Prólogo

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Cheguei em casa depois de um dia insano de trabalho. Além do estagio no jornal da universidade, eu ainda me desdobrava com um estágio em uma pequena revista de Seattle. Eu era assim mesmo, trabalhava mais do que precisava, apenas para manter a mente ocupada.

E dava certo, meu tempo era completamente consumido pelo trabalho. Minhas únicas vontades ao chegar em casa eram comer, tomar banho e dormir, não necessariamente nessa ordem.

Mas naquele dia eu soube que algo estava diferente, ter meus pais me esperando era algo raro, mas não foi necessário pensar muito para descobrir o motivo.

Eu queria morar em New York.
Não. Eu iria morar em New York.

Eu só precisava que eles aceitassem isso antes que eu partisse.

A verdade é que eu nunca tive a intenção de concluir meus estudos em Seattle e eles sabiam disso, assim como sabiam também que eu só havia ficado tanto tempo ali por amor a minha mãe.

Rebecca sempre foi a mãe mais amorosa e mais interessada em me ver feliz. Ela sempre fez questão de apoiar meus sonhos e me dar as melhores oportunidades.

Eu era imensamente grata por ela ter se apaixonado por mim e tomado à decisão de me adotar. Entre tantas crianças ela e meu pai me escolheram e eu os amava incondicionalmente.

Se eu pude ter uma vida maravilhosa era graças a Rebecca e John Andrews.

Eu fui uma criança feliz assim que eu os conheci, uma adolescente feliz sem paranóias, sem rebeldia e sem qualquer questionamento e eu estava me tornando uma mulher feliz também, porque eu finalmente tomaria minhas próprias decisões sozinhas.

Era isso o que todas as pessoas faziam quando se tornam adultas, não era? Pois bem, eu queria e iria me mudar para New York, e eu só queria o apoio deles.

Filha nós estávamos esperando você. Minha mãe rodava sua aliança em seu dedo sempre que estava nervosa, dessa vez não era diferente. 

Seus cabelos que não se decidiram entre o louro e o castanho estavam presos impecavelmente em um coque e sua pele parecia radiante como em todos os dias.

Mas seus olhos, eu pude notar que pareciam tristes. Quando mamãe estava feliz seu sorriso e seus lindos olhos azuis iluminavam o ambiente.

Eu sabia o motivo dessa tristeza, mas esperava que ela me entendesse, pois no final, eu só estava em busca dos meus sonhos.

Meu pai parecia bem, mas quando ele não aparentava estar em seu auge? Era impossível para eu me lembrar de algum momento em que ele não estava bem.

Ele era sempre o mais controlado e o mais prático. Ele parecia cruel as vezes, com todos, menos comigo. De algum modo eu era sua princesinha.

Ele era alto demais para ser ignorado, sua voz e o seu porte deixavam claro que ele estava no comando. Ele era controlador em qualquer situação.

Aquilo me assustou muito no começo, mas quando ele abria seu enorme sorriso para mim eu sabia, que por trás do homem de negócios eu havia ganho um pai. Um pai maravilhoso.

Era difícil para as outras pessoas entenderem que a opinião deles era importante para mim, mas eu também estava cansada de esperar uma resposta.

Vocês já tomaram uma decisão? Perguntei exausta e me joguei em um dos sofás.

Alyssa corrija a postura. Minha mãe me repreendeu e eu me sentei corretamente sem paciência para discussões.

Sua mãe e eu estivemos conversando sobre a sua ideia de se mudar para New York. Meu pai disse e encostou-se no sofá colocando o braço de modo que pudesse tocar o ombro da minha mãe.

Minha intenção. Corrigi e apertei a ponte em meu nariz, sabendo que aquela conversa não seria nada boa.

Nós sabemos que você já tem vinte e um e que não podemos tomar decisões quanto a isso, mas você precisa entender que ficamos preocupados de você querer se mudar assim de repente. Minha mãe tinha a expressão triste, como se alguém tivesse morrido.

Que exagero pelo amor de Deus

Não foi assim "de repente." Repeti suas palavras fazendo aspas com os dedos. Eu disse desde o começo que eu queria me mudar, não façam disso um grande caso, por favor.

Rebecca, nossa filha tem razão. Pelo menos meu pai concordava comigo.

Tudo bem, mas eu não estou preparada pra perder minha filha também. Minha mãe me deixava arrasada, mas eu não podia mudar de ideia.

Sabia que eventualmente ela iria entender, eu não seria ingrata quando estivesse longe. Jamais seria.

Você não vai me perder, vou te ligar quando puder e voltarei para visita-los, e vocês podem me visitar também. Expliquei e sorri esperando que isso os acalmasse.

Eu sei disso. Minha mãe fungou e eu pude ver o aperto em seu ombro vindo do meu pai.

Eu admirava o amor que eles tinham. Estavam a todo momento demonstrando que mesmo após tantos anos eles ainda se amavam profundamente.

Os gestos do meu pai eram sempre protetores e gentis, ele poderia ser um carrasco com o mundo, mas com ela era outra pessoa.

Tudo bem, nós concordamos com sua mudança, mas temos uma condição. Meu pai proferiu sua sentença calmamente e minha mãe parecia conformada.

Ok, e que condição seria essa? Eu realmente não estava preocupada, poderia lidar com qualquer coisa.

Foi então que meu pai olhou em meus olhos antes de dizer, e pude sentir que não importava a condição, ele estava falando sério e eu não seria capaz de fazê-lo mudar de ideia.

Você vai morar com seu irmão Evan, pelo menos por um ano. Só depois de um ano você pode se mudar para um lugar só seu. Meu pai parecia satisfeito, como se tivesse concluído um bom negócio.

E foi aí nesse instante que eu soube que estava fodida, senti meu sangue drenar para fora do meu corpo. Sabia que deveria estar pálida, mas eles não estavam notando.

Eu estava sem palavras, meu choque rapidamente substituído por fúria, ou medo, eu não tinha certeza.

Vocês estão brincando? Eu não acredito nisso. Quando eu disse que poderia lidar com qualquer condição, isso não incluía Evan.

Essa é a nossa condição. Evan já concordou e ele está vindo buscá-la no final da próxima semana.

Meu pai falava como se tudo já estivesse decidido. A vida era minha, mas obviamente as decisões eram tomadas por ele.

Eu não quero morar com ele, estou saindo de casa para ter minha própria vida, não para viver debaixo das asas de Evan. Eu argumentei irritada.

É isso Alyssa, é pegar ou largar. Ele me respondeu dando um fim a discussão.

Como se eu tivesse alguma escolha. A resposta era mais para mim do que para eles, já estava conformada.

Eles sabiam que eu jamais seria capaz de ir contra eles e que de nenhuma maneira eu me mudaria contra a vontade deles ou chateada.

A decisão já estava tomada, eu iria morar com Evan.
Morar com Evan.
Morar sozinha com Evan em New York.

Eu estava sem reação, milhares de pensamentos e eu não sabia o que fazer.

Como eu seria capaz de morar com alguém que passou a maior parte do tempo distante de mim?

Ou pior, como eu seria capaz de morar com meu irmão adotivo quando na verdade eu era loucamente apaixonada por ele?

Meu fodido Deus, eu estava perdida.

Romance ProibidoOnde histórias criam vida. Descubra agora