| QUATRO |

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           Eu já havia revistado todos os apartamentos. Digamos que estávamos 50% seguros por aqui, mas mesmo assim me sentia indiferente e  de algum modo assim eu tentava manter-me positiva mesmo as condições não sendo favoráveis! Acabamos por ficar em um dos apartamentos, Matt estava com Alex em um dos quartos e eu fiquei com um menor, mas isso não me incomodava já que eu passava a maior parte do tempo procurando comida e um carro para viajarmos o mais rápido possível já que esse lugar me deixa inquieta.
 
 
 
     - Acho que deveríamos conversar sabia... - disse Matt se aproximando devagar com o auxílio de uma muleta velha.

     - Conversar? Sobre o que... - perguntei confusa.
 
     - A última vez que conversamos foi quando nos apresentamos... Eu ainda nem conheço você direito, quero saber por quanto tempo está sozinha, o que aconteceu com seus pais e se-

     - Você não precisa me conhecer, até o momento ainda não dei motivos para desconfianças! - cortei-o.

     - Será que não? - perguntou desafiador.

     - O que quer dizer com isso? Eu bati na sua irmã? Eu apontei uma arma para a cabeça dela? - perguntei. - Eu poderia deixar vocês dois lá embaixo, você morreria de febre, se transformaria e mataria sua irmã! A não ser que antes ela morresse de fome! - ele me olhou assustado.

     - Ela é a única pessoa que eu tenho! Eu desconfiaria do meu próprio pai, para protege-la... - ele disse seco. - Não vamos mais perturbar você, amanhã eu irei procurar um carro.

     - O que!? - disse incrédula. - Não pode fazer isso comigo!

     - Sim! Eu posso! - ele disse grosseiro. - Enquanto você não me disser nada sobre si, eu vou mante-la longe da minha irmã...

          Eu não sabia como reagir. A primeira pessoa em que, eu pude sentir algo depois de anos estava a ser tirada de mim, depois de anos que meu coração havia apodrecido e frio ele finalmente volta a bombear e aquecer, mas então ele resolve tirar-me a única pessoa que me trás lembranças boas...

     - Ela é importante para mim... - a minha voz soa com indiferença, com desespero, que até eu mesma não reconheço.

     - Como alguém que mal conhece, pode se tornar alguém importante para si? - perguntou desconfiado.

     - Ela me trás lembranças... - falo tentando manter naturalidade, mas escondendo um pequeno sorriso.

     - Que lembranças? - perguntou curioso. Matt era tipo uma criança pequena, adora ouvir histórias mas também como um pai, ele é super-protetor em relação a irmã.

      - Meus pais, meus irmãos... - digo olhando para a janela tentando esconder as pequenas lágrimas que surgem em meus olhos.

      - Eu também perdi pessoas Jessie... - ele disse com um tom mais de emoção na voz, como se fosse também difícil dizer aquilo.

      - Posso... - comecei. - ... Te dizer mais sobre mim, mas, por favor não a afaste de mim. Ela é a única pessoa com que, depois de anos, eu me preocupei de verdade, com que eu me importe de verdade. - digo desesperada e ele ficou apenas em silêncio.

          Nos sentamos em um sofá empoeirado do apartamento e então comecei a contar quando tudo começou, bom, acho que era o bastante.

      - Eu tinha uns 15 anos, quando tudo começou. Eu morava em São Francisco na Florida com meus pais, meu irmão mais velho Josh e minha irmã mais nova... Morgana, ela tinha a mesma idade que Alex. - explico.

      - É por isso que gosta tanto de Alex... (?) - disse ele pensativo e eu assenti. - Como morreram? - suspirei.

      - Primeiro, foi... Morgana. - disse com a voz um pouco tremula. - Ela morreu tentando me defender, quando um zumbi vinha para cima de mim, ela se meteu entre nós e acabou sendo mordida, eu tive mata-la... - disse sentindo as lágrima escorrerem sobre meu rosto mas logo apressei-me para seca-las

      - Você, não tevê que mata-la, ela já estava morta.

      - O meu irmão, foi assassinado, com um tiro na cabeça tentando defender a minha mãe de uns caçadores que queriam roubar nossa comida. - interrompi-o, eu me sentia indisposta a falar sobre aquilo, a minha voz já estava rouca e chorosa, aquelas do tipo que a qualquer momento você pode desmoronar e chorar como um bebê de 3 anos. Mas o Matt só conseguia permanecer em silêncio, e na verdade era isso que eu queria, que ele ficasse em silêncio ao invés de ter um sofrimento falso e alheio. - Depois, foi minha mãe...

     - Você não precisa continuar se não quiser... - ele disse em uma tentativa de parecer preocupado, mas não queria ouvir histórias sobre tantas mortes.

          Apesar de todo meu sofrimento, eu consegui me recuperar facilmente de contar a vida drástica apartir do apocalipse zumbi. Mas eu tinha um grande porém para correr atrás:

     - Você vai afasta-la de mim? - disse eu.

     - Não vamos ir embora, mas mesmo assim vai me falar mais sobre você enquanto estivermos na viagem... - ele disse um pouco sério, tentando não deixar transparecer o seu pouco alívio de não ter que ir embora em suas trágicas condições. Eu apenas assenti como um tipo de agradecimento.

* * *

          Logo já estava a escurecer e eu deveria voltar para casa, eu já havia achado um carro próximo a uma livraria da cidade - ela era bem velha e empoeirada, onde suas estantes eram rústicas e a madeira de todas estava apodrecendo, o que poderia ferrar com a minha vida se caso continuasse ali. Deixei o carro na esquina da rua onde estavamos " acampados ", pois não queria deixar o carro bem em frente a loja de eletrônicos para que não houvesse um possível amontuamento de zumbis que poderia nos matar.

     - Cheguei. - anunciei minha chegada mas o apartamento estava silencioso. Eu poderia achar que estariam em silêncio para não atrair zumbis, mas o modo ixagerado de silêncio era confuso e aguniante. - Alex? - a chamei, silêncio. Em seguida a chamei mais algumas vezes mas nada.

          Preparei meu facão e fui para o corredor do apartamento, bati na porta do quarto onde ambos ficavam - Matt e Alex - e nada, então fui para o meu onde dei leves batidas na porta, mas nada também. Então logo me veio a teoria de que Matt tenha fugido com Alex, em uma tentativa de sobreviveram por não me acharem confiável o suficiente para eles.

          Balancei a cabeça. Não, não poderiam ter me abandonado assim! Entrei no meu quarto sentindo um pouco de raiva, as mochilas continuavam ali. Então um pouco de esperança me encheu, talvez ambos estivessem apenas a dormir em seu respectivo quarto. Entrei no quarto com o coração um pouco acelerado pela agonia e então, ambos estavam apenas a dormir cada um em sua cama. Com serenidade e cansaço no rosto de cada um, como se confiaçem a mim sua segurança. E com toda certeza eu vou os proteger, mesmo não tendo certeza de meus sentimentos, eu vou.

Xxx

Desculpe os erros de gramáticas.

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⏰ Última atualização: Apr 09, 2017 ⏰

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