O recém-nascido para de chorar quando é acolhido, porque ele ainda se lembra de como era estar dentro do útero. Como era quente, e como era reconfortante. Era um lugar sem riscos, e sem perdas, onde a energia era renovada todos os dias. A maioria não se lembra de como era estar lá dentro, mas algo dentro de nós sempre soube, e nos mostra todos os dias incansávelmente como aquele lugar era. E quando estávamos no útero sentíamos seguros, e amados. Porque foi lá que nasceu o nosso primeiro amor ligados por um cordão umbilical. E pensávamos que aquilo iria durar para sempre. E que ninguém iria nos separar daquilo que nos protegiam dentro daquela bolsa gelatinosa. Um amor surreal sustentado por um cordão umbilical. E foi então que a natureza chamou, e sentimos o primeiro medo. O mais assustador de todos. E não queríamos perder aquilo, pois estávamos apegados e não sabíamos como viver sem aquilo. Sem aquele ser, sem aquele amor, e sem aquela segurança. E algo puxava para fora de forma brutal. E foi assim que a separação veio quando cortaram o cordão umbilical. O choro era de pavor, porque não sabíamos o que fazer sozinhos no novo mundo desconhecido. Há tantas pessoas neste planeta que ainda não superaram este afastamento no nascimento. E andam por aí procurando em alguém uma forma de sentir o amor e a segurança outra vez. Procurando um novo cordão umbilical para jamais sair dele. E sentimos o útero quando abraçamos alguém. E sentimos o útero quando sentimos o calor do toque de alguém. E algo dentro de nós manda uma mensagem todos os dias. E esta saudade é de décadas. E sentimos o útero quando nos sentimos protegidos. E sentimos o útero quando estamos imergidos. A marca do maior trauma está no centro de nossos abdomens. E livres estarão aqueles que tomarem a consciência disso.
VOCÊ ESTÁ LENDO
A ÚLTIMA ROSA
PoezjaAs sementes que você jogou em meu jardim finalmente brotaram, e floresceu vida na terra que antes estava morta. As flores me perguntam quem foi o responsável por tudo isso. Eu lembro das suas promessas e o meu coração aperta. Tudo o que eu toco me f...