Capítulo Quatro

52 9 1
                                    

England – 1868

London – Buckingham Palace

Assim que chegou ao seu novo corpo, Afrodite não pôde deixar de abrir um sorriso, pois sabia exatamente onde estava e quem ela era.

Ela observou ao seu redor e logo identificou aquela arquitetura que abusava da simetria e dos ornamentos, características da Era Vitoriana. E percebendo que estava sentada no trono, ela havia assumido o corpo de ninguém menos que a própria rainha Vitória. Afrodite só esperava não ter chegado nos últimos anos de vida da rainha, pois não dava para perceber pelas sua mão bem cuidadas se ela já estava velha ou não.

Empregados passavam correndo de um lado para o outro, até que ela parou um deles.

– Qual o significado de tanta pressa?

– Estamos tentando deixar tudo pronto para o décimo oitavo aniversário do príncipe Arthur, Majestade.

As memórias da rainha vieram de uma forma calma e pacífica. Afrodite já conhecia a maior parte da história da rainha Vitória, então se prendeu aos detalhes que pudessem ajudá-la a entender melhor a situação. Arthur era o sétimo filho e terceiro menino da rainha. Como ele estava fazendo dezoito anos, ela já deveria estar beirando os cinquenta e isso irritou um pouco a deusa. Arthur havia entrado para o exército e agora era um tenente condecorado, apesar da pouca idade.

Por ter passado alguns anos longe do filho, Vitória queria fazer uma grande festa para comemorar sua promoção e seu aniversário ao mesmo tempo. Algo que Afrodite apoiava, apesar de ainda estar incomodada com a idade.

Entrando pelas portas, estava seu filho usando o uniforme, algo que a encheu de orgulho, apesar de ainda achar perigosa a sua participação no exército.

Após pedir que todos saíssem e lhe dessem um pouco de privacidade, eles se abraçaram por alguns segundos e ela deu um beijo em sua testa, antes dos dois irem para o jardim, onde ele contou os detalhes mais importantes da sua estadia no exército. A rainha ouviu seu filho com atenção, se afligindo em algumas partes enquanto ele narrava situações de perigo.

Antes mesmo que os dois pudessem perceber, já havia anoitecido e as luzes do palácio se acendiam aos poucos. Ela deixou seu filho para ir se arrumar. A deusa ficou feliz pelo fato da idade não ter afetado a beleza da rainha, que ainda era magnífica e poderosa, mas antes que pudesse sair do quarto, um homem entrou por uma passagem atrás de uma parede oca e no mesmo momento ela soube quem ele era. Zaki, o homem a quem ela recorrera agora que seu marido estava tão distante e frio.

A ideia de trair seu casamento não dava nem um pouco de felicidade para a rainha, mas com o tempo, o amor entre ela e Alberto foi se desgastando pelos deveres da coroa e aquilo havia custado muito a eles, mais do que qualquer um poderia imaginar.

Zaki avançou rapidamente e sempre a beijava de uma forma tão intensa que parecia ser a última vez que fossem fazer aquilo e talvez fosse mesmo. Vitória tirou seu vestido e a camisa de seu amado, sentindo todas as cicatrizes em suas costas que eram marcas da sua época de escravo. Marcas repudiantes aos olhos exigentes da deusa, mas o amor de Vitória era tão poderoso quanto se pode ser, então isso logo foi esquecido. Ela se entregou para ele uma última vez, pois pretendia acabar com tudo naquela mesma noite. Mesmo que o amasse, era uma rainha responsável por inúmeras vidas e precisava lutar por seu casamento mesmo que significasse deixar Zaki ir. Ela nunca poderia fugir com ele ou tomar-lhe como marido, talvez se tivessem se conhecido em outras circunstâncias e ela não fosse quem é, apenas talvez pudesse viver com ele.

A despedida foi rápida apesar de toda a tristeza que cercava os dois, ele sabia que só traria mais dor a ela se insistisse naquilo. Então ele se foi sem saber se algum dia veria sua amada novamente.

Você leu todos os capítulos publicados.

⏰ Última atualização: Mar 01, 2017 ⏰

Adicione esta história à sua Biblioteca e seja notificado quando novos capítulos chegarem!

A Punição da DeusaOnde histórias criam vida. Descubra agora