Capítulo 1

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VANESSA

Me despeço de todos da casa noturna e saio em direção à garagem, entro no meu sedã prata, afivelo o cinto e dou partida. Estou louca para chegar em casa, tirar essas roupas e cair na minha cama. Agradeço pelo meu tio ter me liberado hoje, estou exausta.

Toda vez que penso naquele prédio chique, tenho vontade de matar Henrique. Ele exigiu que meu apartamento fosse ali. Eu sou pobre! Sempre fui, não tinha porquê morar ali. Por mim, moraria em qualquer outro lugar.

O argumento dele foi o fato de eu não ser mais pobre pelo fato de eu, agora, ser irmãzinha dele. Eu não quero dinheiro, nunca quis. O que eu quero mesmo é me livrar desse medo que eu tenho de qualquer carinho, o medo que sinto toda vez que algum homem tenta me abraçar ou ser meu amigo.

Quero me livrar das coisas fodidas que tenho na minha cabeça.

Paro no mercado e faço algumas compras básicas. Não posso deixar de comprar meu vinho, que amo, e alguns chocolates para acompanhar um bom filme mais tarde. Esse é um dos únicos luxos que tenho, graças ao meu salário. É minha única diversão, além de conversar com Sheila, funcionária da casa noturna do meu tio.

Volto com as compras e dou partida em meu carro, finalmente seguindo para o prédio. Buzino na entrada da garagem e abrem o portão em instantes. Entro com o carro e, pelo retrovisor, vejo que um carro entra atrás do meu.

Estaciono na vaga com o número do meu apartamento e vejo outro carro estacionar bem perto do meu. Somos do mesmo andar.

Desligo meu carro, pego meus pacotes e saio do mesmo. Travo o carro e sigo para o elevador, por sorte, entro e aperto o botão "10". Avisto um homem alto vindo e seguro a porta.

Ele anda de um jeito que prende a atenção, seu porte é elegante, veste um terno escuro, que somente de ver, percebe-se que é muito caro. Seus cabelos castanhos estão um pouco bagunçados, nem vi seu rosto e já o achei muito bonito.

O homem diz um simples "obrigado" e apenas solto a porta. Ele desvia a atenção do celular para o painel do elevador e eu posso observar melhor seu rosto. Sua mandíbula é meio quadrada, deixando-o com um ar másculo e forte. Muito bonito.

Ao ver que o botão já está pressionado, ele finalmente me olha e eu desejo mil vezes que ele pare. Seus olhos são muito azuis e ele abre um sorriso quando as portas se fecham, eu sorrio de volta, mas sem muito ânimo.

Sinto medo.

FELIPE

Entro no elevador sem dar muita atenção a quem está dentro, estou com a cabeça fervilhando com as coisas da SQUAD. Havia acabado de sair de uma ligação com assuntos pendentes de uma rede de hotéis, ainda estava com o celular na mão lendo alguns e-mails.

Dou um rápido obrigado pela gentileza de segurar a porta para mim e quando vou apertar o botão "10", vejo que já estava pressionado. Olho para o lado e noto uma jovem mulher, muito bonita por sinal. Sorrio, simpático, e ela retribui, mas não parece confortável.

A bela morena tem curvas maravilhosas, seus olhos cor de mel me atraíram e eu desvio o olhar para o painel somente para conferir se é verdade mesmo. Ela carrega alguns pacotes com compras de mercado e seus cabelos estão presos em um rabo de cavalo.

        — Não sabia que era minha vizinha, é nova aqui?

        — Sou. — É seca, mas ao perceber que não estamos no deserto, emenda: — Faz tempo que mora aqui?

        — Três anos. — Recosto na parede de metal do elevador e cruzo os braços. — Mas realmente nunca vi você.

        — Moro aqui há dois meses. — Dá de ombros e evita o meu olhar.

[AMOSTRA] Felipe - Série Dono do meu desejo #4Onde histórias criam vida. Descubra agora