Capítulo 6

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— Você não vai esperar os outros, não é?

— Derek... Eu tenho que ir. Ela foi a responsável pela morte do meu pai. Preciso saber o que aconteceu.

— Então eu vou com você.

— Não dessa vez...

— Pelo menos, espere até amanhã.

— Esta bem... Eu espero. — ela sabia que ele não pararia de tentar convence-la a ficar.

Depois de um pequena conversa sobre o diário e sobre o fato da baronesa ter fugido, o jovem carniceiro foi dormir. Isis esperou uma hora passar para colocar a roupa pegar a espada e sair sem ser notada. Ela não queria ter mentido para Derek. Mas foi necessário, ela precisava resolver isso sozinha. Embora parecia que todos haviam dormido, para sua surpresa sua mãe estava no lado de fora com uma sexta de piquenique. O cabelo castanho escuro solto balançando com o vento noturno. Ela ainda usava o vestido florido, mesmo ele estando sujo.

— Eu sabia que você ia sozinha.

— Mãe não...

— Leve isto. São algumas coisas do seu pai e outras que eu peguei no seu quarto. Espero que ajudem. — ela entregou a sexta e encarou a filha com aqueles olhos verdes.

— Você entrou no meu quarto? — falou a menina, lembrando das horas que passava no quarto analisando as pistas que encontrou na floresta.

— Desculpe... Eu vi o mural... Você esteve procurando aquele Orc o tempo todo?

— Sim... — ela começou a se afastar. — E mesmo que minha vó tenha mandado, eu só vou parar quando encontrar-lo.

— Tome cuidado. Por favor.

— Eu vou tomar... — disse Isis, e seguiu seu caminho.

A estrada de terra estava muito mal cuidada. Tinha buracos, e matos cresciam por toda as partes. Ainda estava de noite quando se afastou da vila. A floresta estava escura e calma. De repente a silhueta de um homem apreceu na sua frente.

— Quem é você? — perguntou ele tentando enxergar quem era a garota de capuz.

— Sou a caçadora da capa vermelha. — respondeu ela.

— E onde pensa que vai? — ele começou a tirar duas facas do bolso.

— Levando esses doces. — ela colocou a mão dentro da sexta. — Para a minha avó...

Ela jogou duas facas que acertaram o homem. Mas antes que pudesse fazer alguma coisa ela recebeu uma pancada na cabeça.

***

— Acorda... Ei você esta bem? — sussurrou uma voz doce que parecia ser de uma menina de treze anos. — Ei...

— O que...? Quem... É... Você? — perguntou Isis com dificuldade e sentindo a cabeça latejar.

— Sou Mônica... Filha do Lobo Alfa do sul. — Mônica olhou, visivelmente desesperada, para a porta da pequena cela onde estavam.

— Onde Eu...?

— Estamos na casa da caçadora. Nossa você está perdendo muito sangue. Consegue se levantar?

Ela tentou, mas o corpo não respondia.

— Olha... Eu não tenho muito tempo. Daqui a pouco eles vem me buscar.

— Eles?

— A caçadora e o Orc dela.

Assim que ouviu sobre o Orc Isis tentou levantar de novo. Mas foi inútil.

— Você precisa de ajuda... — disse Mônica, preocupada. — Eu posso te ajudar. Se você me ajuda a sair daqui. Eu sei que não tem porque você confiar em mim. Mas eu não aguento mais. Eles colocaram essas correntes de prata, eu não posso me transformar e fugir. E os testes que eles fazem em mim estão ficando piores. — disse ela com lagrimas ameaçando cair. — Eu posso curar suas feridas e você poderia me ajudar a sair daqui. — Mônica deu mais uma olhada para porta antes de sussurrar: — Nós não temos muito tempo, você aceita minha ajuda?

***

Derek acordou atordoado, tinha acabado de ter um pesadelo. Sentiu um aperto no coração quando não viu Isis em lugar nenhum. Ele acordou todos na casa, mas ninguém a viu sair. Todos sabiam onde ela estava.

Jasmine e Harold voltaram para seus quartos, deixando os outros na sala de jantar.

— Precisamos chamar alguns dos lobos do sul. — disse Johan.

— E assim ter um exercito de quinze pessoas? — debochou Derek.

— Eu posso lutar!!

— Não Cornélio, você precisa ficar e tomar conta do seu filho e de Jasmine. — o carniceiro deu um suspiro. — Agora me ajudem a pensar num plano.

Derek se levantou.

— Preciso fazer uma coisa. — disse ele saindo da sala de jantar.

— Derek, onde você vai!! — gritou Johan.

— Deixa ele... deve estar preocupado com a namorada.

— Só espero que ele não tente resgatar ela sozinho.

***

Seu peito queimava. Mônica havia dito que a dor passaria rápido, mas não era o que parecia. Sua visão estava embaçada, Isis não sabia se era por causa da cabeça ou pelo os ouvidos que zuniam.

— Leve essa garota e a prepare para mim. — disse uma voz vinda da porta. — Eu tenho que conversar com a minha neta.

Os passos de sua avó ecoavam no chão de pedra enquanto ela andava em sua direção.

— Ah... Você acordou? — disse a caçadora da capa branca assim que entrou na sela. — Desculpe a falta de educação do meu amigo ali fora. Ele não sabe ser gentil.

— Mônica? — Foi a única coisa que Isis conseguiu falar.

— Não se preocupe com ela.

Um orc entrou segurando uma cadeira de madeira, e a colocou de frente para a prisioneira. O coração de Isis quase parou. Aquela barba, aquelas presas, os olhos negros. Aquele era o Orc que matou seu pai.

— Vo... Você! — Assim que ouviu isso o Orc sorriu.

— Você ainda lembra dele. Este é Dahk-gul.

— Você... mandou mesmo... matar o...

— Seu pai? Sim, mandei mata-lo assim que ele renunciou a minha proposta. A mesma que eu vou fazer para você.

A caçadora da capa branca se inclinou mais perto de sua neta.

— Pense na nossa causa. Temos que lutar e lutar para proteger os humanos. Enfrentando as mais diversas criaturas. E o que ganhamos? Nada. E ao passar do tempo os caçadores vão morrendo, assassinados ou por velhice. Não somos capazes de lutar de igual para igual. Existe cada vez menos caçadores no mundo.  Junte-se a mim, e me ajude a mudar isso. Vamos criar uma nova era para os caçadores.

Um som de lâminas e urros, que parecia vir do quintal, começou.

— Eu... jamais vou me... juntar a você.

— É uma pena. — disse a caçadora levantando da cadeira. — Dahk-gul!! Ela é toda sua.

O Orc entrou com um machado em cada mão e um sorriso diabólico no rosto. Ele cortou as correntes fazendo Isis cair de joelhos no chão. O ardor no peito dela se transformou em dor. Um frio intenso percorreu seu corpo fazendo ela tremer. O Orc gargalhou e levantou um dos machados.

— Não precisa ter medo. Isso vai acabar rápido. — disse ele com um sotaque órquico gutural.

A Caçadora Da Capa VermelhaOnde histórias criam vida. Descubra agora