Bernardo
Já fazia uns dez minutos que eu estava ali olhando o Victor dormir tranquilamente, ele mantinha um sorriso sereno no rosto que, mesmo inconsciente, era bonito de se apreciar. Dessa vez fui eu quem o pegou dormindo, coisa bem rara de acontecer, ele era sempre o primeiro a acordar. Dessa vez era eu quem teria o privilégio de observá-lo num momento tão frágil e único, só agora entendia o motivo dele ser tão fissurado nisso.
Estava dormindo abraçado com o Arthur, esse com certeza deveria ter vindo no meio da noite se esgueirando e se enfiou no meio da gente, sempre era assim e até já tínhamos nos acostumado com aquilo. Olhando aquela cena, eu podia imaginar o quão gostoso estava aquele abraço, eu mesmo tinha ido dormir dentro dele na noite anterior e confesso que não havia nada mais gostoso que aquilo. Mas, se fosse por um dos meus filhos, eu aceitava de bom grado ceder meu lugar.
Foi olhando pra eles que de repente me ocorreu uma idéia! Afastei os cobertores, me levantei com cuidado pra não acordá-los e deixei os dois praticamente babando na cama. Desci as escadas, fui preparar o café e fazer uma surpresa, já que tinha acordado iria ser útil.
-Opa Hilda! Não sabia que você viria hoje... eh, bom, agora que você já viu mesmo, acho que nem adianta voltar pra vestir um shorts, né?
Falei pra nossa empregada que arregalou os olhos quando me viu entrando na cozinha só de cueca.
-E também não tem nada demais aqui. Não é novidade pra você o que eu estou mostrando, você já deve ter visto muitos homens de cueca. - Continuei meio sem graça.
-Tranquilo, Bernardo. Mas garanto que os que eu vi não chegam nem perto do Senhor.
Ela respondeu rindo e terminando de colocar as coisas do café na mesa, não pude deixar de ficar um pouco encabulado, pois, não é todo dia que se recebe um elogio de uma senhorinha doce e gentil. Sabia que pelo tempo que ela estava trabalhando ali conosco o constrangimento seria algo passageiro.
-Me ajuda a arrumar umas coisas aqui, leite, café, pão... Hoje o café vai ser na cama.
Depois do meu pedido, ela começou a me ajudar a transferir tudo o que já tinha preparado para uma bandeja e eu poder levar até o quarto. Trabalhamos juntos e logo tudo já estava pronto e do jeito que eu imaginava.
-Ah! Hilda vai descansar... O Victor não deve ter avisado, mas vamos passar todo o final de semana fora. Vai pra casa, tira uma folga.
Avisei a ela me lembrando que durante a semana tínhamos combinado de passar o final de semana todo na casa da Serra que meu pai tinha acabado de comprar. Iríamos um pouco mais tarde e provavelmente só voltaríamos no domingo a noite. Subi de novo, dessa vez parando pra passar no quarto do Gui, e o chamei para levantar e se juntar a gente. O encontrei na cama encolhido e ainda dormindo, não deveria nem ter visto a hora que o irmão saiu pra dormir em outro lugar.
-Gui, acorda! - Falei passando a mão em seus cabelos rebeldes.
-Hoje é dia de ir pra escola, papai? - Ele perguntou sonolento.
-Hoje não, mas já está na hora de levantar. Vem, vamos tomar café lá no meu quarto, seu irmão já tá lá.
Assim ele se levantou cambaleante, coçando os olhos e me acompanhou. Não pude deixar de dar risada do seu pijama do Super-Homem que ele vestia e já não tirava pra mais nada, parecia de verdade o uniforme do herói e até a capa vermelha tinha, fazendo movimentos quando ele andava. Aquilo era coisa do Victor, claro. Quando chegamos ao quarto, os dois dorminhocos já estavam acordados e conversavam debaixo das cobertas.
-Já tinha perguntado pro Arthur onde será que você tinha ido... Gui deita aqui comigo... Nossa! Café na cama, amor? - Victor perguntou depois de olhar direito.
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Quando o Amor Prevalece - LIVRO 2
RomantizmLIVRO 2 - Como num passe de mágica, as coisas podem começar a desandar sem que encontremos uma solução. Foi isso que aconteceu com Bernardo e Victor. Quatro anos após eles finalmente decidem se entregar a paixão e viver aquele amor que sentiam um pe...