t e r c e i r o .

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1994, Brasil.

10 anos

Bernardo sempre gostou de correr no quintal, mas o quintal sempre foi muito sujo e era sempre perigoso. O papai jogava garrafas de bebidas lá, muitas tinham quebrado. Não podíamos ter bichinhos de estimação, papai sempre odiou cachorros e gatos. Uma vez eu levei um hamster, eu tinha ganhado do meu colega, o Jules. Mas papai arrancou ele da minha mão e saiu com a caminhonete, quando voltou, meu animalzinho tinha sumido. Papai nunca disse o que fez. Eu fiquei tão triste.

Uma vez eu chamei a Molly para ir lá em casa. Ela foi. Mamãe ficou feliz. Até papai chegar do trabalho. Ele estava tão bravo naquele dia, Molly ficou assustada. Mas papai não fez nada até ela ir embora. Depois ele me bateu e disse que eu estava levando pessoas desconhecidas lá pra dentro da casa dele e que elas poderiam nos roubar. Papai me xingou e me deixou trancada no quarto o resto do dia e da noite e no dia seguinte. Não fui pra escola. Papai só me soltou depois que chegou do trabalho. Eu passei a noite toda ouvido mamãe chorando, ouvia papai xingando e o barulho dele batendo nela. Eu fiquei com muito medo. E também passei fome, muita fome. Mas papai não me deixou comer quando eu saí do quarto. Ele disse que eu não merecia o jantar que mamãe tinha feito. Fiquei sentada na mesa vendo mamãe, Bernardo meu irmãozinho mais novo, e papai comendo. Mas não pude comer. Só no café da manhã quando papai não estava mais em casa, mamãe pediu desculpa e fez um monte de coisa pra eu comer. E depois papai bateu nela quando descobriu, ele também bateu em mim, mas mamãe o irritou mais e ele me deixou pra bater nela. Bernardo correu para o meu quarto chorando. Ele estava muito assustado, papai bateu tanto na mamãe que ela não acordou no dia seguinte. Ela estava toda machucada e inchada. Papai dissera que ela teve o que mereceu. Mamãe acordou só de tarde, mas não conseguia falar. Eu pedi ajuda para a dona Rosa, a vizinha amiga da mamãe. Papai nunca soube que mamãe tinha uma amiga. Eu chamei ela e ela ficou cuidando da gente até mamãe se recuperar, mas dona Rosa só ia em casa quando papai já tinha saído e ia embora antes dele chegar. Papai achava que eu estava ajudando nas tarefas de casa no lugar da mamãe, eu ajudava, mas não sabia cozinhar. Papai nunca descobriu.

Odiava quando papai bebia, e ele começou a beber muito depois de um tempo. Ele sempre maltratava a mamãe, eu ficava triste. Papai nunca batia no Bernardo, mas nunca falava com ele. Era como se Bernardo nem existisse. Eu ficava feliz, pelo menos papai não iria machucar ele. Bernardo era pequenininho, era mais novo que eu cinco anos, mas era muito esperto!

Teve uma vez que papai chegou bêbado e bravo, mamãe gritou com ele e papai ficou mais bravo. Eles estavam no quarto deles e eu no meu fingindo dormir, mas conseguia ouvir.

— Você tem a obrigação, sua vaca! É minha esposa e quando eu quero tem que querer! — Lembro dele gritando. Eu não tinha entendido nada.

Não! Não pode me obrigar a isso, já chega! Não sou sua escrava! Não pode me obrigar a isso de novo! — Mamãe gritou e eu ouvi um tapa, depois alguém caindo no chão.

Se você não me satisfaz, sua filha o fará no seu lugar — ele gritou e eu fiquei muito assustada. Os barulhos dos passos dele vieram até meu quarto, a porta foi aberta com muita força e papai entrou. Eu me encolhi na cama e ele me puxou, seu cheiro era ruim. Seu rosto me dava medo.

Papai arrancou minhas roupas e depois abaixou sua calça, eu gritei e implorei pra ele me soltar. Sabia o que ele iria fazer, mesmo com pouca idade eu já sabia. Ele fazia isso toda noite com mamãe.

Papai não se importou nem um pouco com meus pedidos. Mamãe apareceu, mas não fez nada, ela só chorou caída no chão e quando papai entrou em mim, ela correu pra fora. Doeu muito, muito mesmo. Preferia que ele me batesse um dia inteiro e me deixasse presa no porão uma semana. Papai me machucou muito. Quando ele terminou eu não conseguia me mover. Ele só me jogou de volta na cama e subiu sua calça e saiu do quarto. Mamãe veio depois e me lavou no banheiro, ela chorou o tempo todo e pediu desculpa. Depois me deu remédio pra dor e água e me cobriu, então papai gritou por ela e ela foi. Não consegui dormir, ainda estava dolorida. Não conseguia tirar as imagens das cabeça.

Na noite seguinte papai voltou, mamãe gritou e disse que faria o que ele quisesse.

— Você já está toda estragada, velha e nojenta. Tenho uma novinha em folha aqui — foi o que ele falou antes de fazer tudo de novo. Eu era tão pequena, não tinha nem peitos ainda, mas mesmo assim ele ficava puxando meus mamilos e mordendo.

E papai novamente me machucou.

Penúltimo, aproveitem para comentar bastante 💜. Esse capítulo foi forte, ainda estou me recuperando 💔.


Kess.

23.03.2017

Mellanie - Lembranças [1° história].Onde histórias criam vida. Descubra agora