Depois de passar horas no avião enfim chego na Califórnia. Quando desço a escada rolante avisto um homem segurando uma plaquinha escrita Charlie Benson.
A princípio penso que pode ser meu pai, até porque depois de anos sem nos vermos não me surpreenderia o fato dele não me reconhecer.
Mas a medida que vou me aproximando vejo que não é ele, e sim alguém que trabalha para ele, um chofer talvez.
- Onde ele está? - pergunto assim que me aproximo do homem enquanto ele pega minha mala com as poucas coisas que tenho.
- Seu pai está em uma reunião de trabalho muito importante. - diz ele em um tom profissional.
Olho ao redor e vejo pessoas chorando, lágrimas de alegria por revê pessoas amadas, lágrimas de tristeza de pessoas se despedindo. E ao observar tudo isso, sinto uma avalanche de sentimentos me esmagando.
Raiva, tristeza e frustração.
- Claro. - digo irônico.
Entramos no carro e ele começa a dirigir, na época da minha mãe não tínhamos sequer uma casa própria, quem dirá um carro de luxo.
E aposto que este não é o único.
Mas o que eu esperava? Que ele fosse vim me buscar e tivéssemos um emocionante encontro de pai e filho?
Que ilusão mais idiota, é óbvio que ele não viria, até porque seus negócios são bem mais importantes que eu.
Meu pai está mesmo conseguindo se superar como o pai mais babaca do século.
Minha mãe morreu e ele sequer se dignou a ir em seu enterro, então o mínimo que ele poderia fazer era vim me buscar na porra desse aeroporto.
- Eu sou Charlie Cooper e não Benson. - digo me referindo a plaquinha que ele estava segurando minutos atrás.
- Mas Benson é o sobrenome de seu pai, e pelo que sei você é filho dele. - ele diz o óbvio como se fosse a maior descoberta dos tempos.
- Eu disse que é Cooper. - digo somente isso e ele apenas assente.
°°°
Chegamos em uma casa enorme de dois andares, o motorista para o carro e em seguida eu desço.
Observo enquanto ele pega minha mala. Tem um jardineiro trabalhando no Jardim ao lado da casa e logo noto todas as rosas que ele está cuidando.
- Pensei que ele morava em um apartamento. - penso em voz alta.
- O senhor Christian vendeu o apartamento e comprou esta casa na semana passada, pois fica mais perto da escola que você irá estudar. - essas palavras ecoam na minha mente e não paro de pensar em como será essa nova escola. - Vamos. - ponho as mãos nos bolsos e começo a segui-lo. Assim que entramos percebo que a casa é ainda maior do que aparenta ser.
O motorista que se chama Joseph me mostrou o resto da casa rapidamente e me guiou até o meu quarto.
Abro a porta e vejo que praticamente toda a decoração é de cor branca.
- Seu pai não soube como decorar, pois não sabia ao certo como você iria querer, então deixou para que você possa decorar a seu gosto. - ele põe minha mala na cama enquanto eu continuo em pé na porta do meu novo quarto.
- Claro que ele não me conhece. - entro e sento-me na poltrona observando todo o quarto.
- O senhor Christian só irá vim para o jantar. - não digo nada.
- Com licença. - Joseph diz e em seguida sai me deixando sozinho, do jeito que gosto de está.
Deito na cama e começo a fitar o teto, pensando na minha vida, nas pessoas que conheço, nas que não estão mais vivas e que agora são meus fantasmas.
Minha mãe está morta junto com seu marido e meu pai está se lixando para mim.
Então volto no passado e começo a pensar na vida que tinha antes, precisamente quando eu tinha sete anos de idade, quando eu tinha um pai e uma mãe que se importavam comigo.
Lembro-me que minha mãe costumava fazer panquecas todas às manhãs, meu pai se despedia dela com um beijo e vinha me dar um abraço antes de ir para seu trabalho.
Eu ia para a escola, me divertia tinha amigos e era feliz. Meu pai voltava à tarde depois de mais um dia de trabalho no seu pequeno hotel, depois do jantar ele brincava comigo e logo após me colocava para dormir.
Mas um dia tudo isso mudou, de repente eles tiveram uma briga que eu nunca soube como e nem porque começou.
Minha mãe arrumou nossas malas e saímos de casa, enquanto meu pai observava tudo pela janela sem fazer nada a respeito.
Depois disso minha vida nunca mais foi a mesma.
°°°
Quando termino de tomar banho alguém bate na porta, abro e vejo uma senhora de meia idade.
- O jantar está na mesa e seu pai deseja vê-lo. - diz ela com um sorriso simpático e logo após se retira
Desço as escadas com minha respiração falhando a cada degrau.
Caminho lentamente até a sala de jantar e o vejo sentado a mesa, vestido em um terno preto e com o olhar distante.
Logo ele nota minha presença e me lança um olhar que não consigo decifrar. Eu permaneço parado com as mãos nos bolsos sem saber o que falar, estou esperando ele quebrar a imensa barreira que existe neste momento entre nós.
- Há quanto tempo Charlie, você está... Crescido. - diz ele.
É só isso?
Ele passa anos sem me vê e quando finalmente estamos frente à frente, é só isso que ele tem a me dizer?
Reviro os olhos e sento-me a mesa.
- Sim estou, as pessoas costumam crescer com o passar dos anos. - digo irônico.
Ele não diz nada.
Olho o homem a minha frente e não o reconheço, apesar de tudo eu tinha uma minúscula esperança que ainda pudéssemos ser como pai e filho algum dia, mas ao vê a frieza em seus olhos, tudo isso acabou.
- Sinto muito pela morte de sua mãe... E de seu padrasto. - meu pai diz depois de alguns minutos.
Olho para ele a procura de algum sinal de qualquer emoção, mas não encontro. Começo a achar que realmente ele é um ser sem qualquer sentimento, ou com o passar dos anos ele aprendeu muito bem a esconde-los.
- Eu também. - murmurei
O resto do jantar continua em silêncio, sinto vontade de falar alguma coisa mas não consigo.
- Suas aulas começarão amanhã e Joseph irá levá-los, vou para meu escritório agora pois preciso resolver algumas coisas, então boa noite. - diz ele enquanto levanta-se e se retira rapidamente.
Olho em volta e me vejo sozinho, então logo saio e subo para o meu quarto.
Deito na minha cama e começo a pensar sobre o dia de amanhã, sem ter a menor ideia do quê esperar.
Fecho os olhos e resolvo dormir, rezando para só dessa vez não ter pesadelos.
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Meu Anjo Azul
RomanceCharlie Cooper é um adolescente que acabou de perder a mãe de uma maneira trágica e agora é obrigado a morar com seu pai, um homem frio e que se importa apenas com seu trabalho. Charlie é um garoto solitário que não vê muito sentindo em sua vida, ch...