Capítulo Três

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France - 1946

Paris – Chabanais Street Nº 12

A primeira coisa que Afrodite sentiu foi o cheiro de entorpecentes utilizados pelos humanos, em seguida viu que estava num ambiente com iluminação estratégica para dar um ar misterioso e várias mulheres com uma certa carência na quantidade de roupas cobrindo seus corpos.

– Um bordel? Vocês me mandaram para um bordel? – Ela voltou a se irritar.

– Tenha cuidado, Margot. Você sabe que se a Madame Seraphine te ouvir falando dessa forma, você será punida. Precisamos usar o termo casas de tolerância agora. – Disse uma das prostitutas com traços asiáticos.

– Eu sei disso, Yumi. Apenas acho desnecessário alguém tentar ser aquilo que não é.

– Contanto que você guarde seus comentários com cuidado, não terá nenhum problema.

A mulher seguiu seu caminho e Afrodite aproveitou para ir até um espelho para observar seu novo corpo que era definitivamente melhor que a gótica de cabelo roxo.

Ela tinha seios fartos e curvas bem definidas, além de ter um cabelo preto bastante curto que dava certo charme em conjunto com os olhos de cor violeta, uma rara variação dos olhos azuis. Sua pele clara contrastava com o corpete preto com detalhes dourados que ela usava.

Por mais que a deusa achasse uma insolência a mandarem para um bordel, não entendia como iria encontrar amor num lugar onde todo seu lado sexual como deusa estava presente, mas pelo menos ela tiraria o melhor proveito de tudo aquilo.

Margot subiu numa das mesas e chamou a atenção de todos os homens naquele recinto. Ter acesso ao vasto conhecimento de uma deusa milenar com certeza ajudava a melhorar os movimentos.

As memórias de Margot vieram como uma torrente violenta.

A jovem órfã fora estuprada após completar nove anos de idade e passou a viver nas ruas desde então. Durante os cinco anos que viveu como indigente, acabou fazendo alguns amigos que foram mortos por acidentalmente sujar a roupa de um empresário rico da região, o qual poupou a garota apenas por sua beleza incomum e a usou como queria por sete anos, antes dela não aguentar mais e assassiná-lo. Fugiu o mais rápido que pôde para a capital, lugar onde não encontrou nenhum trabalho e acabou entre as garotas de Madame Seraphine, que já era uma cafetina poderosa na cidade.

Quando parou de dançar, todos os homens encaravam Margot como se eles fossem caçadores e ela a presa mais cobiçada e valiosa de todas. Não demorou até que um magnata inglês pagasse uma pequena fortuna para passar a noite com ela, e assim aconteceu.

Eu sei que muitos estão decepcionados, mas lembrem que o foco não é esse. Talvez eu tire outro dia para detalhar essa parte mais especificamente. Não fiquem chateados comigo, ainda gosto muito de todos vocês.

No outro dia, todas as garotas receberam sua parte nos pagamentos dos clientes e como era de costume, uma boa parte delas saíram juntas para comprar vestidos, perfumes e aquelas que ganhavam mais voltavam até com jóias.

– Ela não vai? – Margot perguntou sobre uma jovem loira que estava isolada no canto.

– Aquela é a Tália, ela é bem jovem e só trabalha aqui há um ano, mas não socializa com ninguém e nunca faz compras conosco. – Respondeu um das garotas e logo elas partiram.

Margot acabou ficando com Yumi e ambas passaram o dia inteiro fofocando, se divertindo e comprando as mais diversas coisas. Yumi explicou que muitas das garotas andavam tensas ultimamente, pois estava havendo um projeto de lei para o fechamento dos bordéis devido à crescente propagação de doenças venéreas e elas poderiam ficar sem emprego a qualquer minuto.

A Punição da DeusaOnde histórias criam vida. Descubra agora