Capítulo 55

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Acordo sentindo alguma coisa quente no meu rosto. Abro os olhos e logo os fecho de novo. A cortina estava aberta, o que fazia os raios de sol entrarem no quarto. Levanto da cama e as fecho com cuidado. Gabe ainda estar dormindo e não quero acorda-lo. Vou em direção ao banheiro e me apresso em tomar banho. Do nada me pego sorrindo lembrando da noite de ontem. Depois de conversarmos; eu, papai, e Lua fomos até um restaurante. Devo admitir que foi um dos momentos mais felizes da minha vida. Não me lembro da última vez que troquei mais de dez palavras com o meu pai. Ele estava bastante interessado em saber da nossa vida e como estávamos. A besteira que a mamãe fez serviu pelo menos para dar um choque de realidade nela e no papai. Fez eles enxergarem o sentido da palavra família.
Sou tirada dos meus devaneios por um barulho de porta batendo.

- Pensando em mim?- Gabe pergunta se encostando na porta.

Eu desligo o chuveiro e respondo:

- Por que estaria?

- Você estava sorrindo. Não pude pensar em nenhum outro motivo pra isso.- ele sorrir convencido.

- Pois fique sabendo que eu não estava pensando em você.- eu falo me enrolando na toalha.

- Devo me preocupar, anjo?- ele pergunta tirando a roupa.

- Talvez.- ele ergue uma das sobrancelhas.

Gabe rir alto e passa por mim indo pro box tomar banho. Eu vou até a pia e começo a escovar meus dentes.

- Eu quero ir a um lugar hoje. E queria que você fosse comigo.- ele diz após ligar o chuveiro.

- Que lugar?- eu pergunto.

- Não é um dos meus lugares favoritos. Nem o mais alegres do mundo. Mas é onde eu costumava desabafar. Na verdade; com quem eu costumava desabafar...- seu olhar fica distante.- Você pode me achar maluco depois disso. Se não quiser ir eu entendo. Eu realmente entendo.

- Mas é claro que eu vou com você.- eu falo sorrindo sem mostrar os dentes.- Eu acho que até sei onde vamos...



Algumas horas depois Gabe para em frente ao cemitério. O lugar como era de se esperar; trazia uma sensação de perda. Como se algo tivesse sido arrancado de você bruscamente. Você pode até não ter perdido ninguém. Mas é como se você sentisse pelas outras pessoas. E eu estava sentindo pelo Gabe.
Saímos do carro e eu entrelaço a minha mão na dele. Ele respira fundo e exita um pouco. Mas depois entramos e com o Gabe me guiando, chegamos no túmulo da mãe dele. Gabe fecha os olhos. Eu sei que ele está se esforçando pra não chorar na minha frente.
Eu coloco as rosas brancas que comprei no túmulo e respiro fundo e vergonhada. Todos esses anos e eu nunca me ofereci para vir com ele. Parte disso por que achava uma coisa muito íntima. Não me sentia no direito de intervir. Talvez ele quisesse ter privacidade pra chorar pela sua perda. Sem precisar ter vergonha, como ele esta tendo agora.

- Amor, eu sei que não à conheci, sei que ela era a pessoa mais especial do mundo pra você, e também sei que nada do que eu disser ou fazer vai tirar sua dor. Mas eu quero que você saiba que onde quer que ela esteja; ela sente muito orgulho de você. Pelo homem que você se tornou. Pela pessoa que você é. Pelas coisas que você fez e faz. Onde quer que ela esteja... Ela esta cuidando de você e sei que nem preciso dizer que ela te amava muito.- eu falo alisando seu braço.
Ainda de olhos fechados, vejo seus lábios tremeram. Não demora muito e uma lágrima seguida de várias, escorrem pelo seu rosto. Ele abre os olhos e percebo que estam muito vermelhos.

- Um dia...- ele começa a dizer com a voz falhada.- Estávamos no quintal de casa, tínhamos acabado de nos mudar. Eu tinha sete anos, então eu perguntei pra ela...

- Mãe, o que é o amor?- eu pergunto entregando a flor que eu tinha acabado de arrancar.
Ela pega a flor da minha mão e prende atrás da orelha.

Além Do Meu Mundo 2 {Concluída}Onde histórias criam vida. Descubra agora