2 | ESTRANHO

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"(...), mas já me sinto como um velho amigo seu".

All Star - Nando Reis

Fiquei chocada, confesso

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Fiquei chocada, confesso. Nunca tinha sido beijada daquele jeito, do nada.

Na minha cabeça, era muito fácil reagir. Tipo, bastaria empurrar o atrevido e premiar a cara dele com cinco dedos vermelhos (secretamente, eu tinha o sonho de interpretar esse papelzinho clichê da dama desrespeitada. Devo ser influenciada pelas heroínas dos romances de época de tia Liv, que adoram esbofetear marqueses e duques devassos).

Mas foi rápido demais! Quando meus neurônios começaram a entender o que estava acontecendo, minha nuca já tinha sido capturada, e a língua quente e macia de Henrique já estava domando a minha.

Seus deliciosos movimentos lentos derreteram meu cérebro e qualquer vestígio de resistência.

Quando me dei conta, estava suspirando em sua boca, protagonizando uma típica cena de filme.

Pornô, claro. Porque, quando seu braço firme enlaçou minha cintura e nossos corpos se estreitaram, senti a potência do pacote do sujeito.

A ereção poderosa, imprensada em minha pélvis, estava provocando altas pulsações entre as minhas pernas.

Sob a tempestade fria, eu me sentia em chamas e paradoxalmente liquefeita. Pressionadas contra seu corpo sólido, minhas células ardentes pareciam tão líquidas quanto as pancadas de chuva que caíam sobre nossas cabeças.

Cedo demais, ele se afastou. Seus lábios esculpidos, que tinham gosto de dilúvio e volúpia, curvaram-se e formaram um perfeito desenho pretensioso.

- Gostou, girafinha?

Fitei seu sorriso convencido e, em vez de estampar minha palma em sua bochecha, dei uma risada desdenhosa.

- Isso é o melhor que você pode fazer?

- Você não faz ideia do que eu posso fazer, paixão - ele disse, deslizando o polegar em minha boca. - Mas posso te mostrar - completou, acariciando a linha do meu lábio inferior.

- Não estou interessada - esnobei, afastando sua mão e ignorando o calor instantâneo que o toque provocou.

- Vai comer aí fora, patrão? Nós alugamos quartos aqui, chefe! - Uma voz alta, rouca e masculina ressoou subitamente.

Fiquei possessa! Virei o rosto e vi, na entrada iluminada do hotel, um senhor idoso com um cigarro preso entre os dedos. A fumaça subia até a marquise que abrigava os fios ralos de sua cabeça.

- Vamos querer um, senhor! - Henrique gritou. - Vou continuar o serviço aí dentro!

Dei uma gargalhada.

- Vai sonhando, meu querido - murmurei e voltei a andar na direção do meu carro, treinando meu cérebro para não cair em nenhuma pegadinha do tipo: "olha, um sapo!".

O Descarado Dorme Ao Lado [DEGUSTAÇÃO]Onde histórias criam vida. Descubra agora