IV

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Após ambos tomarem banho e secarem as roupas no secador do banheiro, decidiram explorar o frigobar.

Não tinha muita coisa. Alguns potes com algo que foi descrevido por Vic como '' um sagu salgado'', que fez Alex rir alto, e uma jarra de azeitonas com algas por dentro.

Ambos comeram tudo como se fosse um bom prato de arroz com feijão, e então tomaram um suco de maçã que estava no mini-bar.

Após comer notaram que o gato não havia comido nada. Só observava os humanos, pensando em comer suas orelhas enquanto dormiam.

Alex então foi para o corredor e começou a arrombar porta por porta, atrás de algo comestível para o gato. Achou um pote com lagosta velha, um leite vencido, e então um cesto de pão duro.

Quando voltava para ''seu escritório'', achou ter ouvido alguma coisa nas escadas. Foi em direção ás escadas, andando na ponta dos pés descalços.

- Alex? O que tu tá fazendo? - Vic gritou do escritório.

Alex chacoalhou a cabeça e voltou, dando uma última olhada por cima do ombro.

Amoleceu o pão com água e deu para o animal comer.

Quando o gato se deitou no sofá para dormir, os jovens fizeram o mesmo, e só acordaram quando algo bateu na porta.

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Subiram até o 4.º andar, Fred tirou a chave do bolso e abriu o escritório do pai.

Os garotos jogaram as sacolas em cima da mesa e começaram os preparativos. Amassavam os comprimidos e misturavam com os conhaques e whiskys do pai de Fred. Após usarem metade de uma sacola, sentaram juntos no sofá, bebendo e jogando xbox. Depois de algum tempo Fred apagou, deixando o outro rapaz sozinho.

Então começou a barulheira. Ele sabia que vinha do andar de baixo, mas não tinha certeza do que era. Será que tinham sido seguidos? Será que eram ladrões?

Pegou um taco de golfe e desceu as escadas devagar.

Chegando lá esticou o pescoço para baixo.

Viu um jovem arrombando portas. Entrava nos escritórios e em poucos segundos saía com alguma coisa na mão. Então viu o rosto dele. Soltou um riso frouxo.

Teve medo de ser ouvido. Sentiu o jovem se aproximando, e ficou quieto sentado na escada.

Ele não acreditava no que havia visto. Abaixou a cabeça e sorriu.

'' Essa noite vai ser longa. Longa e divertida.''

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Alex, Vic e o gato pularam de susto com o grande barulho na porta. Estava tudo escuro, fora o abajur no centro da sala ligado, e chovia forte na rua.

Da porta sairam dois rapazes.

- Ah, mas que surpresa agradável. - entrou Jonathan, falando desnecessáriamente alto.

Fred forçava umas risadas, desconfortável.

Cada um carregava uma garrava com alguma bebida alcóolia em cada mão. Eram quatro no total, e todas dopadas de remédio.

- Jonathan?! O que tu tá fazendo aqui? - perguntou Vic.

- Ah, qual é pessoal. Eu que deveria fazer essa pergunta. Mas não precisamos disso. VAMOS NOS DIVERTIR!

Jonathan entregou uma garrafa para Vic e outra para Alex.

- Que tal um joguinho com bebida? Quatro jovens presos dentro de casa com um tempo horrível na rua, já deveriamos estar todos bêbados.

Alex não abriu a boca. Preferia ter de lidar com Hitler do que com Jonathan.

Começaram a jogar algo sujerido por Jonathan, mas Alex não entendeu as regras. Só dava um gole quando era mandado.

Começou a se sentir tonto, e foi no banheiro. Jogou água no rosto e abriu uma janelinha. Respirou fundo com a cabeça pra fora, puxando todo o cheiro da chuva para seus pulmões.

Com os olhos fechados, se lembrou de quando tinha cinco anos de idade.

Uma tempestade com trovões mais barulhentos que tiros de fuzil começou durante a madrugada, e seu irmão mais velho com seu pijama das tartarugas ninjas correu para o quarto dos pais. Alex desceu da cama e foi até a cozinha, onde havia uma janela de onde foi possível ver as luzes que dançavam no céu e o vento que chacoalhava as árvores. Abriu a porta do pátio e foi para a chuva. De pé com o rosto virado para cima, encarou o céu, piscando os olhos quando alguma gota entrava neles. Depois disso, escuridão.

Parou de devanear quando ouviu os garotos gritando ''vira, vira, vira...'''.

Chegou á tempo de ver Vic dar o último gole da garrafa e imediatamente cair para trás.

Alex á agarrafou pelos ombros e a cachoalhou, mas a garota não estava mais ali.

- Hurr, pronto. Agora que ela já tá fora de cena, temos assuntos a resolver querido Alex. - disse Jonathan.

Alex encarou Jonathan com um ar confuso e um pouco de raiva, enquanto fechava os punhos.

- Ah, qual é Alex. É só eu sumir que tu já tá na volta da Vic. ELA É MINHA GAROTA, ENTENDEU? - Jonathan berrou, andando em direção a Alex e lhe dando um soco na bochecha.

Alex caiu no chão.

- Eu nunca gostei de ti mesmo. Muleque bizarro do caralho. Fred, levanta ele.

Fred foi botar suas mãos em Alex, que segurava uma das garrafas atrás das costas. Sem pensar duas vezes á quebrou na cabeça de Fred, que caiu duro no chão.

Correu em direção á porta.

Automaticamente Jonathan correu atrás. Alex chegou no andar térreo, e não conseguiu correr com tanta velocidade. A água já estava nas suas coxas. Estava na metade do corredor quando Jonathan chegou.

- NÃO ADIANTA CORRER CARA. NÃO TEM PARA ONDE IR.

Jonathan se jogou no corredor e perseguiu Alex, furioso.

Alex chegou á porta mas a pressão da água era forte demais e não o deixava abri-la.

- Calma Jonathan, é tudo um mal entendido. Não precisamos fazer isso..

Jonathan não o ouviu, agarrou sua cabeça e o jogou contra a porta. Chutou Alex no estômago até ele sair da frente da porta, e então quebrou os vidros da porta com chutes, aliviando a pressão da água e abrindo a porta.***

Levantou Alex e o jogou na rua.

Chovia muito, e Alex se encontrava submerso na água, somente com a cabeça para fora. Começou a se levantar devagar, então Jonathan lhe chutou a sombrancelha. Sentiu algo quente em meio á toda aquela água gelada. Era sangue.

Jonathan viu o desespero de Alex ao ver o próprio sangue derramar, e começou a rir. Estava apreciando o momento. Se sentia o rei daquela cidade inundada.

Alex tentava desesperadamente segurar o sangue que jorrava do corte no seu rosto, mas não adiantava. Logo a água ao seu redor ia ficando avermelhada, e já não enxergava do olho esquerdo.

- É por isso garotão, que pessoas como você tem que aprender o seu lugar. Senão isso acontece.

Jonathan terminou de falar, o que ele não sabia é que seriam suas últimas palavras.

Um tubarão emergiu da rua alagada e mordeu Jonathan da cabeça até a cintura, arrastando o garoto para a morte.

Alex levantou, empurrou a porta, e caiu diversas vezes até chegar ás escadas. Seu coração parecia pular do peito. Depois disso, apagou.

RainmanOnde histórias criam vida. Descubra agora