O silêncio era amigo daquela situação pavorosa. Rostos tristes enfeitavam a vista de John que já estava particularmente irritado com o desconforto.
— Meu nome é John. — iniciou ele, esperando conhecer as pessoas no carro.— Desculpa por isso. Toda aquela situação lá trás... foi completamente insano! Mas enfim, meu nome é Sthefanne. — A garota no volante foi a primeira a se pronunciar. Ela tinha os cabelos curtos e negros, a pele branca estava coberta por bastante sangue dos zumbis. Da pra dizer quem teve mais coragem entre eles.
— Clara. — continuou a que estava no banco do carona. Essa era ruiva, e um tanto peculiar. Havia muitas marcas em seus braços, mas não pareciam terem sido feitas pelos monstros.
— Meu nome é Diego. — dessa vez o cara que estava na frente de John é que falara. Ele era alto e sua pele morena o davam uma pose de fodão.
— O meu é Clarisse. Prazer. — por fim, a garota que John salvara se pronunciou. Ela era um tanto quanto reservada e a grande arma em seu colo era quase de seu tamanho. Tinha os cabelos escuros e seus olhos verdes quase que sumia por sua franja e um sorriso que John se arrependeu mentalmente por ter notado de cara.
Era um grupo pequeno e pareciam desajeitados, como sobreviveram até esse momento era a questão. Parecia tão improvável para John que o mesmo nem cogitou a possibilidade de serem pessoas ruins. Só se contentou em olhar porta a fora e ver o tom de primavera nas folhas que caiam entre as árvores da floresta em volta deles, isso o lembrava de algo muito específico.
— Obrigado por me salvar... — falou Clarisse, mais para ela do que para o cara ao seu lado.
— Foi apenas instinto. — ríspido.
— Mesmo que não tenha sido intenção, ainda sim me salvou. Sou grata por isso.
— A cidade estava deserta quando cheguei, foram vocês que atraíram os zumbis?
— Bom... – começa Sthefanne. — estávamos atrás de suprimentos para o nosso abri...
Antes que a mesma pudesse terminar, Diego a interrompeu: — Você não devia sair por aí falando essas coisas, você não o conhece, não sabe do que é capaz. – seus olhos já se prendiam aos de John que o olhava com desdém.
— Não seja tão paranoico cara, ele nos salvou!
— Sim, mas acho que ele é o tipo de cara que gosta de confusão. Esse "salvamento" pareceu mais uma desculpa para estripar aqueles zumbis. Me diz: quantas cabeças você fez rolar naquela estrada?! – seu tom de voz já se alterava.
— O importante é que vocês estão vivo, não? Você parece ser o babaca do grupo. — suas palavras cortaram o fio da discussão como uma faca cega corta um pescoço.
— Você tem coragem. — Diego já se apertava em seu lugar.
— Eu tô na estrada a muito tempo, sempre tem um babaca igual a você. Quer saber o que acaba acontecendo?
— Por que não me diz?
— Não sobrevivem tempo o suficiente pra contar as próprias histórias.
— Já chega vocês dois, respeitem o luto, por favor! — Clara se pronúncia.
— Luto? — questionou John, ignorando Diego que o olhava de forma intensa.
Sthefanne respirou fundo antes de começar: — estávamos em oito quando chegamos. Pensamos o mesmo que você: uma cidade vazia, que com alguma sorte teria algum suprimento.
— E vocês encontraram alguma coisa?
— Sim... havia um armazém abandonado, e de dentro dele soava um som agudo quase que insuportável. Mas não tinha um sinal de zumbi, absolutamente nada. Achamos que fosse algum sobrevivente, alguém mandando um sinal que poderia ser indetectável para os monstros e estávamos muito errados... — ela respira bem fundo dessa vez. — quando um dos nossos abriu a porta do armazém, que nem estava trancada. Uma manada de zumbis atacou, aqueles que você viu lá trás. Ele estava na frente e foi o primeiro morto, nem deu tempo de sofrer o luto pois vieram atrás de nós.
Chegamos à uma casa abandonada e em poucos segundos ela já estava cercada. Aaron era um dos nossos, acho que o mais valente entre todos. Disse que tentaria afastar os monstros para que pudéssemos correr, mas algo deu errado e os mortos invadiram. E ele... bom... — a voz dela já estava falha, como se algo se prendesse a sua garganta.
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O Preço Do Amanhã
Fiksi IlmiahHá quanto tempo estou na estrada?! Longa, vazia e solitária. Já não sei qual sentimento me faz prosseguir. Meu objetivo é algo que talvez seja impossível de cumprir. Mas foi o último pedido de minha mãe antes de levar uma bala em sua cabeça, eu ser...