Victor
-Victor, tô te falando cara, melhor parar de tentar fingir e fazer esse pedido logo. Só essa semana, ele já veio reclamar pra mim umas três vezes que você tá muito estranho e que vive falando que não quer casamento sem nem mesmo ele perguntar. Ele não sabe como falar contigo que tem uma idéia totalmente diferente. É melhor parar com isso antes que dê merda. Vocês já tiveram azar demais nessa vida. Faz logo o pedido, para de enrolar.
-Você não entende Lucas... eu quero que seja uma surpresa de verdade, e nada melhor que fingir não querer aquilo que eu irei fazer. – Expliquei mais uma vez.
-Tá, mas quando vai ser isso?
-Daqui á uns dias, vou esperar mais um pouco... Tá tudo certo com sua parte? Você vai ainda vai me ajudar, né?
-Só estou esperando seu OK pra começar. Vai ser no mesmo local que a gente combinou?
-Sim, prefiro que seja aqui mesmo. Assim temos mais privacidade.
-Tá certo. A gente vai se falando então.
-Nem sei como te agradecer. Te amo, cara.
Encerrei minha conversa com o Lucas pelo telefone e foi inevitável ficar pensando em como tudo aquilo ia acontecer e sorrir com a idéia. Há alguns dias, tinha procurado o Lucas, um dos poucos amigos que tínhamos em comum, e pedido pra que ele me ajudasse com o que tinha em mente. Ele, claro, topou na mesma hora com um largo sorriso no rosto. Eu sei que eu poderia fazer um pedido simples e evitar toda a dor de cabeça que iria ter pra esconder dele, mas com a gente nada nunca foi tão normal e simples, por que o pedido de casamento deveria ser? Também pensei em chamar minha irmã, ela com certeza iria adorar, mas resolvi poupá-la pela distancia em que morávamos um do outro.
-Escutei o fim da sua ligação. Quem você ama? Além de mim, é claro.
Bernardo apareceu ali onde eu estava, fazendo com que eu voltasse a realidade e com uma cara desconfiada.
-Era o Lucas. – Falei o puxando pra que se sentasse comigo.
-Hum. Você anda falando muito com o Lucas ultimamente, não é estranho?
-Ciúmes? – Perguntei.
-Não... é que... sei lá. Ele sempre foi meu amigo, agora vocês andam mais íntimos que eu e ele.
-Só quis ser amigo do melhor amigo do meu namorado. – Futuro marido, acrescentei mentalmente. – Daí que acabei percebendo que ele é um cara legal, muito gente boa.
-Hum.
Eu não tinha conseguido convencê-lo, disso eu não tinha duvidas, pois ele sempre via mais coisas onde não existia nada. Bom, nesse sentido até havia, Lucas iria me ajudar com alguns preparativos que fariam o Bernardo se tornar meu marido daqui a poucos dias e até os últimos dias da minha vida.
Depois de termos voltado definitivamente, lembrei de uma conversa que havíamos tido a um tempo, onde ele me perguntou o porque de nunca termos tido algo mais oficial naquela época, e eu não tive uma resposta pra dar. Ele queria isso, era perceptível, não foi a toa que foi reclamar com seu amigo. Eu também queria, então porque não? Nos últimos tempos já vivíamos como casados mesmo, que mal teria oficializarmos aquilo que todo mundo já sabia?
Pesquisei tudo que precisava saber sobre casamento de pessoas do mesmo sexo e vi que não seria tão difícil quanto pensei, os tempos tinham mudado e as leias também. Um juiz paz que estivesse disposto o realizar a cerimônia e a boa vontade dos noivos em comparecer já seriam suficientes. E depois disso nós seríamos um do outro pra sempre. Poderíamos nos casar num fim de semana pela manhã e logo a tarde viajaríamos pra algum lugar de lua de mel, o que eu achava a melhor parte de tudo, sem termos o trabalho de organizar muitas coisas. Não precisávamos de nada muito grandioso, e tinha certeza que ele concordaria comigo, nosso dinheiro seria poupado pro futuro. Contudo, sem precisar pensar muito, eu sabia de uma pessoa que ficaria indignada por deixarmos uma ocasião tão importante dessas passar em branco: minha irmã. Ela achava que por sermos gays deveríamos ser populares, dar grandes festas, ser baladeiros e gostar de uma cantora que era gaga, ou esse era o nome dela? Não sei. Mas não éramos assim e ela teria que aceitar.
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Quando o Amor Prevalece - LIVRO 2
RomanceLIVRO 2 - Como num passe de mágica, as coisas podem começar a desandar sem que encontremos uma solução. Foi isso que aconteceu com Bernardo e Victor. Quatro anos após eles finalmente decidem se entregar a paixão e viver aquele amor que sentiam um pe...