Capítulo 35: "Tempo de decisões difíceis"

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  Ela se virou para mim, sua face era de completo vazio, a curiosidade de querer saber o que se passava em sua mente me atormentava.

  Mamãe fez um breve silêncio e em seguida ouvi sua respiração abafada se soltar pelo ar, eu nem poderia saber se aquilo era bom ou não, mas me prendia a atenção. Ela fez sinal para que subíssemos a escada e logo em seguida estava subindo os degraus em minha frente. Adentramos seu quarto, fechei a porta do mesmo, sentei  em sua cama, aquele silêncio me torturava.

 - Confesso que esperava que você me pedisse isso, não agora, mas alguns dias depois de chegarmos. Eu tinha medo de que você não se adaptasse as coisas daqui ou simplesmente sentisse falta do seu lar e amigos. Mas assim que a vi rindo e sorrindo junto de Jhenny, percebi que não precisava me preocupar. Para mim Jhenny é como uma filha que o destino me deu, sua irmã que lhe faria companhia e te protegeria. Não vou perguntar o motivo de você querer voltar para o Brasil, eu não tenho esse direito, pois desde que chegamos aqui eu só tenho pensado em como estamos contentes com essa vida nova, então me desculpe por não ter sido uma mãe melhor.

  Seus olhos estavam cheios de lágrimas, ela parecia desabar, eu não a culpava, nunca foi fácil largar tudo e todos para trás e levar sua filha junto, correndo risco de desemprego. Eu também era culpada por não me preocupar mais com quem era a pessoa mais importante da minha vida. Acho que estávamos tão preocupadas no que viria pela frente que esquecemos uma da outra.

  Lhe dei um abraço apertado, bem confortável, para tirar as mágoas de nossos corpos, para tirar toda culpa que havia ali. Eu ainda precisava de um tempo para pensar, um tempo para colocar tudo em seu devido lugar.

  Sem sentimentos ruins, ela me deixou partir, para longe do calor maternal de seus braços. Porém, eu ainda tinha uma semana de aulas antes das férias de verão. Assim como qualquer outra semana, essa passou rapidamente, a companhia de Jhenny facilitou nisso.

 - Você desapareceu na festa, eu fiquei te procurando. - disse Austin assim que nos encontramos, ele era a última pessoa que eu gostaria de ver.

 - Eu não estava me sentindo bem, resolvi ir para a casa mais cedo. - era a resposta mais gentil que eu poderia dar a ele, já era difícil fingir que estava tudo bem, que eu não sabia do ocorrido.

  Tive que continuar com meu teatrinho pelo resto da semana. Austin e Selena frequentavam a escola normalmente, só de ver os dois juntos me dava nojo. E o pobre do Justin, sem saber de nada? Sim, era uma injustiça, mas eu não sabia o que fazer, precisava de tempo para pensar. Ao chegar o último dia de aula antes das férias de verão, tive a surpresa da presença de alguém.

 - Lily, o que você pretende fazer nas férias de verão? - era Justin, ele era uma das poucas coisas boas naquela escola.

 - Eu vou passar um tempo no Brasil, irei visitar meu pai e você? - eu só não sabia se deveria dizer que talvez fosse uma viagem sem volta. 

 - Vou ficar um tempo na casa dos meus avós e ver alguns amigos. - seu olhar brilhante se focava em mim sem parar. - Você tem algum número de telefone para que eu possa falar com você durante as férias? 

 - S-sim, claro! - imediatamente tirei papel e caneta de minha bolsa, anotei meu número e dei o papel nas mãos de Justin. 

  Seu rosto transbordou de alegria, da mais pura e sincera alegria que eu já tinha visto.

 - Então, até mais. - nos despedimos com um aperto de mãos, de longe pude ver seu rosto corar.

  O último dia em casa foi repleto de sentimentos bons, de carinho. Eu poderia dizer milhares de coisas boas sobre mamãe, tia Lisa e Jhenny, mas não seriam capazes de expressar o tamanho afeto que sinto por cada uma delas.

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