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Estava com a cabeça enfaixada. Doía e latejava. Parecia que alguns rottweilers estavam presos lá dentro, latindo e correndo buscando uma saída.

Vic notou que se mexia levemente, então levantou sua cabeça e o apoiou nas pernas.

- Alex, tu se lembra do que aconteceu? Quero dizer, me lembro do Jonathan chegar, e então de mais nada. Acordei sozinha, e te encontrei jogado nas escadas, coberto em sangue.

Os olhos de Alex estavam grudados na garota loira, mas ele não a via. Só tinha em mente a cena, o tubarão, Jonathan sendo levado...

Virou o rosto para a janela, e não chovia mais. O sol estava forte, brilhando como nunca, e por um momento Alex acreditou estar tudo bem. Ficou feliz em ver o sol, talvez pela primeira vez na sua vida.

Não tinha coragem de contar para Vic o que aconteceu. Nem ele acreditava. Deu alguma desculpa esfarrapada, de ter escorregado e se machucado sozinho após os garotos terem ido embora.

No final da tarde, a maioria da água havia escorrido, e foram para casa.

       1 SEMANA DEPOIS

Alex passara todo o tempo trancado em casa. Vic tentava lhe fazer algumas visitas, mas ele não abria a porta.

O pessoal começou a voltar para a cidade. Todos preocupados com suas casas e comércios. Em pouco tempo a cidade já estaria limpa e em ordem. Jonathan não havia voltado. Quando Alex conseguia dormir, que já era raro, acordava 2 horas depois e ia checar o quarto do seu colega de apartamento. E como sempre o encontrava vazio.

Como de costume ouviu batidas na porta.

'' Ela não desiste'', Alex pensou.

- Alex Moore, abra a porta agora ou teremos de arrombá-la. Sabemos que você está aí. - Era uma voz grossa e séria. Seja lá quem fosse não estava de brincadeira.

Alex abriu a porta, e foi atacado no mesmo segundo.

Jogado com o rosto no chão, um policial o segurava enquanto outro o algemava. Alex não fez nenhum tipo de esforço para sair dali.

- Alex Moore, você tem o direito de permanecer em silêncio, tudo o que você disser poderá e deverá ser usado contra você no tribunal. Você tem o direito de ter um advogado presente durante qualquer interrogatório. Se você não puder pagar um advogado, um defensor lhe será indicado. Entendido?

- Uhum. - Alex gemeu. Não entendia o que estava acontecendo.

Enquanto era levado pelos corredores, Vic o olhava com o gato no colo.

- O que aconteceu Alex? - ela perguntou, com medo.

- Eu não sei...

Ao sair do prédio e ser jogado dentro de um carro da polícia, viu Fred do lado de fora, com parte da cabeça raspada e uma bela linha de pontos na cabeça.

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Ainda algemado, foi forçado a sentar em uma sala minúscula, com uma mesa no centro, uma tv antiga com um dvd embaixo, uma parede de vidro e um policial á sua frente. Famosa sala de interrogatórios.

- Vamos lá garoto, ambos sabemos o que você fez. - disse o policial. - só queremos saber o porquê.

Alex tentava coçar o queixo, mas as algemas o impediam.

- Eu não tive nada haver com o que aconteceu. Não sei o que você ficou sabendo, mas sou inocente... - ele disse, em voz baixa e com a cabeça mais baixa ainda.

- Inocente? HAHAHAHAH, talvez isso vá refrescar sua memória.

O policia colocou uma fita no dvd e saiu da sala em busca de mais café.

A fita começou. Foi gravada por uma câmera de segurança na entrada de um prédio totalmente preto, com uma visão ruim pois chovia demais e estava escuro. Logo Alex apareceu, jogando Jonathan para fora do prédio. Quebrou a porta de vidro e pegou um dos cacos que caíram. Levantou Jonathan pela camisa e lhe cravou o estômago repetidas vezes, até que o rapaz só gemia e cuspia sangue pela boca. Continuou mantendo o rapaz de pé, e conversava com ele. Por fim cravou o caco no pescoço e soltou Jonathan para trás, sendo levado pela água. Depois entrou no prédio, como se nada tivésse acontecido.

E então lá ficou Alex, sozinho naquela sala, chorando em silêncio.

RainmanOnde histórias criam vida. Descubra agora