Adriano

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A professora de sociologia fez os outros alunos se apresentarem e eu tentei decorar o nome de alguns.

- Eu sou o Gabriel, todo mundo me conhece e é isso aí. Valeu quebrada!- o menino magrelo de olhos azuis falou de um jeito tão engraçado que toda a sala riu.

- Adriano, mas pros íntimos é Drew.- o garoto negro de cabelo estiloso disse.

Até que foi engraçado! As duas primeiras aulas foram sociologia, os alunos se apresentaram e a professora pediu um texto sobre quem somos na sociedade, que acabou ficando para a lição de casa.

Enquanto o próximo professor não chegava, parte da classe ficou berrando na porta da sala e outra parte conversando. Eu me mantive sentada, observando. A escola, no momento, não é de todo mau!

- Todos para dentro!- uma voz masculina, aparentemente muito estressado, gritou do lado de fora da sala.

Todos os alunos se sentaram em seus lugares e um professor alto, barbudo e cabeludo entrou.

- Sou o professor Arnaldo! Dou aula de matemática! Vou fazer a chamada.

Ele se sentou na mesa, abriu uma pasta preta que a outra professora deixou lá e começou a ler.

Ele gritou o nome dos alunos e em resposta os alunos diziam: - presente, aqui, eu! Quando o professor gritou meu nome:

- Mia!

- Miau...- Gabriel respondeu antes de mim.

- Presente!- eu respondi em meio as risadas.

O professor fechou a cara e observou Gabriel por longos segundos.

- Tá achando engraçado zoar com a minha cara? Eu também vou achar muito engraçado quando sua mãe estiver assistindo aula com você.

A sala ficou em silencio e o menino magrelo se encolheu na carteira. O professor continuou a chamada. Depois Arnaldo falou um monte de regras chatas, como não levantar da mesa ou conversar durante a aula.

Ele passou uns exercícios de revisão bem fáceis e corrigiu na lousa. Foram duas aulas com ele até que o sinal do intervalo tocou e todos os alunos desceram para o pátio.

Zoraide havia deixado um sanduíche de peito de peru, queijo e alface na minha mochila.

Eu me sentei num banco para observar os alunos. O Gabriel, o Adriano e mais uma garota se aproximaram.

Gabriel- Você é a Mia,né?

Eu- É.

Garota desconhecida- Dá um pedaço?

Eu- Primeiro me diz seu nome e por favor.- eu disse já rasgando um pedaço do lanche com a ponta dos dedos.

- É Clarita! Por favor me dá um pedaço.

Eu sorri e dei um pedaço para ela.

Gabriel- Você é bonita!- Ele disse do jeito engraçado de sempre.

Eu- Você é uma figura, cara! Como não nos conhecemos antes?

Gabriel- É mano! A gente é o casal perfeito!

Adriano- Só que não! Desculpa, Mia? Ele não tem uns parafusos.

Eu- Eu gosto da falta de parafusos dele!-eu ri- Vocês são legais!

Clarita- Eu sei que sou demais! Você gosta de kpop?

Eu- Só ouvi uma ou duas músicas do bts! Não sou uma fã enlouquecida.

Gabriel- Ela é.

Rimos dos trejeitos de Gabriel.

Clarita- Verdade que você é metida a rica e estudava em casa?

Eu - Que?

  Clarita- Foi o Gabriel que falou.

Olhei séria para Gabriel, que me respondeu com um sorriso torto.

Eu- Como é que é?

Gabriel- Há! É que você parece tão rica! Roupa de marca, sanduíche com peito de peru e queijo caro, estuda em casa, chegou num mó carrão...

Eu- Meu pai é bem planejado e minha mãe uma fresca. Não somos ricos.

Todos eles fizeram um Hummm sonoro e se sentaram ao meu lado no banco.

Conversamos sobre assuntos aleatórios por quase dez minutos, até que o sinal do fim do intervalo bateu.

A quinta aula foi de educação física, a professora era uma jovem ruiva baixinha que explicou sobre suas normas a aula inteira.

A última aula foi com a professora de Filosofia, Patrícia, que pediu um trabalho em dupla para sexta feira.

- Vocês preferem separar as duplas ou querem que eu faça isso?

Os meninos começaram a falar várias coisas ao mesmo tempo e a professora precisou gritar para ter silêncio. Os alunos começaram a montar as duplas e eu não tinha intimidade com ninguém.

- Ei, tá sem dupla?- Adriano disse bem no pé do meu ouvido me fazendo arrepiar.

- Estou! Faz comigo?- fiz cara de pidona.

Ele sorriu de um jeito carinhoso e diz um tá bom sem jeito. A professora fala sobre suas regras para o trabalho e nos dá o tema: Grécia antiga.

No final da aula, enquanto eu recolhia minhas coisas para ir embora o Adriano chegou perto de mim:

- Podemos começar hoje?

- Pode ser!

- Na sua casa? É que minha casa é apertada e meu padrasto não gosta de visitas.

- Ótimo. Vamos direto pra minha casa, a empregada faz nosso almoço e podemos usar a biblioteca da minha mãe.

- Então, vamos? Você mora longe?

- Vamos! Eu moro aqui por perto.

A mansão TodervauserOnde histórias criam vida. Descubra agora