala retangular.

Dan estava segurando-se para não desmaiar como na festa da Selena.

Selena estava segurando-se para não surtar, principalmente depois de ouvir as palavras do Mike.

Mike estava quase sem consciência do que acontecia ao seu redor.

E tia Lola estava tentando fazer o possível pelo seu sobrinho.

— Ele precisa descansar, logo estará melhor — diz tia Lola com confiança em suas palavras.

Os jovens confirmam e logo a tia sobe as escadas, exausta.

— Mike, meu pequeno, acorde — diz sua mãe com a voz suave.

— Mamãe? — indaga surpreso.

— Sim, meu anjo, estou aqui para te aconselhar — responde pegando na mão do seu filho.

Estava em um lugar com uma luz muito forte, tão forte que não permitia que Mike visse o caminho a sua frente e nem o rosto da sua mãe.

— Você precisa derrotar os espíritos maus, e só há um jeito — diz enquanto o cenário muda.

Eles estão em um lugar grande e com muitas árvores. Logo tudo fica obscuro e sombras verdes flutuam pelo ar.

— São os espíritos...— prediz o jovem em tom baixo.

— Sim, meu pequeno. Você precisa usar o seu poder para derrotá-los. Use a Galie — manda em tom autoritário mas suave.

— Mas eu perdi a garrafa, eu a entreguei... eu fui fraco — diz com melancolia.

Sua mãe passa a mão em seu rosto:

— Seu pai estaria orgulhoso de você. Ele se entregou aos nossos inimigos com a promessa de que nos deixariam em paz, mas não deixaram. Vieram atrás de mim, e vão atrás de você — responde com carinho.

Mike sente um nó se formar na sua garganta ao lembrar do seu pai, contudo não sentia raiva, não mais. Agora sabia a verdade, e sabia que ele se sacrificara para salvar a sua família.

Para salvar o legado dos guardiões.

E a Galie.

— A Galie sempre volta para a mão do seu guardião, quando ele está preparado. E você mostrou que renunciaria a tudo pelos que ama, e isso não é ser fraco, você é forte, como eu fui e como o seu pai foi— diz passando a mão no rosto do jovem.

Mike sente a coragem dentro de si entrar em erupção. Sua covardia, seu medo, foram embora.

— Eu sou Mike Miller, e sou um guardião — se apresenta com orgulho enquanto se aproxima da névoa verde.

— Adeus, meu pequeno — sua mãe se despede enquanto desparece em pequenos brilhos brancos.

A temperatura do ambiente estava tornando-se insuportável, o próprio oxigênio estava difícil de se respirar, tudo isso só pela presença dos espíritos.

— Nos entregue a garrafa, guardião — soam muitas vozes misturadas ao mesmo tempo.

— Venha pegar, sua nuvem de pum — disse com humor enquanto a névoa avançava irritada.