THE WRONG ANGEL » myg {3ª temporada}

THIRTY NINE

JHENY ON

    Entro em casa e sigo direto para o quarto de Jin, onde Namjoon disse que Martha está. YoonGi fica na cozinha, conversando com os outros sobre a situação desta.

    Ao entrar no quarto, encontro Martha e Jimin conversando. Os olhos de ambos estão inchados, mas eles estão sorrindo enquanto conversam.
    Fico parada na porta, e eles não demoram para me perceber aqui.

– Oi. -digo em um suspiro, e Jimin se põe de pé, andando lentamente até mim.

– Ela precisa de você. -ele sussurra antes de sair. De repente me pego cheia de responsabilidades muito difíceis.

    Me aproximo da cama, e sento-me ao lado de Martha.

– Como se sente? -pergunto, sem saber ao certo como começar uma conversa.

– Triste, eu confesso. -ela suspira, e abre um sorriso. – Mas agradecida. À você e aos garotos.

– À mim? -sorrio, sem entender. – Por quê?

– Você foi a única amiga que eu tive em mais de trinta anos. -ela sorri, como se fosse algo óbvio e simples. – Me apresentou coisas que eu nunca imaginei conhecer, Jheny, você e esses garotos são as pessoas mais importantes da minha vida miserável.

– A sua vida não é miserável, Martha. -seguro suas mãos com firmeza, olhando no fundo de seus olhos. – Foi uma vida linda. É uma vida linda. Você teve experiências fortes, que exigiram força e resistência. Viveu para encontrar uma pessoa que está disposta à morrer por você. Tem uma nova família que te ama. Conheceu e viu anjos e demônios com seus próprios olhos, e não morreu ao descobrir. -respiro fundo, sem saber como expressar o que sinto à ela. – Chegou ao limite da dor, da felicidade, do amor. Você pode partir em paz, com a certeza de que tem seu lugar garantido no céu, e isso é algo que nem metade de nós temos.

– Não sinta pena de mim. -ela sorri com os olhos marejados ao repetir minha frase, e isso me deixa sem respostas. – Eu... decidi separar algumas coisas que eu quero muito fazer. Você pode me ajudar?

– É claro, eu vou. -me aproximo, para absorver cada palavra que ela disser.

– Primeiro: eu gostaria de ir à praia com você, pelo menos uma vez. Sem carro, quero sentir meus pés tocarem a areia ao lado dos seus. -dispara, e meu coração falha por um segundo. Só então percebo que nunca aceitei ir à praia com ela, e nunca imaginei que isso seria um dos seus últimos desejos. – Segundo: quero que você me enterre ao lado da mulher que me criou. Pode fazer isso?

– Como ela se chama? -percebo que ela nunca me disse.

– O nome dela era Clay. -ela sorri com a lembrança. – Clay Norat.

– Onde ela foi enterrada? -pergunto, gravando tudo em minha memória.

– Los Angeles. -eu assinto, engolindo em seco e me controlando para não chorar.

– Terceiro: quero que você faça o discurso antes de me enterrarem. -um nó se forma em minha garganta, e eu não vou conseguir falar sem chorar.

– Eu não sei se posso... -apóio meu rosto em suas coxas cobertas pelo edredom, me entregando às lágrimas.

– Não há pessoa melhor do que você para fazer isso. -ela aperta minhas mãos com confiança, me fazendo olhar para ela.

    Seu olhar é suplicante, e eu repenso a responsabilidade que estou prestes à assumir. Não posso negar, não consigo. Assinto, e ela toma fôlego para prosseguir.

– Quarto: eu gostaria de ver você e o YoonGi juntos. -quando ela termina a frase, um soluço alto foge do fundo da minha garganta, e minhas lágrimas aumentam.

    Deito-me em suas pernas, em um choro quase que gritante. Ela afaga meus cabelos carinhosamente, e eu respiro fundo e engulo o choro, antes de encará-la novamente.

– Só há mais um, olhe para mim. -ela pede, e eu obedeço, sentindo que ela deixou o mais triste para o final. – Quinto: esse não é bem um pedido, e sim um desejo que eu sei que não terei tempo de realizar, mas gostaria muito de compartilhar com você.

– Pode falar. -minha voz sai em um sussurro embargado.

– Eu gostaria de conhecer a sua filha. -essa simples frase me desarma, me fazendo descobrir que não há lágrimas suficientes para fazer esta dor acabar.

    Eu a puxo para um abraço necessário. É raro nos abraçarmos, mas é a única coisa que posso fazer por ela agora.
    Agora nós duas estamos chorando, abraçadas. Estou tentando transportar sua dor para mim, sem sucesso algum.