A Caçadora Da Capa Vermelha

Capítulo 2

Ele corria o mais rápido que podia. O que é isso? pensava enquanto o coração martelava no peito a cada passo que dava. Uma criatura apareceu depois de algumas horas em que ele procurava pela garota. No começo parecia um arbusto gigante atrás de uma árvore, mas quando começou a se mexer Derek percebeu que não era. Não é que ele seja medroso. Mas como tinha prometido ao pai que não enfrentaria mais nenhum monstro, ele só podia correr. Seu desespero aumentava pela Isis ter sumido. Será que ela está bem? É claro que estava. Ela tinha que estar.
A criatura corria rápido, mas se atrapalhava com as árvores no caminho, o que facilitava a fuga. Por causa da noite que acabou de cair não dava para ver que criatura era aquela. Nem qual caminho seguir. Mas Derek continuava a correr, ele só lutaria se fosse em último caso. Um galho quebrado o fez cair. A criatura acelerou mais o passo. O jovem não tinha outra opção, teria que lutar. Ele se levantou e cerrou os punhos. Olhou dentro dos olhos amarelos do monstro. Mas antes que pudesse fazer alguma coisa uma pedra acertou a cabeça da criatura, fazendo ela parar procurando quem jogou. Do lado esquerdo do monstro, em cima de uma árvore, estava Isis com uma espada brilhante de prata na mão. A garota saltou com a espada acima da cabeça, cortando o mostro ao meio.

— Você está bem? — perguntou ela enquanto Derek corria ao seu encontro.

— Estou... Obrigado! O que um lobisomem do sul faz aqui? — perguntou ele, olhando para a criatura no chão voltando a forma humana.

— Como você sabe que ele é do sul?

— É... Bem... O pelo dele me lembrou o de um lobo do sul. Então eu meio que... chutei.

— Você acertou. — disse ela ignorando a mentira do amigo. — Mas mesmo ele sendo do sul, não era pra os lobisomens estarem aqui.

— Nem você devia estar aqui... — ele virou para ela e cruzou os braços. — Você não ia parar de treinar na floresta?

— Tive meus motivos!

Isis embrulhou a espada e começou a se afastar do corpo.

— O que aconteceu?

— Venha comigo, te explico no caminho.

Depois de uma hora caminhando eles chegaram a uma pequena casa abandonada. As janelas estavam quebradas, a porta fora tirada das dobradiças e encostada na parede da varanda. A única coisa bem cuidada era o quintal. Flores de diversas cores perfumavam e embelezavam o ambiente formando um contraste com as ruínas acinzentadas atrás. Derek passou em silêncio contemplando aquele jardim e pensando no que Isis lhe contou.

— Você vai casar com ele!? De todos os Canalhas, tinha que ser logo o Harold! — exclamou ele enquanto entrava na casa.

Inacreditavelmente a casa era aconchegante e acolhedora por dentro. Na sala tinha moveis de madeira e uma lareira pequena. Uma mesa talhada ficava de frente para a lareira, e uma cômoda nos fundos da sala, de frente para uma pequena janela quebrada. Assim que posicionou o que sobrou da porta a garota foi direto pegar lenha para ascender o fogo.

— Eu também penso assim. Mas minha mãe não esta errada. As coisas andam difíceis lá em casa. E pra piorar a baronesa vai nos visitar hoje, isso se ela já não estiver lá. Minha mãe gastou o dinheiro que estava guardando só pra comprar aquele leitão.

— Então você vai se casar com ele?

— Eu não quero. Mas não tenho outra opção.

Ela se sentou em frente a lareira com um suspiro de tristeza.

— Eu queria ser da nobreza. Não deixaria você se casar com esses babacas. — disse ele sentando ao lado dela.

— Você casaria comigo? — os olhos azuis acinzentado dela brilhavam com a malícia, e o sorriso sapeca que se formou fez Derek virar o rosto de vergonha.

— Eu... — ele não conseguiu evitar de sorrir. — Como você achou esse lugar?

Isis deu uma pequena risada antes de responder.

— Eu estava procurando um lugar pra treinar e acabei achando esse lugar.

— Nós nos conhecemos a anos mas eu nunca perguntei. Por que você treina tanto e caça essas coisa?

Ela engoliu seco e olhou para cima, fechando os olhos depois de alguns segundos.

— Meu pai era caçador. Ele ganhava muito para sair e matar os monstros que assolavam nossa vila. Eu comecei a gostar dessas coisas. Então um dia eu peguei a espada dele. — ela apontou para a espada embrulhada, encostada na parede do lado da mesa, perto de uma porta que levava para outro cômodo. — Minha mãe se assustou e ficou desesperada. Mas meu pai apenas sorriu. Depois daquele dia ele passou a me treinar.

— Ele é igual a caçadora branca?

— Meu pai era aprendiz dela...

— O que!? — exclamou Derek, mas se conteve quando percebeu a tristeza nos olhos da amiga. — Sente muita falta dele, né?

— Sinto... Até hoje eu não acredito na morte dele.

— Como ele morreu? Se não quiser responder eu entendo.

— Tá tudo bem. — ela mexeu o fogo da lareira com um galho antes de começar a falar. — Nossa vila foi atacada por três Orcs. Meu pai me disse pra não sair de casa e foi lutar. Mas eu não obedeci, fui idiota e egoísta. Sai escondido e fui ver ele. Eu nunca vi ninguém lutar tão bem. Os orcs tinham o dobro do tamanho dele, dois com machados e um com uma clava. Mas meu pai enfrentava a todos e vencia. Ele matou um dos que empunhava um machado. Eu mal conseguia acompanhar os golpes da espada dele. Pensei em chegar mais perto, mas não tive chance. Um dos Orcs sentiu meu cheiro e veio na minha direção. De início meu pai nem percebeu, mas quando ele olhou na minha direção... Foi a primeira vez que eu vi pânico estampado nos olhos dele. Minha garganta fechou e minhas pernas amoleceram. Meu pai matou o orc com a clava e correu na minha direção. Pensei que estava a salvo, meu herói estava vindo. Mas aquele monstro na minha frente olhou dentro dos meus olhos e sorriu. Eu não entendi o porque, mas... — as lagrimas começaram a cair. — Mas sabia que tinha algo errado. Quando meu pai se aproximou os olhos preto do orc brilharam. Ele... Ele... Ele virou dando uma machadada no meu pai. Até hoje eu escuto o som da cabeça dele caindo no chão. Se eu tivesse ficado em casa naquela época ele ainda estaria vivo.

Derek abraçou Isis bem forte.

— Não foi culpa sua. Você pode ter desobedecido, mas o culpado foi aquele Orc.

— Eu jurei encontra-lo, vou vingar a morte do meu pai. É por isso que eu treino todos os dias aqui. — disse ela olhando dentro dos olhos do amigo.

O coração dele acelerou. Ela estava perto demais. Muito perto. Tão perto que ele conseguia sentir a sua respiração.

— Seu coração... — disse ela enquanto um sorriso se formava nos lábios rosados.

Ele a beijou suavemente nos lábios.

— Eu sei... — Derek foi descendo pelo pescoço, dando alguns beijos e pequenas mordidas. — Ele...

Isis o interrompeu com um beijo ardente, provocante, enquanto as mãos dele deslizavam pelo corpo dela tirando sua roupa. Dando início a uma noite inesquecível.