O que você faria se fosse uma pessoa completamente sã e de certezas concretas na vida e acabasse se apaixonando por alguém que é o contrário? A que ponto chegaria seu amor? A que ponto faria coisas para um psicopata, um louco, um sadista, um piadist...
-Calma! Calma! -Joker dizia me segurando, mas era impossível ficar calma ao ver praticamente a cama toda ensanguentada. -Cadê a porra daqueles malditos médicos?!
-Já estão vindo! -Hera disse ao ver eles estrando no quarto. Afastaram Joker e começaram a vir em cima de mim, me arrumando e tentando me deixar o mais confortável possível.
-Tenha calma, OK? Respirei fundo. -O médico dizia. Eu tentava, mas a dor era insuportável.
Fui fazendo os procedimentos até chegar a hora do parto.
Joker segurou em minha mão direita com força enquanto Hera segurava a esquerda.
-Vamos lá, força! 1...2...3... -Aquilo era horrível, uma dor indescritível, mas eu tinha que fazer força, e eu fiz toda possível, as lágrimas escorriam pelo meu rosto, mas no fundo eu sei que com certeza valia a total pena. Por fim o primeiro bebê saiu, uma das médicas o pegou.
-Hera... Vá atrás dela, com o bebê. -Disse um pouco preocupada. -Ela concordou e as duas saíram.
-Vamos lá, de novo, você consegue. -O médico me motivava. Respirei fundo e passei pelo mesmo sofrimento novamente, mas não foi tão doloroso comparado ao primeiro, foi mais rápido. Ele deu o bebê ao outro médico. -Ele vai levar para a outra médica fique tranquila.
Minha visão começou a ficar um pouco turva.
-Audrey? Audrey?!
-Hemorragia?! -O médico chamou atenção dos outros que vieram desesperados pra tentar me ajudar. Com certeza sei que Joker disse para eles que se algo de ruim acontecesse todos morreriam.
Mas... Mesmo assim... Minha visão continuou turva. Os sons pareciam vir de longe, Joker estava desesperado.
-Eu avisei! -Sacou a arma e atirou nos médicos.
-Não... -Sussurrei, mas ninguém ouviu. Por fim minha visão ficou escura, e eu não sabia mais onde eu estava.
Era uma imensidão negra, como explicar isso?
"Audrey"
Escutei uma voz feminina me chamar, uma voz que me deixou completamente calma.
Olhava em volta até que em minha frente apareceu ela...
"Mãe?!"
"Me desculpe por não estar com você nesse momento especial. Só quero que saiba que eu e seu pai te amamos muito, e que sabíamos que esse dia chegaria pra você, eu não tive a oportunidade de te criar filha, mas nos poucos momentos em que fui mãe eu experimentei a sensação de como é ter um pedacinho de você em seus braços. Audrey, agora está crescida, forte, madura, e sabe o que deve fazer. Você é descendente de Agartha, o seu lugar no trono espera... Lógico, se quiser."
Sua imagem começou a desaparecer.
"Sinto muito por não poder te acompanhar nisso. Eu te amo."
Falou e sumiu bem na hora que eu pensei em abraça-la.
Aos poucos aquele universo negro se quebrou e eu voltei para o que parecia ser onde eu estava de verdade. Abri os olhos devagar.
-Audrey! Audrey! -Joker me beijou, ele estava trêmulo, todos estavam ali, menos os médicos.
-Você os matou. -Disse me referindo aos médicos.
-Isso não importa. -Passava a mão em meu rosto.
Hera e Mulher-Gato se aproximaram.
-É um menino, e uma menina. -Hera disse com um sorriso.
As duas colocaram os bebes em meu colo.
-São gêmeos, mas não idênticos. -Charada deu um pequeno riso.
-Que nome vai escolher? -Mulher-Gato perguntou.
-Ele... Ele se chamará Kieran, ela, Kira.
-Que exótico, porém, bonito. -Hera passou a mão na cabeça de Kieran.
-Deixe-me a sós com ela. -Joker pediu, elas pegaram os bebês e saíram com os outros. -Você se curou sozinha.
Só então notei que não sentia mais dor alguma.
Me sentei com rapidez, e realmente não senti nada, nada de enjoo, nada de dor, e meu corpo estava como antes, como se eu nunca houvesse ficado gravida na vida.
-Precisamos conversar. -Falou sério. -Eu preciso saber se você está mesmo do meu lado.
-O que quer dizer?
-Eu sou um demônio, Audrey. Eu mato por diversão, porque eu gosto, deixo tudo ao meu favor, eu nunca vou mudar. -Disse ríspido.
-Eu esperava que fosse dizer isso...
-Você está disposta a fazer tudo isso por mim? Eu não me esqueci do que você jurou, sobre matar o Batman. -Engoli em seco. -Mas andei pensando melhor, não quero que o mate. Torture. Isso sim é bem melhor. -Pegou em minhas mãos. -Pense em como será maravilhoso nós dois, juntos... Disse que era capaz de tudo por mim.
-Já provei que faria tudo por você. -Falei. -Eu faço o que você quiser. Só não se esqueça... Que temos outro dever além do que você deseja agora.
-Eu vou fazer... De tudo por eles. -Olhou no fundo dos meus olhos. -Pode ter certeza.
-São nossos filhos. -Fiquei rente dele. -Não são qualquer pessoa. Eu não sei como eles vão ser... Mas aceitaremos isso.
-Bom, não posso dizer que vão ter boas influências. -Sorriu maldoso. -Tem outra coisa que eu quero... O experimento que fizemos em mim com seu sangue e não deu certo. Agora vai dar.
-Eu sei. -Me levantei. -Então, vai esperar quando tempo pra isso? Vamos logo.
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