Victor
Encontrei minha mãe sentada no sofá numa posição que demonstrava desconforto, assim que escutou o barulho da porta, olhou em minha direção e tentou sorrir. Estava diferente da ultima vez que a vira, cerca de quatro anos atrás, era como se tivesse passado por um sofrimento muito grande e isso houvesse a deixado marcas. Sofreu porque quis, tudo poderia ser diferente se ela fosse mais tolerante. Ela se levantou e veio em minha direção, nos encontramos frente a frente naquele mesmo lugar que á anos atrás ela havia me falado barbaridades.
-O que você faz aqui, ma... Ana?
Perguntei exausto, ela não podia simplesmente ir entrando na minha casa assim. Dei graças a Deus por o Bernardo não ter vindo comigo. As coisas não seriam nadas boas. Certamente iria ouvir mais palavras de ofensa dela, eu não iria mais deixar barato com fiz da outra vez e isso seria um problema pros três naquele pequeno apartamento. Ela se sobressaltou quando a chamei pelo nome, mas se recompôs.
-Eu vim te ver filho. Faz tanto tempo. Sua irmã disse que você está noivo de uma garota, é verdade? – Ela frisou bem a palavra "garota".
-E isso importa agora? Achei que você não se importasse mais comigo.
-Não fala assim, Victor. É claro que eu me importo, você e sua irmã são tudo pra mim.
-Ninguém que diz se importar assim com outra pessoa fica anos sem sequer um telefonema. Não foi isso que aconteceu? Tem idéia do que eu passei e senti por isso?
-Filho...
-Não me chama assim, a senhora mesmo me disse que não tinha mais filho enquanto ele fosse um viado. – Cuspi aquelas ultimas palavras na intenção de chocá-la.
-Mas isso já passou Victor, agora você está noivo e vai se casar. Minhas orações fizeram com que você mudasse de vida.
-Como é que é? Orações? A senhora só pode estar de brincadeira comigo. Olha só, tive um dia estressante de trabalho, não torra mais minha paciência.
-Conversei com seu pai, meu amor. Ele disse que a gente pode tentar de novo, a gente pode te aceitar de novo.
Fui até o sofá e desabei com o tamanho absurdo que ela estava falando, eu já poderia ter imaginado que algo do tipo viria. É claro que ela não estava ali a toa, queria uma aproximação, mas em troca eu teria que dar um atestado de heterossexualidade. Inacreditável o que eu estava ouvindo.
-Agora que você trabalha e tem uma vida digna, nós podemos te aceitar de volta.
-Eu sempre tive uma vida digna. – Falei quase gritando.
-Aquilo não era o Victor, aquele outro deve ter feito sua cabeça pra que você levasse aquela vida. Mas mexeu com a pessoa errada, se ele quer levar uma vida de promiscuidade, sem caráter e degradante, ele que vá procurar outra pessoa.
Ela disse e eu precisei de um tempo pra me dar conta do que ela se referia, ou melhor, de quem.
-Eu não posso acreditar. "Aquele outro" que a senhora tá falando como se fosse um marginal tem família, assim como eu tinha, trabalha honestamente e tem mais caráter que nós dois juntos. Ele não é e nunca foi um qualquer, quem vê a senhora falando, pensa que ele é um drogado que me obrigou a me drogar também. Não é bem assim... Se a senhora soubesse a influencia e o poder que ele tem, não falaria essas merdas que tá falando agora.
-Então é isso? Tudo se resume a dinheiro? Nós temos dinheiro também Victor, é só deixar de lado essa vida que você poderá usufruir de tudo.
-Não, não tem nada a ver com dinheiro. Eu conheci e me apaixonei sem saber direito quem ele era. Ele se tornou a pessoa mais importante da minha vida quando me deu o que minha família me negou, o amor de verdade. Se você acha que pode aparecer assim e fingirmos que nada aconteceu, a senhora está muito enganada. Até porque nada mudou daquele tempo pra cá.
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Quando o Amor Prevalece - LIVRO 2
RomanceLIVRO 2 - Como num passe de mágica, as coisas podem começar a desandar sem que encontremos uma solução. Foi isso que aconteceu com Bernardo e Victor. Quatro anos após eles finalmente decidem se entregar a paixão e viver aquele amor que sentiam um pe...