Capítulo 3

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Bernardo

-Como ele descobriu seu endereço?

Lucas me perguntou meio ofegante pelo esforço que estava fazendo nos braços. Ele tinha ouvido todo meu relato calado do dia que o Victor invadiu meu apartamento depois da formatura.

-Não sei. – Respondi e tive que dar um tempo pra respirar.

- E o que ele queria?

-Me dar os parabéns – Lucas me olhou com um olhar de quem não acreditava no que eu estava falando.

-Só aconteceu isso? Você quer que eu acredite que ele foi à sua casa só pra te parabenizar pelo diploma? Depois de tudo que vocês passaram? Não sou trouxa Bernardo.

-Ele me beijou... – Confessei derrotado

-E você vai cair nessa de novo? Ele tá noivo agora.

-Eu sei. Só que eu não pude evitar.

Aquela boca. Aquele corpo. Tudo era demais pra mim, não conseguia ver um defeito sequer nele. Mesmo que ás vezes, quando ainda estávamos juntos, eu o criticasse por cada vez mais estar se enchendo de tatuagens, eu ficava fascinado cada vez que ele tirava a camisa e as exibia. Tinha me rendido a sua obsessão e feito uma junto com ele, era o dia, o mês e o ano em que nos vimos pela primeira vez. Tínhamos feito uma tatuagem de casal, embora agora não fossemos mais um.

-Sabe o que você precisa? Sair, conhecer gente nova, faz quanto tempo que você não sai com ninguém? Quando foi a última vez que você teve uma boa transa? – Lucas parou pra me olhar. Voltei pra mais uma série de exercícios no braço.

Uma boa transa de verdade não tenho desde que eu terminei com o Victor. Pensei, mas resolvi não falar. Porra, o sexo era foda. Tive que me concentrar pra não me machucar.

-Heey faz algumas semanas que meu lance com a Priscila acabou, não estou tão na seca assim. – Menti. Aquilo não tinha dado em nada.

-Não parece, pra estar ressuscitando mortos... Olha a sua volta Bê, veja quantas pessoas tem aqui, não é possível que nenhuma delas seja suficientemente interessante pra você. Aproveita que academia é um bom lugar pra se paquerar.

Percebi que ele teve o total cuidado de falar pessoas, e não especificar homens ou mulheres. Aquele meu término tinha me deixado confuso sobre tudo, saí com algumas meninas, mas não ousei chegar perto de um homem naquele período. Uma idéia que me parecia estúpida, mas queria que o Outro fosse o único em minha vida. Só não sabia quanto tempo iria agüentar com aquilo.

Fiz o que ele mandou e observei o local, estávamos na academia que ele costuma freqüentar. Tinha me matriculado á alguns dias e combinei com ele de que a partir dali nós iríamos juntos. Ele, claro, deu a maior força. Iria cuidar do corpo já que a mente estava podre. Inúmeras pessoas faziam seus exercícios alheias aquela nossa conversa ali, muitas eram bonitas e atraentes aos olhos, mas eu precisava de muito mais que um rostinho bonito.

-Não vou paquerar ninguém aqui. Tá todo mundo suado.

Falei e ele deu risada do meu comentário. Lucas vinha sendo um cara muito maneiro nesses últimos meses, só nessas horas que a gente vê quem é amigo de verdade. Vivia me arrastando pro lugares em que ia, suportava horas e horas dos meus relatos e me dava muitos conselhos, mas que eu nem sempre seguia.

Nosso personal apareceu pra nos orientar e eu percebi que ele sorria demais pra nós dois. Ele era moreno, alto, cabelos raspados e muito musculoso. Olhei pra ele e só consegui pensar nas coisas que ele deixava de fazer pra ficar na academia se definindo, pra que tudo isso? Ele auxiliou o Lucas a ficar na posição correta e depois veio até mim. Observou como eu estava fazendo por alguns instantes, elogiou e foi embora.

Quando o Amor Prevalece - LIVRO 2Onde histórias criam vida. Descubra agora