"O mundo só será melhor, quando as células do câncer chamado preconceito forem extirpadas da sociedade.
Janaína Barone Felisberto.".
LUCAS
Parecia que eu estava flutuando, saindo de órbita. Nunca, em momento algum, jamais imaginei que iria escutar uma música tão... perfeita. A impressão que eu tinha, era que ela havia sido escrita para mim, pois toda a letra se encaixava nas situações que eu havia experimentado ao lado de Mateus.
"Quase que acabo com a minha vida...".
E eu quase acabo mesmo. Inclusive, se o Gus não tivesse aparecido para me salvar, eu não teria sobrevivido para escutar aquela linda canção.
"Você me pôs num beco sem saída...".
É, ele me colocou em um beco sem saída, tanto é, que encontrei no suicídio a solução para os meus problemas. Como eu fui tolo! Como eu fui inconsequente! Como eu fui otário! Como eu fui burro!
"Por que fez isso comigo?".
Essa era a pergunta de 1 milhão de dólares. Por que Mateus me abandonou? Por que ele sumiu sem dar satisfações? Por que ele fez isso comigo?
"Me dediquei somente a você...".
Isso também era verdade. Eu havia me dedicado ao Mateus, havia sido fiel, havia perdoado as mancadas dele. E talvez, esse tenha sido o meu maior erro.
"Tudo que eu podia, eu tentei fazer, mas não, não adiantou...".
Não, não adiantou, nada adiantou. Nem mesmo o meu amor foi capaz de salvar a nossa relação.
"Você não sabe o que é amar, você não sabe o que é amor...".
Eu não tinha dúvidas disso. Em minha opinião, Mateus não sabia amar, não sabia ser amado. Se ele me amasse de verdade, ele não teria me abandonado. Se ele soubesse o que era amor, nunca teria ferido os meus sentimentos. Ele era tão... insensível!
Bufei de raiva. Como aquela música podia ser tão perfeita? E por que eu não a conhecia? Quem eram aqueles cantores, afinal de contas? E por que eu não parava de pensar no Mateus?
Sacudindo a cabeça para afastar as lembranças do falecido, passei os olhos pela loja e percebi que a maioria dos meus amigos estava em atendimento. Alícia era a única pessoa livre, porém nós não pudemos papear por muito tempo, já que ela estava faminta e resolveu cumprir o horário de almoço, que, no caso dela, podia ser considerado horário de jantar. Novamente sozinho, lamentei o fato da ruivinha não ter nenhum de nós para lhe fazer companhia nas refeições.
Solitário, a única coisa que pude fazer foi observar o movimento da loja. Atento a tudo e a todos, ou melhor, quase todos, acompanhei Roberto atender três clientes ao mesmo tempo, o que me deixou feliz e orgulhoso. Eu queria muito, muito mesmo, que todos nós fossemos extremamente felizes naquela empresa, naquele novo emprego, na nova fase de nossas vidas. Restava saber, porém, se isso iria ou não se concretizar.
— Pode chorar, mas eu não volto pra você...
— Desde quando você gosta de sertanejo, Lucas Rigozzi, Rigozzi, Rigozzi? — Janaína apareceu atrás de mim de supetão.
— Que susto, sua vaca — com taquicardia, coloquei a mão no peito. — Quer me matar do coração?
— Tá devendo na praça, né, Lucas Rigozzi, Rigozzi, Rigozzi? — Jana soltou uma risadinha sarcástica. — Tá assustado por quê, querido?
— Eu não tô assustado, você me assustou — voltei a observar a loja. — E é só um Rigozzi, Janaína doida, doida, doida.
— Doida é a minha mão na sua cara — resmungou ela. — E para de estragar essa música linda com sua voz feia e horrorosa.
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Marcas do Passado: Cicatrizes da Alma - (EM DEGUSTAÇÃO)
RomanceLucas sofreu mais uma decepção em sua vida, ao ser rejeitado por sua mãe. Com o coração em frangalhos, o jovem volta ao Rio de Janeiro e é ao lado de seus amigos que ele tenta dar a volta por cima. O que Lucas não sabia, porém, era que a vida lhe...