By Myself.

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Kaylee's P.O.V. Mode = ON

Se eu disser que não estou com medo, eu sou uma mentirosa. Talvez eu devesse ter aceitado a ajuda de Mike, mas não, eu tenho mania de ser orgulhosa.

"Agora enfia o orgulho no cu e voa. Bem feito." Minha consciência gritava, mas só eu escutava.

E lá estava eu, Kaylee Foxen, no aeroporto, fuxicando minha bolsa e apanhando os documentos necessários para o check-in. Portão 3, meu vôo seria o terceiro... Aproveitei para tomar um café e checar meu celular. Já era de se esperar que eu veria dez mensagens de Mike:

"Você está bem?" A mensagem me fez rolar os olhos, Mike é um urso ou meu namorado?! Porém sorri, esse cuidado todo prova que ele se importa comigo e, de certa forma, me sinto especial.

"Estou. Não se preocupe. Xoxo." Respondi prontamente, bebericando meu café.

O tempo que eu fiquei sentada naquela mesinha passou voando, uma vez que tive que agilizar para chegar ao Gate a tempo. Embarquei e a viagem era curta, mas eu não tinha os pulsos do Mike para apertar... Ri sozinha com a lembrança e encostei a cabeça, logo adormeci.

"Tripulação, preparar para aterrissar." Ouvi a voz do piloto soar pelo avião. Ajeitei-me na poltrona e, logo, aterrissamos. Aquela muvuca padrão pra sair, pegar mala... Típica parte chata. Peguei um Uber para casa e passei um tempo com a minha mãe, mas eu nunca diria o real motivo para eu estar lá:

— Você está cada dia mais linda. – Disse minha mãe e pude jurar que seus olhos brilhavam. Sorri.

— Eu vou recuperar toda a minha memória, eu juro. – Arqueei uma sobrancelha. – Vou dar uma saída. – Sorri.

Ao sair de casa, meu celular vibrou e eu já suspeitava... Provavelmente eu estava na mira daquela pessoa que me torturava por simples SMSs.

"Boa garota. Agora, uma charada para descobrir aonde sua amiga está: você amava este lugar quando criança, até uma tragédia acontecer... Xxx" Dizia a mensagem. Fechei meus olhos, apertando-os, forçando minha memória, que não era uma das melhores, se é que me entendem. Logo, alguns borrões começaram a aparecer...

FLASHBACK = ON
— Ande! Eu também quero dançar! – Olhei para cima. Papai e mamãe eram muito altos para mim!

— Venha aqui, então... – Papai me ergueu, e começamos a valsar.

Logo, bocejei. Mamãe me levou para meu quarto e adormeci. Mas não durou muito tempo, ouvi barulhos esquisitos... Talvez explosões... No dia seguinte, papai não estava mais em casa e, por algum motivo, eu não podia mais entrar no jardim.
FLASHBACK = OFF

Cambaleei para trás com o flash que invadiu minha memória. Chacoalhei a cabeça. O jardim. Mas, como...? Corri para dentro de casa para apanhar a chave e logo adentrei ao jardim, começando a vasculhar o mesmo. Gritava por Celina, até que ouvi resposta:

— Celina! – Corri até ela, que estava presa em uma gaiola enorme de pássaros, antiga e velha.

— Kaya! – Ela me abraçou quando a tirei de lá. – Você recuperou a memória? – Perguntou ela e meu olhar caiu.

— Quem fez isso com você? – Indaguei, indo direto ao ponto.

— Eu não sei. – Deu de ombros. – Eu tomei uma porrada na cabeça e acordei aqui.

— Deus... – Dei um tapa em minha própria testa. – Fique atenta, Celina... Tem uma pessoa, ou mais, me enviando mensagens anônimas ameaçadoras! – Confessei.

— E por que você não vai à polícia? – Indagou Celina.

— Porque eu não tenho provas de nada que essa pessoa faz, as mensagens simplesmente somem do meu celular! – Esbravejei.

— Ficarei atenta. – Disse Celina.

Acompanhei Celina até sua casa, certificando-me de que ela chegaria bem. Ao voltar, deparei-me com um menino um tanto quanto familiar:

— Kaya. – O moreno de olhos azuis me cumprimentou. Arqueei uma sobrancelha.

— Sou eu... Você é...? – Perguntei, confusa.

— Não se lembra mais de mim? – Ele deu uma risada gostosa e eu apenas forcei uma risada.

— Não sei se você sabe, mas eu sofri um acidente de carro, fiquei em coma, perdi a memória... Não me lembro de nada. – Torci o rosto e o queixo do menino caiu, juro que pude perceber uma certa palidez.

— Sou o Marcus, Kaya. Eu namoro uma amiga sua, Leia, mas eu e você também já tivemos um relacionamento... – Ele riu e eu gargalhei.

— Ah! Um ex meu. – Ri, bem humorada, e Marcus me acompanhou. – Como sua namorada está? – Perguntei, curiosa, visto que eu também a conhecia.

— Ela saiu do país para fazer intercâmbio em Londres. – Deu de ombros. – Acho que ela volta no fim do ano.

— Hm! – Sorri, assentindo. – Bem, foi um prazer te reencontrar! Eu vou voltar pro Kansas amanhã, já vou indo para casa. – Dei de ombros.

— Espera. – Ele segurou minha mão e eu arqueei uma sobrancelha. Aquilo foi, minimamente, inesperado. Fiz um sinal para que procedesse. – Por que não vamos tomar um café? – Convidou.

— Hm. – Chequei o relógio em meu celular. – Tenho tempo, vamos. – Aceitei, relutante. Sair com um ex seu que namora uma amiga sua é estranho demais...

Marcus me levou a uma cafeteria muito simpática, toda trabalhada em tons pastéis. Os doces e os salgados aparentavam ser todos artesanais. Pedi um chá, e ele, uma coca e um misto-quente:

— E como anda sua vida no Kansas? – Perguntou ele, interessado.

— Hm... Difícil. – Sorri em amarelo. "Intensa" seria a palavra correta a ser utilizada. – A escola, a recuperação da memória, formatura... Tudo junto. – Ri. – E como andam as coisas por aqui?

— Monótonas. – Ele sorriu. Marcus tem um par de olhos azuis mais enigmático, diferentemente do de Mike, que é mais acolhedor. – Eu sinto bastante falta da Leia. – Ele soltou um suspiro.

— Também sinto falta do meu namorado. – Devaneei, lembrando-me da forma injusta e infantil que o tratei antes de vir para Monterrey.

— E foi difícil se readaptar com esse seu... – Marcus procurava palavras para descrever minha amnésia.

— Com a minha amnésia? – Arqueei uma sobrancelha. – Foi! Eu não me lembrava de nada, precisava de ajuda para tudo... Foda. – Confessei, rindo. – Sorte que tive bastante gente comigo naquele momento difícil. – Sorri.

— Isso é bom. – Marcus sorriu, colocando uma mecha do meu cabelo para trás da minha orelha. Estranho.

— Ah! Já está tarde, já vou indo. – Sorri, apanhando minha bolsa. Queria acabar com aquele clima estranho. – Até a próxima, Marcus! – Acenei e o moreno apenas acenou de volta.

Estranho!

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