Capítulo 1

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Era o último intervalo de Amy. Finalmente, faculdade. Justo no último dia de aula sua amiga Angie tinha faltado. Ela tinha viajado para ver sua família que vivia em Porto Rico. Isso explica seu sobrenome, Díaz.

Já que estava sem companhia, ela procurou um canto para que pudesse ficar sem ser percebida. Tinha que admitir que ficar sem alguém para conversar durante o intervalo era algo totalmente desconfortante. Apesar de tê-la conhecido naquele ano, elas trocavam todo tipo de segredos, menos um.

Amy era de uma linhagem de pessoas que possuíam poderes especiais como voar, ser rápido, fazer coisas levitarem... Essas pessoas tinham o nome de Tríxons. Ela não sabia ao certo qual era o seu. Era naquela idade que os poderes dos Tríxons apareciam ou, pelo menos, dava algum sinal. Mundanos normalmente não sabem de sua existência e se sabem, os desprezam por considerá-los aberrações.

Já que não iria fazer nada, começou a observar as pessoas. Viu um grupo de garotas que se olhavam no espelho toda hora para arrumar o cabelo e a maquiagem. Totalmente clichê.

Um grupo chamou a atenção de Amy. Eram quatro. Uma menina de cabelos pretos e longos estava abraçada a um menino com cabelo da mesma cor que o dela. Deviam ser namorados. Um menino baixinho de cabelos castanhos meio claro falou algo que fez o casal rir.

Outro menino chegou. Seus cabelos eram cor de areia. Usava uma blusa do Flash, um dos super heróis favoritos dela. Ela já tinha o visto antes. Angie conversava com eles, mas Amy nunca conversou, porque preferia ficar na sua. Não era muito de socializar com outras pessoas.

Ela observou o jeito que eles agiam. Ser normal deve ser tão bom... Passou tanto tempo pensando como era não ter uma vida como uma tríxon e os observando que parece que a menina havia percebido. Ela olhou diretamente para Amy, que pegou o celular para despistar.

O sinal tocou, o que significava que era hora de voltar às aulas. O tempo passou devagar, e a Tríxon começou a pensar em coisas aleatórias.

Pensou no jantar em que toda a família iria. Sua prima Harriet estaria lá. Elas tinham quase a mesma idade, Amy era só alguns meses mais velha. Eram melhores amigas desde pequenas e se davam muito bem. Harriet, assim como Amy, ainda não sabia qual era o seu poder.

Um dia, Amy e Harriet começaram a pensar nos diversos poderes que existem e qual a parte boa e ruim de cada. Só de pensar que dali a algum tempo elas realmente poderiam ter um desses poderes... Era um pensamento amedrontador.

Para passar o tempo, a garota pegou um papel e começou a escrever sobre os poderes de cada Tríxon que ela conhecia. Olhou para o professor que estava na sala. Ele só estava falando coisas aleatórias de como era a faculdade, dicas para se dar bem nos estudos e coisas do tipo.

A primeira pessoa que pensou foi seu pai. Ele era um Tríxon Label. Tríxons Label eram os que possuíam não só um poder, mas vários.

1) Pai – Tríxon Label.

2) Harriet – desconhecido

3) Eu – desconhecido

4) Tio John – anima objetos

5) Tia Felicity – cria clones de si mesma

Tinham mais pessoas, mas desistiu da lista. Ela amassou o papel e o jogou dentro da mochila.

Ao final das aulas, ela se dirigiu para a saída, mas antes, decidiu olhar uma última vez para aquele lugar. Iria sentir falta, mas estava com uma sensação ótima. Feito isso, se dirigiu para a saída com um sorriso no rosto.

*****

Do lado de fora, várias pessoas comemoravam o fim das aulas, outras choravam e outras estavam indiferentes. Dentre estas, aquele grupo de amigos que ela viu mais cedo: os dois meninos e o casal. Amy teve a impressão de que a menina havia novamente olhado para ela e lançado um sorriso, mas ignorou. Ela colocou o fone de ouvido e seguiu para casa.

Não fazia um minuto que Amy saiu da escola quando avistou Angie do ouro lado da calçada, em frente a um beco. Mas ela não devia estar em Porto Rico? , pensou ela. Atravessou a rua para falar com ela.

- Angie? O que você esta fazendo aqui?

- Amy! – respondeu. Angie estava com uma expressão de preocupação.

Amy estranhou o modo de como a amiga agia. Mesmo que ela a conhecesse só por um ano, era o suficiente para saber que algo estava acontecendo.

- Mas então? Por que você não foi à aula hoje?

- Não pude. – respondeu Angie, secamente.

- Você está muito estranha. Não era para estar em Porto Rico?

- Na verdade, eu não iria para Porto Rico.

- Como assim? – Amy ficou preocupada. Uma corrente de vento soprou fortemente fazendo com que os cabelos voassem.

- Eu... Não iria viajar. – disse a amiga, olhando para os lados como se o vento a incomodasse.

Amy olhou para Angie sem entender nada.

- Amy – disse Angie – preciso que você venha comigo.

Ela entrou no beco. Amy não iria entrar lá de forma alguma.

- Angie, por que está agindo assim? Algo está errado?

Angie, depois de pensar um pouco, se aproximou de Amy e tocou seu braço, fortemente.

- Amy, eu preciso que você durma.

- Como assim? Para que eu faria... Isso? – Amy foi invadida por uma sensação de sono. Começou a cambalear e Angie a segurou. Outra corrente de vento soprou, e Angie ficou nervosa novamente.

- Amy, fique calma. Não se preocupe.

A voz de Angie era tão profunda, que Amy cedeu, caiu e dormiu. Só conseguiu ouvir Angie chamar um nome.

- Tommy! Rápido, me ajude! – depois disso não ouviu mais nada.


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