A mansão Todervauser

O quarto de Frida!

Assim que entramos no meu quarto, que deve ser o cômodo mais simples da casa, eu liguei o jogo que até hoje não sei ler o nome, mas é japonês, e nos sentamos na cama.

Estava tudo indo muito bem até ouvirmos batidas leves na parede. Eu sempre ouvi esse som. Quando eu era criança morria de medo, mas meu pai dizia que eram ratos.

- Que que foi isso?

- Ratos. Ouço essas batidas sempre.

- Tem algo na parede! É o capiroto! Deve ser o cientista.- ele pulou na cama e caiu no chão.

- Deixa de ser idiota!- joguei uma almofada nele.

Me levantei e fui até a parede atrás da televisão. Passei a mão pelo papel de parede de bolinhas e senti um buraco.

- Tem algo aqui.

- Ai, senhor!- Ele gritou mordendo a almofada.

Observei com cuidado. Havia uma porta atrás do papel. Meti o dedo no buraco da fechadura e puxei, rasgando uma parte, rasguei o restante, até a porta ficar completamente visível.

- É uma porta!- Adriano disse se levantando e vindo até mim.

Eu girei a maçaneta e a porta se abriu.

Havia uma sala grande ali,com paredes de pedra e sem janelas. Tinha uma cama e um livro em cima.

- Só tem a cama e o caderno.

- Vamos ver!

Peguei o livro que tinha a capa grossa, feita de um couro estranho e bem antigo. O livro tinha o brasão de Todervauser e as seguintes inscrições: " O livro dos castigos, não abra."

- O livro dos castigos, não abra!- repeti em voz alta.

- Então não vamos mexer, deixa aí.

- Vou levar comigo.

Coloquei o livro debaixo do braço e saímos do quarto. Me sentei na cama enquanto Adriano dava um jeito de trancar a porta.

Sem que ele percebesse eu abri o livro. Era manuscrito. A primeira página dizia:

" Eu sou Frida e este é meu caderno de castigos! Meu amado tio diz que é pra dar exemplo as futuras gerações. Toda vez que sou desobediente escrevo sobre meus atos irresponsáveis. Meu tio não percebe, mas eu não sou mais uma menina boba que acredita em tudo. Tenho dezoito anos! Há um pretendente alemão que me pediu a mão em casamento ao meu tio. Mas com esse tal que nunca vi não me caso! Eu amo Pedro e é com ele que vou ficar! É por isso que estou de castigo. Mandei um negro ir até a casa de meu amado avisar dos planos de meu tio. Tio Albert ficou furioso..."