Meu Anjo Azul

Capítulo 14

Eu estava na cozinha pegando um pouco de água para mim, enquanto minha mãe cozinhava e fazia tudo que Richard mandava, este que estava mais bêbado do que nunca.

Parece que ele teve um péssimo dia na loja, pelo que pude ouvir dos seus resmungos, a loja que já não ganhava quase nada estava prestes a falir, e como sempre ele está descontando todo seu ódio do mundo em cima da minha mãe e com certeza irá descontar em mim também.

- SUZAN, ONDE ESTÁ A PORRA DA CERVEJA QUE EU MANDEI VOCÊ TRAZER? - ele grita, mesmo não tendo necessidade alguma, já que a sala fica a menos de cinco passos da cozinha.

- Aqui está. - minha mãe entrega junto com o frango que ele também havia pedido e antes mesmo que ela possa voltar a cozinha, ele pega o prato juntamente com a garrafa de cerveja e arremessa com força contra a parede, assustando minha mãe e a mim.

- VOCÊ PENSA QUE EU SOU O QUE PARA COMER ESSA MERDA? ALGUM ANIMAL? - ele grita bem na cara da minha mãe.

- Não, desculpe, vou fazer outro melhor. - ela diz chorando e nesse momento todo o meu sangue ferve, o frango não estava ruim, Richard só queria arranjar uma briga para descontar sua raiva, e ele fazia isso batendo na minha mãe, mas hoje isso não irá acontecer.

- Não mãe, você não vai fazer nada. - digo com raiva.

- O que você disse? - Richard sai de perto da minha mãe e caminha até mim.

- Exatamente o que você ouviu. Quer uma comida melhor? Então faça você mesmo. - desafio.

- Charlie não. - minha mãe súplica em meio às lágrimas. E nesse momento caio no chão graças a um soco de Richard.

Sinto o gosto do sangue na minha boca e antes mesmo que eu possa tentar me levantar, ele me dar um chute no estômago. Merda. Minha mãe grita e parte para cima dele, Richard dar um soco nela e nesse momento sou tomado pela fúria, me levanto e começo a dar socos em seu rosto.

- NUNCA MAIS ENCOSTE UM DEDO NELA! - grito enfurecido, ele me derruba novamente e nesse momento ouço um barulho de algo se quebrando.

- MÃE!
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- Charlie? Charlie acorda! - desperto atordoado com Lucia segurando meu rosto. - Graças a Deus. - ela diz claramente aliviada. - Você está bem? - pergunta ela preocupada.

- Sim, estou bem, só tive... Um sonho ruim. - digo baixo.

- Não foi apenas um sonho ruim Charlie, você estava gritando. - ela diz, e eu apenas abaixo a cabeça em silêncio. - Charlie. - ela me chama.

- Volte a dormir Lucia, desculpe ter te acordado. - digo e volto a me deitar na areia, fecho os olhos na esperança dela esquecer isso.

- Não. Charlie agora é a minha vez de te ouvir, não irei fingir que nada aconteceu, se fosse apenas um sonho ruim, eu até deixaria isso de lado, mas parecia ser muito mais que um sonho. - não digo nada. - Charlie, por favor, deixa eu te ajudar.

Esses malditos pesadelos. Não quero falar disso com ela, não quero falar da morte deles, só quero esquecer aquele maldito dia. Mas se eu quero mesmo que a Lucia confie em mim para contar seus traumas e medos, tenho que confiar nela também.

- Mas se...

- Realmente não é apenas um sonho ruim. - digo a interropendo, esta que logo se cala e me encara profundamente. - São lembranças ruins que acabaram se transformando em pesadelos que me atormentam frequentemente.

- Há quanto tempo você tem eles? - pergunta ela segurando minha mão.

- Faz muito tempo, mas... Eles pioraram depois... Depois da morte da minha mãe. - digo