~. Capítulo 5 .~

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"Eu nasci de 7 meses, e as pessoas à minha volta é que são precipitadas.

Lucas Rigozzi.".

LUCAS

No meio da correria de um dia de trabalho, cujo movimento da loja podia ser considerado intenso, consegui tirar alguns minutinhos para observar João Pedro à distância. Tão lindinho! Tão galanteador! Apalpando o chocolate que ele havia me dado mais cedo, lembrei-me novamente do que ocorreu entre a gente no hotel de São Paulo. E não é que eu estava com vontade de fazer tudo de novo!

"— Veio usar o notebook? — indaguei, abrindo espaço para ele entrar no quarto.

— Não, não... — aparentemente encabulado, João fitou o carpete.

— Não? — estranhei.

— Na verdade, eu quero é conversar com você — João ergueu os olhos e me observou com cautela.

— Conversar comigo? — encostei a porta com cuidado. — Sobre o quê, exatamente?

— Ah, sei lá — ele deu de ombros, os olhos outra vez fixos no carpete. — Queria te conhecer um pouco melhor.

— Da hora — sorri. — A gente quase não tem chance pra trocar ideia, né?

— Pois é!

De repente, o olhar de João Pedro foi parar no meu tórax, e nele, permaneceu por algum tempo. Fiquei com vergonha! Custava ele disfarçar o interesse?

— E você quer falar sobre o quê? — indaguei, procurando alguma camiseta para me vestir.

— Sobre você, sobre mim...

— E o que mais?

— Não, não veste — falando baixo, João segurou em meu pulso e me impediu de colocar a camiseta. — Tá bom demais assim!

Devo ter ficado mais vermelho do que o tapete do Oscar. Eu atendi ao pedido dele? Evidente que não.

— É que tô com frio — passei a camiseta pelo pescoço.

— Mas o ar-condicionado nem está ligado! — analisou o espertalhão.

— Mesmo assim tô com frio — acariciei os braços. — E além do mais, eu não quero ficar doente de novo.

— Por que não me ligou? — João mudou de assunto.

— Porque não tenho celular — sorri.

— Não? — João se surpreendeu. — Pensei que tinha!

— Vou comprar quando a gente receber nosso primeiro salário — expliquei.

— Que ótimo — João sorriu também. — Assim, a gente vai poder manter contato.

— Sim.

Já que eu não soube o que falar, muito menos o que fazer, João se sentou em minha cama e olhou para mim, olhou para mim de um jeito... intimidador. Estava na cara que ele queria alguma atitude de minha parte, mas aonde havia parado a minha coragem?

— Senta aqui, Lucas — ele bateu duas vezes no colchão.

— Pra quê? — fiquei desconfiado.

— Pra gente trocar uma ideia — João enrugou a testa.

— O que você quer, João? — soltei de uma vez.

Marcas do Passado: Cicatrizes da Alma - (EM DEGUSTAÇÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora