O Garoto e a Garrafa

Capítulo 5

— Onde você estava até agora?! Por que não atendeu as minhas ligações?! Por que faltou a detenção?! Por que o diretor me ligou?! — questiona a sua tia, muito, muito irritada — E por que sua blusa está do avesso?! — indaga por fim.

Mike se sentiu em um beco sem saída, no qual se ele voltasse pelo caminho que tinha ido, teria de enfrentar uma tia nem um pouco satisfeita. Sua tia o olhava com os braços cruzados em sinal de irritação e seriedade, deixando o ar ao redor deles difícil de se respirar.

— Bom, antes de responder o seu interrogatório, eu pergunto a você, Lola. Quando esperava me contar sobre isso? — pergunta acusatório enquanto balança a garrafa de um lado para o outro.

Lola sentiu o seu sangue gelar ao ver a tão misteriosa garrafa que tinha sido o motivo da morte da sua irmã.

— Onde você encontrou isso? — indaga com repulsa.

Lola sempre fora ensinada junto da irmã Suzanne, pela mãe, sobre a história da família delas e como ganharam o "grande presente dos céus", uma garrafa idiota. Ela abdicou do papel de guardiã, fazendo com que sua irmã assumisse o cargo sozinha.
Ela se culpava pela morte da irmã. Se ela não houvesse sido imatura e assumido a sua responsabilidade, poderia ter ajudado a irmã, e então ela não seria morta pelas pessoas que queriam a Galie. 

— Isso, eu encontrei na praia — responde ainda de pé.

— E quando você foi a praia? Tenho certeza que você teve aula a semana toda — responde acusatória.

Ela o havia posto na parede, contudo ele não tinha nada a perder, já havia perdido tudo que amava:

— Quando tinha feito mais um ano sem ela. E aí eu estava irritado por aquele homem não ter aparecido e a salvado, então eu soquei a areia e achei a Galie — continua irritado e com melancolia.

— Sinto muito, Mike. Sei que não sou uma tia perfeita, e nem seus primos, mas eu te amo. E vou cuidar sempre de você — diz enquanto abraça o seu sobrinho que já está com lágrimas rolando pela sua face.

Mike havia contado tudo a sua tia. Sobre as aulas, sobre o Prof. Paul e vergonhosamente sobre essa noite.
Sua tia acabou dando boas risadas quando ele contou sobre a Katherine​ e sobre ele descendo as escadas seminu.

Agora ele estava deitado na sua cama pensando sobre o seu dia e sobre o que a Katherine​ disse sobre a Selena. Será que ela gostava mesmo dele? Ou só estava brincando com os seus sentimentos? Ele resolveria essa questão amanhã na escola, pois já eram três da manhã.

— Selena, oi!. Posso falar com você? — pergunta Mike juntando toda a coragem do seu interior.

Como ele iria fazer isso?

A colocar na parede?

Ela que sempre fazia isso com ele, com apenas um sorriso.

— Antes eu preciso da sua ajuda — diz enquanto eles andam para uma parte mais afastada do refeitório.

Ele sente-se nervoso só de estar na presença dela, imagine contar os sentimentos que guarda em seu peito. Além dos seus problemas; como cuidar da Galie.

— Eu preciso descobrir quem está virando o nosso mundo do avesso. Como a Kat desmaiar e não lembrar de nada, o cara estranho que apareceu na minha festa, o jeito estranho do Prof. Paul. E para isso eu preciso da sua ajuda, para encontrar o culpado e deixar tudo nos seus eixos — diz ingênua.

Mike sabia que o momento para contar a verdade e tudo que estava acontecendo na sua vida, era agora. Contudo ele jogou essa oportunidade no fundo do seu cérebro, não poderia se arriscar, principalmente com a garota que ele gostava.