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Acordei assustada, sentindo como se tivesse caido na cama, cama esta que estava encharcada!
Encarei o teto por alguns segundos antes me me sentar, e repara em mim toda molhada.
A cama estava molhada de tal forma que até pingavam gotas de água no chão.

-Bom Diaaa- Disse Enzo, como sempre entrando sem bater a porta.

-Sai! – disse eu, recolhendo os meus lençóis encharcados, e olhando para outro lado...

Enzo, como sempre, ignorou totalmente o que eu disse e se aproximou, antes de cair na gargalhada...

-Ahh não menina!!! – disse enquanto se aproximava , e tocava nos lençóis – Isto é Xixi??

Meu rosto queimou de vergonha, apesar de eu ter absoluta certeza de que aquilo não era Xixi...não poderia ser xixi!!! Não era xixi!

-Não é xixi Enzo!! – Eu disse me levantando, e segurando os lençóis em volta do corpo.É que, molhada do jeito que estava, de certeza que aquela batina de hospital deixaria transparecer muito do meu corpo..

-Claro que não... Desculpa – disse enquanto segurava a gargalhada com muita dificuldade – É agua! – Ai ele caiu na gargalhada para valer...

-Idiota tu! – Eu Levantei os lençóis que se arrastavam pelo chão e sai porta fora, deixando o rapaz lá dentro, rindo que era uma beleza!!

Não demorou muito para eu me arrepender de ter deixado o quarto. Além de encharcada e enrolada em lencóis molhados, os olhares que atentamente me acompanhavam, se faziam sentir como pesadas correntes, se arrastando à medida que meu corpo teimava em seguir em frente.
Por isso, eu detestava sair do quarto!

-Olha quem voltou!!- Disse Enzo vindo até mim – Eu tentei te avisar que o hospital estava bem movimentado, más tu saiste toda nervosa...

Eu apenas o olhei, e segui até a cama molhada onde me sentei, afinal de contas, eu também estava encharcada...
- okay – disse.
-O quarto ao lado, está vago, e tem banheiro – disse tentando me animar.

Eu levantei o rosto e o encarei.

-O que se passa?? – Perguntou – Eu sei que isso não é apenas por teres te mijado toda..

- Eu não me mijei – gritei – idiota- murmurei.

Enzo se aproximou.
Eu não sabia se ele me tratava melhor que os outros, e nem porquê, e nem se ele agia assim comigo motivado por algum sentimento. Enzo era carinhoso e compreensivo, sempre tentando que eu me sentisse menos solitária, e também sentisse que alguém se importava.
Até porque, desde que acordei aqui, só a policia apareceu, e foi apenas uma vez.
Eu não tenho família, amigos, colegas, ou sei lá!?! Alguém que sentisse a minha falta, e que viesse me ver... Alguém alem dele, que se importasse...
Alguém para me dizer pelo menos como eu me chamo.

- Diz me.

- Eu tive um sonho muito estranho, e nem me lembro mais, e acordei encharcada!!

-Então não te mijes mais – Enzo deu de ombros.

-Eu não me ...- eu desisti, e me encolhi.

Enzo se aproximou e tocou nos lençóis, e pela sua cara, pude ver que ele se deu conta.

-Como é que os teus lençóis se encharcaram da água!?! – perguntou se afastando e franzindo as sombrancelhas...

Eu dei de ombros, e acabei contando para ele o pouco que me lembrava do estranho sonho... Conversamos muito naquela tarde, até a hora de trocar de quarto.

Enzo se foi, más eu pude perceber que havia algo de errado, apesar de ele me ter dito que sonhos não significam nada, e que eu não me deveria preocupar com o que aconteceu.

Eu olhei pela janela, já era final de tarde, e vi as pessoas... Pessoas com vidas, pessoas com passados, pessoas com história... Muito diferente de mim...

- Olá...

Me virei e percebi que me distrai ao ponto de sequer ouvir quando aquela estranha mulher entrou no meu quarto...

- Boa tarde - respondi desconfiada...

Aquela mulher que estava agora diante de mim não inspirava confiança... Era alta, imponente e possuía longos cabelos cacheados... E eu sei perfume era forte..

- Tudo bem??? - perguntou

Apenas assenti.

- Tu já foste mais falante - disse pousando a sua mala de mão e se sentando ao pé de mim na cama.

- Ah é? - Disse enquanto dava uma certa distância na cama - Me conhece muito bem... Quem é a senhora???

Ela hesitou...

- bem que me disseram que estavas com problemas de memória...- sorriu...

Eu me levantei e fui para outro canto da sala...

- Eu sou tua avó, mãe do teu pai..

LwandleOnde histórias criam vida. Descubra agora