A mansão Todervauser

Escola, oh não!

No dia seguinte eu acordei com os gritos irritados da minha mãe na sala. Ela podia ser escutada por toda mansão. Eu desci apenas de pijama para ver o motivo de tamanha algazarra!

- Não! Petrônio, nossa filha é muito delicada e educada para entrar num antro desses!

- Deixa de ser exagerada, Lígia!

- É uma escola pública!

- Não temos dinheiro para uma particular!

- Temos sim! Seu Pão duro!

- Acontece que precisamos economizar para manter essa sua vida de luxo e a escola é boa.

- O que está acontecendo aqui?- me intrometi antes que ficasse pior.

Meu pai me encarou sério, mas logo suavizou a expressão.

- Sua mãe e eu vamos daqui à pouco fazer sua matrícula na escola da cidade!

- Eu não vou!

- Escola?- eu disse chocada.

- Liguei ontem mesmo para a diretoria da escola e há vagas! É só a matrícula ser feita ainda hoje. As aulas começam semana que vem! Pronta para o ensino médio?

- Claro!- eu disse desanimada.

Meio decepcionada eu voltei para o quarto e me deitei na cama com a intenção de voltar a dormir, mas não deu. Perturbada e sem sono eu tomei um bom banho e vesti uma roupa decente e desci para o café.

Sem meus pais em casa e com a única empregada no mercado, eu resolvi sair para conhecer os adolescentes da cidade.

Primeiro fui ao shopping e andei pela loja de esportes e a praça de alimentação.

Andei pela pista de skate.

Pelo clube público.

Pelo parque.

Não falei com ninguém. Apenas observei. Vi grupos de adolescentes e suas atitudes. Só ajudou a me sentir ainda mais excluída. Não uso as mesma roupas, não tenho uma tribo, não tenho amigos, mal saio de casa, nunca fui à escola, moro numa mansão onde todos julgam assombrada. Estou perdida.

O resto do dia foi monótono! Almocei, assisti televisão, ouvi música, dormi, jantei, dormi.

O dia seguinte foi sexta. Mesmo a contragosto minha mãe me levou ao shopping para comprar os materiais.