ll

5 1 0
                                    


Alex fez companhia á Vic até ela adormecer no sofá. Cobriu a garota e foi para o quarto. Podia ter deixado a garota dormir na sua cama, ele não ia deitar de qualquer jeito, mas queria ficar sozinho no quarto.

Foi para o computador mas estava sem Internet.

'' Burro '', ele pensou, se atirando na cama.

Quando começou a relaxar, notou que a chuva fazia um barulho diferente. Agudo.

Ouvia miados. Miados constantes entrando pela janela. Olhou para a rua, mas a escuridão reinava. A chuva consumia as luzes dos postes, por isso pegou sua lanterna. Após um pouco de procura, viu um gato, já adulto e de pelo laranja, preso em cima de um caminhão em frente ao seu prédio, rodeado de água.

Observou o animal por um bom tempo, esperando ele ser resgatado ou levado pela água. Só queria seu silêncio de volta. Ninguém havia notado o coitado, apenas Alex. Alex sabia que precisava fazer algo. Mas como? De jeito nenhum iria nadar na água com aquela correnteza.

Foi até o quarto de Jonathan e procurou embaixo da cama. Achou. A prancha de surf que Jonathan usava no verão. Era comprida e bem resistente, agora só precisava de algum tipo de remo. '' Ou corda.'' Alex tinha um equipamento de escalagem, presente de seu avô, que nunca havia sido usado. '' Com certeza vou usar essa corda ao invés de um elevador.'' pensou irônico, quando ganhou o presente.

Colocou um casaco impermeável de cor laranja, a prancha de surf embaixo de um braço, a corda enrolada no ombro e a lanterna na boca. Desceu até o térreo com a ajuda das luzes de emergência do prédio, onde a água estava na altura do joelho. Fez um nó de caubói na ponta da corda e depois de inúmeras tentativas acertou o espelho retrovisor do caminhão. Enrolou a corda no pulso, sentou na prancha e começou a puxar.

Ao chegar na beira do caminhão, precisava saltar para o capô. Não havia como segurar a prancha, e no momento notou a situação em que se meteu. Era a prancha ou o gato. Era a prancha super cara de Jonathan ou um gato desconhecido.

A prancha foi levada com a correnteza enquanto Alex pulava para o capô.

Subiu no caminhão, ainda com a lanterna na boca. Esticou os braços e foi em direção do gato. Incrivelmente o gato recebeu Alex muito bem, deixando ser pego no colo. Agora precisava pensar em como voltar.

Abriu o casaco e colocou o gato lá dentro. O plano era se atirar na correnteza, muito mais á frente da entrada do seu prédio, e nadaria para a frente enquanto a correnteza o levaria para o lado, assim chegando á porta. De cima do caminhão se jogou para a frente e começou a dar braçadas. O gato dentro do seu casaco foi á loucura, jogando as garras na barriga de Alex tentando escapar do afogamento.

A água gelada o lembrou de quando seus ''amigos'' de escola botaram gelo na sua cueca. Sacudiu a memória da cabeça e se concentrou nas braçadas.

Ao chegar na porta, Alex meteu a mão dentro do casaco, puxando o gato para fora, que se contorcia buscando liberdade. Segurou o felino longe de si com uma mão, e a outra abriu a porta. Enquanto subia as escadas o gato foi tomado pelo cansaço. Ao entrar no apartamento o gato molhado já era um animal dócil e calmo.

Alex o enrolou em uma toalha e foi para o banheiro. Estava arranhado da barriga ao pescoço e a camiseta aos trapos. Entrou pra baixo do chuveiro, e gemia levemente com a água quente passando pelos arranhões.

RainmanOnde histórias criam vida. Descubra agora