Quase uma hora depois, o sedã preto parou na frente da minha casa, meus irmãos que brincavam no quintal vieram logo correndo na minha direção curiosos, minha mãe saiu também, seus olhos pareciam em brasas, seu rosto parecia ferver, era como se ela estivesse prestes a explodir. Encolhi-me de medo esperando a reação do Styles enquanto ela caminhava na minha direção, quando ela estava a dois metros de mim ele se interpôs sorrindo. Explicou a situação calmamente o que a fez recuar, estando agradecida chamou os dois para entrar cheia de cortesias desnecessárias. Os dois recusaram mas Harry disse que voltaria em duas semanas para me levar ao hospital e encerrar esse assunto, ele sentia que me devia isso.
-Temos uma série de compromissos e alguns shows da nossa turnê, serão os últimos na Inglaterra.- ele complementou antes de ir.
Senti uma onda de alívio por ele ter se recusado a entrar, depois assistimos o carro desaparecer na estrada deserta.
Duas Semanas Depois
O tédio me corrompia aos poucos, a cada dia em casa incapacitada de trabalhar no Butler eu ia me sentindo mais e mais como uma inútil.Infelizmente Jonathan Butler me disse que machucada eu não poderia trabalhar e que quando o meu olho se curasse eu poderia voltar se ele não encontrasse alguém melhor para me substituir.
Não tínhamos o costume de sair, a televisão parecia entediante, então todas as tardes eu caminhava pelos campos ao redor da nossa casa, eu andava e andava até perder a noção de tempo.
Certo dia ao voltar de uma das minhas saídas avistei a vários metros dois sedãs pretos como os de duas semanas atrás, saí correndo desesperadamente, entrei pelos fundos da casa encontrei todos os cinco garotos do One Direction sentados no velho sofá manchado da minha bisavó junto ao seu empresário todos exprimidos tomando chá.Um rubor infernal subiu pelo meu corpo até o meu rosto, o ápice da vergonha, sem saber o que dizer ensaiei um sorriso que saiu como uma careta, um Oi abafado tentava sair por entre a minha garganta fechada,disse apenas um sussurro de comprimento enrolado.
- Victoria, como prometido viemos para te levar ao hospital, é hora de tirar esse curativo. -Harry disse risonho, parecia feliz em me ver.
Assenti agradecida.
-Podemos ir agora?- o empresário perguntou impaciente, um homem alto com sobrancelhas grossas e negras.
Os meninos assentiram se levantando, entramos todos nos carros, por sorte haviam dois. O hospital parecia mais distante do que da última vez, meus irmãos se desviaram junto com o resto do grupo apenas eu, Harrry, minha mãe e o empresário fomos para o hospital.
A sala na qual eu fiquei era igual a da última vez, o médico não demorou para entrar, assim que o avistei um nervosismo e um desespero começaram a surgir em meu interior arranhando-me por dentro e deixando-me inquieta.
-Vamos ver então moçinha...- ele disse remexendo em sua caixa branca, trouxe para mão um tipo de lanterninha de prata, Harry estava à direita e minha mãe a esquerda ansiosos - Como eu disse não sabemos a extensão do dano então quero uma descrição detalhada da sua visão e se o olho está doendo ou te incomodando de alguma maneira.
Assenti enquanto seus dedos habilidosos tiravam as camadas de gaze e esparadrapos do machucado.
-Prontinho...- ele disse jogando os últimos pedaços dos curativos em uma bandeja de prata.
Respirei fundo. Meu olho ainda estava imerso na escuridão, como se ainda estivesse tampado. Os três me olhavam com expectativa, algo como uma descarga elétrica, uma onda de decepção entrou em choque com a minha mente dissipando a realidade ao meu redor: Meu olho não funcionava.Eu estava cega.Cega do meu olho esquerdo, imersa em uma noite profunda e sem estrelas, ainda sentindo a sensação de decepção. Abaixei a cabeça e ao sentir uma lágrima rolando do meu olho bom, cocei o rosto para esconder, levantei o olhar e sorri:
-Perfeito... - respondi por fim a pergunta silenciosa que todos me faziam - meu olho está roxo? Deve estar bem feio a julgar pela cara de vocês. - complementei rindo, mas por dentro não havia graça nenhuma, apenas um rio amargo de angústia na qual eu estava submersa.
O médico se aproximou mas de mim trazendo sua lanterninha, ele me examinava com atenção e desconfiança.
-Está doendo?- ele perguntou experiente.
Assenti.
-Só um pouco dolorido, mas é bem de leve. - respondi.
Minha atuação o convenceu, porque depois de algumas anotações em uma prancheta e uma série de instruções de cuidados ele me liberou.
No caminho de volta para a recepção do hospital, Harry pediu para conversar comigo.
Enquanto minha mãe esperava a receita médica, Harry e eu nos encaminhamos para a entrada do hospital, um lugar vazio onde poderíamos conversar.
-Então Vic, está tudo bem mesmo com você ?- ele perguntou cauteloso.
Assenti, então ele continuou.
-Sua mãe me disse que você foi demitida? - ele perguntou.
-Ela disse? - perguntei retoricamente rindo.
-Eu tenho uma proposta pra você ?- ele disse como uma criança escondendo doce.
- Uma proposta ?
-Sim, bem eu pensei em juntarmos as nossas necessidades uma vez que eu preciso de uma assessora e você está desempregada... - ele respondeu, sua voz parecia ir desaparecendo como se ele deixasse espaço para a minha resposta.
Refleti comigo mesma. Agora cega, Butler nunca ia me deixar voltar e que utilidade eu teria para a minha família? Me aventurar com um desconhecido não parecia uma grande idéia mas quando se vive em uma vida de privações qualquer oportunidade parece ouro.
-Você quer que eu trabalhe pra você?- perguntei resumindo o que ele queria dizer.
Ele assentiu risonho.
-Está bem, quanto você vai me pagar?- perguntei de maneira direta e profissional.
Ele riu.
- O salário vai ser bom não se preocupe mas...
-Mas...?- perguntei depois de sua pausa silenciosa.
-Você vai ter que viajar com a gente.
-Viajar pra onde?- perguntei.
-Pra todos os lugares, e...
-E...?- instiguei Harry a continuar.
-Amanhã...vamos para França.
-França?- perguntei num misto de animação com surpresa.
-Paris.- ele respondeu.
-Paris!!!- repeti levantando o tom da voz com o choque.
Paris- repeti pra mim mesma, saboreando a idéia.
Paris....
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Harry's Girl
FanfictionO que você faria se acabasse se tornando a escrava pessoal de Harry Styles durante um ano? Essa é a aventura pessoal da discreta Victoria Graham, depois de ter sido salva pelo líder da 1D.