| TRÊS |

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          Eu havia passado por mais três apartamentos e posso dizer que eles estavam em melhores condições que o primeiro, mas estavam com mais zumbis que o primeiro também. Desci as escadas devagar e com várias mochilas pesadas em mãos.
 
 
     - Precisamos de um carro. - pensei. Ambos ainda estavam a dormir sorri de lado.
 
 
 
          Deixei as mochilas ao lado da minha e suspirei de alívio, peguei um dos cobertores que achei e estendi sobre o chão sujo e usei outro como um possível travesseiro. Fui até Alex e a peguei no colo com cuidado e a deitei delicadamente sobre o cobertor estendido tentando não acorda-la, usei o último cobertor para cobrir o irmão dela que estava a tremer de frio e usei um casaco enorme para tapa-la.
 
 
     - Dá pro gasto ao menos...
 
 
 
          Peguei a mochila onde estavam os remédios e outros utensílios de primeiros socorros - o bom de se ter uma mãe enfermeira é saber se virar em tais situações como esta. Deixei a caixa de primeiros socorros ao lado dele e fui a uma pequena janela do outro lado da loja eletrônicos. Peguei a garrafa que ficou a " esquentar " com a iluminação do sol, ela não estava tão quente quanto necessário, mas ainda poderia usa-la. Olhei para a vidraça da loja de eletrônicos que pela rua cheia de carros haviam mais mortos-andantes do que no último dia. Problema - pensei. Voltei rapidamente para perto do tal rapaz, peguei um pano pequeno em uma das mochilas e o molhei com a água " quente ". Depositei delicadamente o pano molhado em sua testa e o mesmo se assustou mas logo relaxou um pouco, ele abriu os olhos devagar e então depositou seu olhar sobre mim. Seus olhos eram escuros, um tom preto profundo que poderiam ver até minha alma. Balancei a cabeça tentando tirar a tolice de meu pensamento da cabeça e disse:

 

     - Não se preocupe, não vou machucar-te, nem sua irmã. - disse um pouco constrangida, pelo fato de ficar encarando-o muito tempo.
  
 
     - O... o-onde está...? - falou com dificuldades referindo-se a irmã. Sua voz era suave mas um pouco rouca por conta da febre.
 
 
     - A dormir... - sai de sua visão apontando para a Alex no canto da sala. Ele sorriu de lado. - Não vou machuca-los... Até por que não tenho motivos, agora deixa-me cuidar de ti, está com muita febre... - disse gentil e ele apenas calou-se.

( Se possível, leia ouvindo: 5 = 4AM - HUNTAR )
 


 
 
         Voltei a realidade e continuei a cuidar do mesmo, neste momento a sua febre havia diminuído e eu já lhe dara remédio para dor e para a febre. A parte engraçada foi vê-lo fazer careta ao tomar remédio, neste meio tempo ele já havia apresentado-se e o mesmo chama-se Matt. Alex acabara de acordar, e Matt já estava se sentindo um pouco melhor mas ele ainda não estava totalmente bom. 
 
 

[...]
 

 
          Enquanto Alex e o irmão conversavam e aproveitavam o tempo juntos eu fui resolver um outro assunto. Saí devagar para não perceberem minha presença e fui a porta da loja de eletrônicos abri-a lentamente e saí olhando para todos os lados tentando não dar de cara com um morto-andante. Haviam poucos zumbis por ali, coloquei a mão no bolso sentindo a adaga - ao menos terei algo para proteger-me. Diriji-me a um zumbi e o enfinquei minha adaga na cabeça, logo outro, outro e outro, até que a rua ficou vazia. Algumas vezes, é bom viver só, pois assim sabes como ser discreta e os zumbis não notarem tanto sua presença - é como se camuflar. Perto da loja de eletrônicos havia uma caminhonete vermelha suja, pouco próxima a loja de eletrônicos. Segui em sua direção, ainda atenta aos mortos andantes, entrei no mesmo e  suas chaves estavam no lugar. Era só ligar, girei a chave e por sorte o motor ainda pegava, mas a sua gasolina estava no fim. Não adiantaria-me de nada!
 
 
          Bati com as mãos no volante frustrada, respirei fundo e voltei a olhar os outros carros de funcionavam e se havia algo útil para nós.
 
 
[...]
 

 

          Eu já havia revirado todos os carros da rua, mas nenhum funcionava. As únicas coisas boas que haviam nos carros, eram comidas e roupas, por sorte achei muitas roupas para Alex. Agora ela não precisaria vestir aquela camisa enorme e suja que usava, voltei para a loja de eletrônicos com mais uma mochila enorme.
 


 

     - Onde estava...? - perguntou Alex logo que entrei a loja.
 

     - Não pode ficar aqui Alex... - a puxei pelo braço delicadamente.
 
 

     - Por que não? - perguntou confusa.
 


 

     - Porque os zumbis podem te ver e entrarem aqui. - expliquei.
 


 

     - Mas eu vi você matar todos eles... - ela disse ainda confusa.
 

     - Por pura sorte! - disse um pouco impaciente.
 


 

     - Você vai nos deixar? - perguntou preocupada.
 


 

     - Por que pergunta isso?
 


 

     - Eu vi você tentando ligar os carros, achei que ia nos deixar. - disse com uma voz chorosa. Sentei-me na cama improvisada onde ela deitara antes e ela fez o mesmo.
 
 

     - Eu estava a procurar um carro para nós, não podemos ficar aqui para sempre. Vou apenas esperar seu irmão melhorar e partiremos. - disse acariciando seu rosto.
 


 

     - Mas por que não podemos ficar aqui? - perguntou um pouco exaltada. - Nós vivemos tão bem aqui!


 
     - Ei! Acalma-te...
 
 
     - Por que temos que ir embora!? Vivemos tão bem aqui, eu não quero viver por aí, isso sim é perigoso. - ela disse com uma voz chorosa.
 
 
     - Alex, esse lugar é perigoso, estamos em uma cidade e cidades são perigosas. Vamos colocar nossa vida em risco se ficarmos aqui, essa viagem vai ser pra encontrar-nos um lugar seguro... - disse tranquila a puxando-a para um abraço. - Eu me acostumei a você de uma forma inesperada, foi tudo de repente. Por mais que eu tente me afastar de você, eu não consigo, você me lembra pessoas importantes na minha vida e é por isso que eu não vou deixar-te e eu vou proteger-te, mas pra isso você precisa entender que aqui não é um lugar seguro. - digo acariciando seus cabelos loiros e longos, ela apenas calou-se e então percebi que ela estava a cair de sono.
 
 
          A deitei na cama e levantei-me. Diriji-me até Matt e toquei gentilmente as costas da minha mão sobre sua testa, a febre já havia abaixado, mas os seus machucados ainda não estavam cicatrizadas. Acredito que ficaremos por aqui mais uma semana até eu encontrar um carro. Fui a minha mochila e tirei da mesma o meu " diário " junto ao meu facão enferrujado, caminhei novamente para o balcão e sentei-me encostada nele. Vamos lá...
 
 

"          Querido Diário...          "

Xxx

Espero que tenha publicado o capítulo  2, se não avisem-me estou sem saber já que o WattPad está adorando me trolar!

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