~. Capítulo 2 .~

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"Sempre foi amor, pena que eu demorei a perceber.

Gustavo R. Pimentel.".

LUCAS

Gustavo chegou da faculdade no momento exato em que terminei de estender as roupas no varal, quando me sentei no sofá de três lugares. Exausto por ter lavado quase uma tonelada de roupas dos marmanjos folgados da república, coloquei o notebook no colo e me conectei à internet para roubar as fotos que Alícia, Betinho e Janaína haviam postado nas redes sociais. A porta da sala abriu quando salvei a primeira fotografia na área de trabalho, uma que estávamos na Avenida Paulista.

— Eu tentei vir o mais rápido possível — ele largou a mochila ao lado da porta e correu na minha direção.

— Quem te falou? — levantei-me para receber seu abraço.

— VOCÊ VOLTOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOU!

Para a minha total surpresa e desagrado, Gustavo não me agarrou em seus braços. Ele preferiu segurar meu notebook. Fiquei com a maior cara de tacho quando ele começou a beijá-lo, como se fosse um louco ou qualquer coisa do tipo. Eu não esperava por isso.

— Você me fez tanta falta — falou ele, um sorriso bobo nos lábios.

— Filho da puta!

Furioso, assisti Gustavo esfregar o rosto no notebook. E o pior de tudo, era que eu sabia que ele estava falando sério, que ele sentiu mais falta do computador do que de mim.

— LARGA ESSA MERDA E VEM ME DAR O MEU ABRAÇO DE URSO, CARALHO — bradei.

— Ah, você tá aí — cínico, ele voltou os olhos em minha direção. — Calma, não precisa ficar putinho.

— Vem cá, Gustavo Rodrigues Pimentel — tomando a iniciativa, puxei meu amigo para um abraço apertado, o abraço que eu mais sentia falta. — Se você voltar a beijar meu notebook, eu jogo essa merda pela janela!

— Faz isso, e eu nunca mais olho na sua cara — prometeu ele, deitando o queixo em meu ombro. — Seja bem-vindo de volta, moleque feio.

— Quem te falou que eu voltei? — apertei o Gus com um pouco mais de força. — Saudade de você, irmão.

— O Felipe, quem mais? — Gustavo suspirou. — E eu também estava com saudade.

— Pode crer — afastando-me, mergulhei nos olhos dele. — Você tá bem?

— Sinceramente, tô muito melhor agora que vocês voltaram — ele sorriu, depositando os olhos castanhos em meu notebook. — Fez boa viagem, Luquinhas?

— Fiz, sim, graças a Deus — voltando a me sentar, continuei a salvar as fotos da galera na área de trabalho. — Já lavei minhas roupas, agora, vou poder descansar.

— Lavou as minhas também! — Gus esticou o pescoço na direção da lavanderia. — Porra, você é foda!

— Culpa do Xande que ficou enchendo o meu saco, dizendo que eu fiquei mais de 1 mês sem ajudar na arrumação da casa — revirei os olhos. — A única coisa que eu não fiz, foi lavar as cuecas imundas de vocês. Não sou obrigado!

— As minhas não são imundas, seu idiota — Gus se sentou ao meu lado e passou o braço em volta de meus ombros. — Conta as novidades de São Paulo.

— Eu já te contei tudo pela internet, cabeção — salvei a foto em que Janaína e Alícia estavam abraçadas a uma árvore centenária do Ibirapuera. — Contei até o que aconteceu com minha mãe, lembra?

"— Não trabalha mais não, moleque feio? — perguntei quando ele apareceu na webcam, mais uma vez sem camiseta.

— Trabalhar pra quê? — Gustavo sorriu. — Isso cansa!

Marcas do Passado: Cicatrizes da Alma - (EM DEGUSTAÇÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora